Fãs criticam escolha de dubladores brancos para Pantera Negra
É impressionante: Pantegra Negra não sai da mídia nem por um minuto. Todo dia é uma notícia diferente, seja em relação aos números bombásticos de bilheteria seja pela repercussão das discussões sobre racismo. A mais recente polêmica diz respeito à escolha dos dubladores aqui no Brasil.
Há algumas semanas foram divulgados os nomes e as fotos dos profissionais responsáveis por simular as vozes de cada um dos personagens da produção da Marvel. Acontece que a maioria deles é branca e isso levantou algumas questões. Será que em um filme em que a representatividade é valorizada o tempo todo os dubladores não deveriam também ser negros (assim como o elenco e a direção)? Ou será que isso não é tão relevante assim no debate?
“Chegaram ao nível de problematizar escala de dubladores num filme com elenco de atores majoritariamente formado por atores negros? Jurava que o que ditava isso era o talento para a arte e o fato da voz combinar com o boneco”, disse um internauta sobre o caso.
“É claro que o dublador precisa ser escolhido pela voz e não pela cor de pele. Ninguém está dizendo o contrário. Mas é fato que a maioria dos dubladores e diretores é sim branco e num país como o nosso isso é sim um problema. Essa reclamação serve para todas as profissões onde há poucos negros, gente. Não vemos negros médicos com frequência, professores universitários negros com frequência nem dubladores negros com frequência. Esses profissionais devem ser escolhidos pela cor de pele? Não. Mas o excesso de brancos nesses setores deve e vai ser questionado até o Brasil se tornar um país com oportunidades mais iguais para todos”, opinou outro.
A discussão foi tanta que Guilherme Briggs, um dos grandes nomes da dublagem no Brasil, escreveu uma série de textos sobre o tema. Para ele, Pantera Negra tem “pessoas das mais diversas cores de pele, incluindo nos bastidores da produção, e é uma grande união de todos os humanos e não de peles”.
A Planeta da Dublagem, página de referência na divulgação de informações da dublagem nacional e internacional, como eles mesmo definem, também resolveu publicar uma nota. No post ela diz que, embora entenda e importância da representatividade em Pantera Negra, a escolha da dublagem costuma ser “feita pela voz e não pela aparência”.
“Muitos negros fizeram teste, sim, pensando nessa questão da representatividade, porém mais uma vez voltamos a questão de a voz combinar com o personagem. Não foi por questões raciais, falta de talento, nada disso. Foi uma escolha profissional, pela voz, porque falamos de dubladores e não dublês! A voz não tem cor e cor não define o talento”, diz o texto.
Além disso, eles citam algumas curiosidades. Afirmam, por exemplo, que haviam três dubladores negros escalados para o longa do herói: Carol Crespo, Marcos Souza e Pierre Bittencourt. Contam também que o profissional Jorge Lucas é negro e costuma dublar vários atores brancos, incluindo Ben Affleck, Mark Ruffalo, Vin Diesel e Johnny Depp.
E aí, o que acham desse debate?
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