‘Fingem que quadrinhos são literatura sofisticada’: comediante critica luto após morte de Stan Lee

  • Por Jovem Pan
  • 18/11/2018 13h04 - Atualizado em 18/11/2018 13h05
Reprodução/ Instagram O comediante apresenta o programa 'Real Time with Bill Maher' na HBO

O apresentador e comediante Bill Maher usou seu blog pessoal para fazer uma dura crítica ao luto generalizado observado nos Estados Unidos após a morte de Stan Lee, na última segunda-feira (12). O texto fala de um transtorno chamado “adulting” no qual adultos se prendem à vida infantil e não conseguem nem “comprar seguro de um automóvel”. Para Maher, os quadrinhos são importantes sim – mas para as crianças, que, quando crescem, devem ler livros de “gente grande, sem figuras”.

O texto causou enorme repercussão na internet e foi considerado insensível por diversos fãs de Lee. Neil Gaiman, autor responsável pela história “Coraline”, por exemplo, saiu em defesa do quadrinista em seu Twitter pessoal. “Maher está apenas trollando e muitas pessoas estão se equiparando ao troll (Julie Burchill fez melhor há 30 anos com a frase ‘Não existem quadrinhos para adultos porque adultos não leem quadrinhos’). Mais pessoas se importam com a morte de Stan Lee do que com Bill Maher estar vivo”, disparou.

Confira o texto de Bill Maher na íntegra:

O cara que criou o Homem-Aranha e o Hulk morreu e os Estados Unidos está de luto. Profundo luto pelo homem que inspirou milhões a, não sei, assistir a um filme. Acho. Alguém no Reddit postou ‘sou incrivelmente grato por ter vivido em um mundo que incluía Stan Lee’. Pessoalmente, sou grato por viver em um mundo que tem oxigênio e árvores, mas cada um é cada um. Agora, não tenho nada contra quadrinhos – eu os leio agora e lia quando criança. Mas a suposição que todos tinham na época, tanto adultos, quanto crianças, era que os quadrinhos eram para crianças. E, quando você crescia, você passava para os livros de gente grande, sem figuras.

Mas, de 20 anos para cá, alguma coisa aconteceu – adultos decidiram que não queriam largar as coisas de criança. E, então, fingiram que quadrinhos são literatura sofisticada. E, como os Estados Unidos têm mais de 4,5 mil faculdades – o que significa que precisamos de mais professores do que temos de pessoas inteligentes -, alguns idiotas se tornaram professores escrevendo teses com títulos como ‘Otherness and Heterodoxy in the Silver Surfer’ [Alteridade e Heterodoxia no Surfista Prateado, em tradução livre]. E, agora, quando adultos são forçados a fazer coisas de adultos, como comprar seguro de um automóvel, eles chamam de ‘adulting’ e agem como se fossem uma luta enorme.

Não estou dizendo que necessariamente nos tornamos mais idiotas. A média dos Joe é mais inteligente em vários aspectos do que quando ele estava, digamos, nos anos 1940, quando uma boa noite envolvia um curta dos Três Patetas e um musical da Carmen Miranda. O problema é que estamos usando nossa inteligência em coisas estúpidas. Não acho que seja exagero dizer que Donald Trump só conseguiria ser eleito em um país que pensa que quadrinhos são tão importantes.

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