“Não houve tempo para instrospecção”, diz Plummer após substituir Spacey
Recrutado de última hora para atuar em cada uma das cenas de Kevin Spacey no filme “Todo o Dinheiro do Mundo”, de Ridley Scott, o ator Christopher Plummer brincou ao dizer que “não houve muito tempo para a instrospecção” durante as gravações emergenciais.
“Só tínhamos nove dias para gravar e peguei o roteiro dois dias antes de começar a filmar. Então não houve muito tempo para instrospecção ou longos debates”, afirmou Plummer à imprensa em Los Angeles.
“O desafio foi me lembrar do roteiro, não a preparação no sentido de longos dias de pesquisa. Embora acredite que não haja muita pesquisa sobre Jean-Paul Getty, ele era muito solitário. Era um homem estranho”, disse o ator sobre o magnata que interpreta no filme.
Aos 88 anos, Christopher Plummer se tornou um dos artistas mais procurados em Hollywood após ser chamado para substituir Kevin Spacey, cuja reputação foi por água abaixo após ser acusado de assédio sexual.
Prevendo que o escândalo arruinaria por completo o longa-metragem, Ridley Scott e os estúdios Sony tomaram uma decisão no começo de novembro, quando o filme já estava terminado: apagar Spacey, gravar tudo de novo com Plummer e conservar a data de estreia nos Estados Unidos para 25 de dezembro. O filme chega aos cinemas brasileiros em 25 de janeiro de 2018.
A missão contou com a participação de todos os atores e atrizes do projeto, desde Michelle Williams a Mark Wahlberg, e finalmente o filme chegará a tempo às telonas, inclusive com os aplausos da crítica e três indicações para o Globo de Ouro, com Plummer como melhor ator coadjuvante.
Apesar de toda a animação a respeito do projeto, Plummer foi a Los Angeles com aparente tranquilidade, com voz grave e serena, como se tivesse acabado de passar por uma gravação convencional, embora nem tenha tido tempo de assistir ao filme pronto.
“(Spacey) é um ator muito talentoso, extremamente talentoso”, respondeu com elegância Plummer sobre sua opinião a respeito de Spacey, antes de acrescentar que não quis ver nenhuma cena anteriormente gravada pelo colega.
“Não queria ser influenciado de forma alguma. Queria ser eu mesmo, queria que fosse a minha atuação e a minha interpretação”, argumentou.
No novo filme Plummer interpreta Jean Paul Getty, um dos homens mais ricos do século XX e que causou uma enorme controvérsia quando, após saber do sequestro do neto na Itália, se negou pagar um centavo sequer para pagar o resgate.
“Ele certamente sentia paixão pelo seu neto, era genuína. Acho que não pagar foi uma atitude muito inteligente, de fato. Por mais horrível que soe, tinha outros netos com os quais se preocupar”, opinou o ator sobre o medo que Getty sentia diante da possibilidade de o mesmo acontecer com os outros netos caso pagasse o resgate.
Ganhador do Oscar de melhor ator coadjuvante por “Toda Forma de Amor” (2010), Plummer disse que no teatro são habituais as substituições repentinas e diminuiu a importância de ter feito o mesmo esforço no filme.
“Como já desejava trabalhar com Ridley há anos e nunca consegui, me emocionei quando tive a oportunidade. A outra coisa era se eu gostaria do roteiro. Mesmo que não gostasse, trabalharia com ele. Mas gostei e disse rapidamente que sim”, lembrou.
“E Ridley estava maravilhoso. Preparou tudo tão profissionalmente, tão bem, tão organizadamente. Tudo estava adaptado para mim, então me senti muito mimado”, relatou.
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