‘Não zoo a vida do cego, zoo o que as pessoas falam para ele’, diz Jeffinho Farias
Sucesso de “A Praça É Nossa”, o comediante Jeffinho Farias é deficiente visual desde os 11 anos e faz questão de tirar muito sarro disso em seus shows de humor e na TV. Entretanto, ele explica que não faz piadas com a vida de quem tem deficiência. “Eu não zoo a vida do cego, zoo o que as pessoas falam ao cego”, disse o humorista em entrevista ao Pânico, nesta segunda-feira (26), que também recebeu Mateus Ceará.
O comediante contou que as coisas que acontecem com os deficientes visuais no dia a dia é uma das piores partes da deficiência. “Existe muito cego revoltado por muita coisa que a gente passa na rua”, falou Jeffinho, lembrando que já chegou a ser roubado por uma pessoa que estava supostamente o ajudando na rua. Por outro lado, tem gente que quer ajudar os deficientes mesmo quando eles não precisam. “Às vezes você não precisa de ajuda e o cara insiste em te ajudar”, disse.
Para o humorista, mais importante do que acessibilidade aos deficientes é a inclusão deles na sociedade. “O mais importante é a acessibilidade das pessoas, o diálogo das pessoas”, afirmou. “Não é a ausência de uma rampa que vai fazer as pessoas não incluírem os deficientes.”
Humor
Falando sobre as várias piadas que faz com o dia a dia dos deficientes visuais – e com suas próprias dificuldades -, Jeffinho discorda que ele tenha carta branca para fazer humor sobre o assunto só porque ele faz parte do grupo. “Eu acredito que qualquer um pode fazer piada sobre qualquer coisa”, disse. “Às vezes escrevo piadas para os outros me zoarem”, falou sobre seu trabalho na “Praça”.
No entanto, ele admite que há muito preconceito disfarçado de piada. “Existe uma linha tênue quando a piada não é mais piada”, ressaltou. “Quando você faz uma piada que limita a pessoa, aí pode ser considerado uma discriminação”, disse o humorista.
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