Protagonista de nova série da HBO diz que faltam papeis para negros: ‘Fico triste’

  • Por Amanda Garcia/Jovem Pan
  • 02/08/2019 07h00 - Atualizado em 02/08/2019 07h01
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Divulgação/Netflix Luis Navarro é o protagonista de "Pico da Neblina"

O que aconteceria com um traficante de São Paulo, que vende maconha majoritariamente para “playboys”, que sustenta sua mãe, irmã e sobrinhas, caso houvesse legalização da droga no Brasil? É essa premissa de “Pico da Neblina”, série da HBO que estreia em 4 de agosto.

Luis Navarro, estreando como protagonista, é o Biriba, traficante que resolve tentar montar uma loja especializada na venda de maconha – mas que se vê em meio a problemas por um passado de crime.

O ator, em entrevista exclusiva ao Direto do Freakpop, da Jovem Pan, defendeu a proposta da trama e ainda traçou um panorama sobre o mercado para atores negros.

Navarro contou que foi “algo novo” em sua carreira fazer um papel desse porte e que “pela primeira vez teve voz”. “A gente está ganhando oportunidade com personagens negros, mas falta muito ainda, Pico da Neblina é uma exceção, fico extremamente entristecido quando vejo uma série e só [há negros] figurantes, uma Bahia branca”, lamentou.

Ele fez questão, no entanto, de explicar que o seu personagem foge do estereótipo – algo que ele lutou com a produção para conquistar. “O Biriba é diferente. Pensei, que merda, fazer um traficante, mas ele é um cara não-estereotipado, no roteiro ele não havia estudado e eu questionei, por que ele não fez faculdade e teve que trancar porque o pai morreu? Por isso que tem esse lado de ter os boys como cliente.”

Luis quis trazer o esse ingrediente, justamente, para “humanizar as pessoas da periferia”, apesar de ser o “vilão”. “Acho louco quando escuto as pessoas falando que não existem atores bons negros”, confessou.

A trama 

O ator reconhece que o assunto maconha é um tabu e, por isso, espera que nem toda reação à série seja positiva: “Tratando-se de brasil, sempre vai ter quem critica sem nem ver”.

Luis defende que a trama “não é uma apologia à droga”. “Quem na Califórnia vai ver, não tem novidade, lá é legalizado, o que pega para eles é as relações pessoais, os dramas, trata-se de uma família negra, de uma forma inédita de terem voz, mãe, irmã, a droga é um plano de fundo.”

O ator ainda contou a análise do diretor geral da atração: “O Quico [Meirelles] brinca que é um exercício de futurologia, eles imaginaram diante daquelas informações de outros países, é uma troca de ideia, é uma série muito inédita”.

Sem dar spoiler, o protagonista prometeu que, ao longo dos episódios, há uma escalada de “intensidade e drama, sem perder as pitadas de humor”.

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