Vera Fischer vive o próprio Lúcifer na peça “Ela É o Cara”
Se não há piscina ou praia que diminua o calor desta época do ano, refrescar a memória pode ser uma solução. Foi essa sensação provocada pela foto de Vera Fischer em sua conta no Instagram. “Nesse calorão que está o Rio, fiquei com saudades de me jogar na banheira com minha ‘filhota’.” Ao lado da atriz Carolina Dieckmann, as duas aproveitavam os bons tempos da novela Laços de Família. Mas não é só o Rio que continua quente, o inferno também e é de lá que Vera vem na comédia Ela É o Cara, que estreia nesta sexta-feira, 6, no Teatro Folha.
Antes de aportar na capital, a montagem enveredou pelo Nordeste, em apresentações por diversas capitais, conta o ator Edson Fieschi, que interpreta um terapeuta um tanto picareta. “Ele busca atender apenas personalidades. Quanto mais famosa, melhor ”
Em tempos de Dr. Rey, o cirurgião de celebridades dos EUA, o ator conta que há diversas pessoas que buscam em suas profissões atender gente famosa e ganhar fama com isso. É o caso de seu personagem. Na peça dirigida por Ary Coslov, a vida de Gilberto Fonseca está por um triz. Isso porque o seu último cliente, um MC do funk, não conseguiu lidar com questões da própria existência e acabou cometendo suicídio. A repercussão é extrema. “Ele fica confinado no alto de um prédio em seu consultório porque a mídia está louca para entrevistá-lo e as pessoas estão revoltadas”, conta.
No desespero, Gilberto oferece sua alma ao diabo. E o presente será aceito de muito bom grado. Com a passagem de acesso ao consultório bloqueada, surgirá, vindo das profundezas, o cara. Para surpresa do terapeuta, quem aparece é apenas Vera Fischer. “Ele nada sabe, fica acreditando que a sorte mudou e agora ele vai atender uma atriz famosa e conhecida. Sua vida vai melhorar”, explica Fieschi, que codirigiu Vera ao lado de Coslov no espetáculo Relações Aparentes, que passou pela cidade em 2015 O próximo projeto seria a montagem de Doce Pássaro da Juventude, texto de Tennessee Williams que a atriz sonha em montar.
Enquanto isso, viver o diabo será sua missão, que ela diz ser uma delícia. “Eu posso ser eu mesma e também o diabo.” E nada de ser uma versão feminina do dono do inferno. Ela explica que a personagem se identifica no masculino. Tudo para causar uma confusão na cabeça do terapeuta e da plateia. No texto de estreia de Marcio Araújo e Andrea Batitucci para o palco, a confusão é muito bem-vinda. “Primeiro, ele pensa que sofro de algum transtorno de identidade”, conta Vera. Portanto, saber que ela é o diabo faz toda a diferença. “No início, pensamos em não revelar o segredo”, afirma Vera, “mas algumas piadas iriam se perder.”
Ela explica que, apesar de o texto ter sido feito para ela, não há referências de sua carreira, nem vida pessoal. “Nós só combinamos respostas que tanto o diabo quanto eu daríamos”, ela diz com tranquilidade. Em uma delas, o terapeuta questiona de onde ela veio. “De lá de baixo, ora.” Surpreso, ele também quer saber como as pessoas estão. “Olha, tem muita gente lá, mas digo que muitas ainda vão descer.” Em outra cena, o diabo e Vera compartilham o mesmo temor. “Tenho medo de não ser mais reconhecida, de andar pelas ruas e ninguém lembrar quem eu sou.” Uma forma de atenuar esse sentimento foi a criação de sua conta no Instagram. Apesar de resistir – “Não gosto muito dessas coisas” -, Vera aceitou o conselho e compartilha, entre memórias de sua carreira, sua paixão por tirar fotos tendo como fundo paredes decoradas. “Minha equipe criou a conta porque meus fãs querem me acompanhar mais de perto.”
E tão de perto que nesta semana, Vera conta uma doce surpresa que recebeu. Após as apresentações da peça no Nordeste, a rotina de fins de semana em diferentes teatros deu lugar ao descanso em um lugar fixo. “Pode ser muito mais cansativo do que fazer novela, mas no palco eu estou mexendo o corpo e sendo vista por inteiro.”
Bastou isso para que os fãs procurassem surpreendê-la. “Pelo Instagram, eles pediram o endereço de alguém da minha equipe para enviar um presente.” Antes de se preparar para as fotos, ela conta que a surpresa chegou naquela manhã. “Havia diversas cartas e muitas bijuterias! Eu fico muito feliz que meus fãs lembrem de mim.” O inferno agradece.
ELA É O CARA
Teatro Folha. Av. Higienópolis, 618. Tel.: 3823-2323. 6ª, 21h30, sáb., 20h, 22h, dom., 20h. R$ 50 / R$ 70. Até 26/2.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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