Versace abre Semana de Alta Costura de Paris com assimetrias descontruídas
Mercedes Álvarez.
Paris, 6 jul (EFE).- A Semana de Alta Costura de Paris, que traz as coleções mais requintadas para o próximo outono-inverno, foi oficialmente inaugurada neste domingo com as assimetrias descontruídas de Versace, os volumes cuidadosos de Stéphanie Coudert e as cascatas de lantejoulas de Fred Sathal.
Na abertura da semana de uma das mais renomadas passarelas, as três coleções apresentadas dentro do calendário oficial foram criadas por mulheres, uma coincidência que não costuma ser habitual nesta espécie de Meca da moda.
Donatella Versace combinou o armário feminino com o masculino ao transformar um traje de jaqueta em um modelo com decote tomara que caia, além de recorrer aos espartilhos e confeccionar um vestido de noite com uma única “perneira”.
Os voos de descontrolado volume das saias definiram os modelos de gala de uma coleção baseada nas assimetrias, nas superposições e nos jogos de imprevisíveis aberturas.
O primeiro dia também evidenciou a primeira estrela da semana, a cantora e atriz Jennifer López, que compareceu ao desfile de Versace nos salões da câmara de Comércio de Paris, situado nos arredores do Arco do Triunfo.
A poucos metros deste local ocorria o desfile de Stéphanie Coudert, uma modista francesa que retornou à semana da Alta Costura com uma coleção de alma medieval.
“Estou muito feliz”, exclamou a estilista à Agência Efe após um desfile muito particular para ela, já que significou seu retorno a este exigente palco, após ter trabalhado durante anos na intimidade de seu espaço de Belleville, um bairro popular e boêmio, onde confeccionava trajes sob medida.
“Éramos apenas quatro no princípio”, explicou Coudert ao ressaltar essa transformação, ocorrida desde que o proprietário de uma oficina de moda especializado no “saber fazer tipicamente parisiense” entrou em sua boutique.
Eles começaram a colaborar, e Coudert se deu conta rapidamente das perspectivas que se abriam diante de si e, por isso, solicitou a readmissão de sua grife no calendário.
Seguindo os conselhos deste empresário, a estilista se entregou aos volumes e confeccionou uma coleção inspirada na rainha Leonor de Aquitânia, “uma mulher forte que escolheu seu próprio destino”.
As formas arredondadas, principalmente nas partes de montante, elevaram uma silhueta que era recoberta de selecionados detalhes de lã e contundentes cores do passado.
O primeiro desfile realizado na câmara Sindical da Alta Costura foi a da modista francesa Fred Sathal, quem fazia oito anos que não se apresentava sob estes exclusivos focos.
Como artista plástica que experimenta a moda, ela conseguiu levar algumas das peças confeccionadas ao longo de sua trajetória para diferentes museus franceses.
Os desenhos que revelou hoje em um pátio coberto do bairro de Le Marais deram uma mostra do imenso trabalho que requer elaborar uma destas peças.
As lantejoulas, as circunferências de diferentes tamanhos e as formas marcadas se ajustam de mil maneiras para recobrir vestidos, fluir pelos detalhes e se confundir com colares.
No circuito “off”, o destaque ficou com o costureiro indonésio Didit, que evoluiu nos contrastes, entre as peças fluentes e as estruturadas, e propôs uma paleta invernal dominada por azuis e verdes.
A segunda jornada da Semana de Alta Costura será aberta com Elsa Schiaparelli e contará com a última coleção da Christian Dior assinada por seu diretor artístico, Raf Simons. EFE
mas/fk
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