God Of War volta com tudo e acerta ao se atualizar sem se esquecer do passado

  • Por Adriano Sarafim
  • 03/05/2018 12h11
Divulgação Kratos God Of War O jogo foi lançado em 20 de abril, exclusivamente para PS4

God Of War sempre foi uma das minhas franquias preferidas. Acompanhei o nascimento e crescimento do mito de Kratos desde o seu primeiro jogo, lançado no longínquo ano de 2005, para o saudoso PlayStation 2. Naquela época fiquei impressionado pela jogabilidade visceral e sanguinária, com o espartano utilizando diversas formas de acabar com seus inimigos.

Depois dos eventos catastróficos e o final em aberto de God Of War III, mais nada sobre a história principal do Fantasma de Esparta foi dita. O prequel “Ascension” de 2013 não conseguiu cativar os fãs como era esperado e o Santa Monica Studio viu que era o momento de realizar grandes mudanças e atualizar a franquia.

Após pelo menos três anos de produção, God Of War chegou ao PlayStation 4 recheado de novidades, a começar pela sua história, que saiu da Grécia e avançou para a mitologia nórdica, envolvendo deuses como Odin e Thor. Outra grande mudança aconteceu em sua jogabilidade, que buscou ser mais tática do que um mero apertar de botões.

Todo esse pacote só fez com que o mais novo jogo da série se tornasse um verdadeiro marco, conquistando o status de potencial jogo do ano por conta de sua qualidade em todos os aspectos.

O bom de guerra está de volta!

Todos nós ficamos nos perguntando por anos: o que aconteceu com o corpo de Kratos após ele cravar a Blade Of Olympus em si mesmo e praticamente sangrar até a morte? Será que o deus da guerra havia perecido? Isso tudo foi respondido apenas nesse ano, em God Of War.

O anti-herói sobreviveu e migrou para as terras nórdicas, construindo uma família com sua esposa Faye e criando o seu filho, chamado Atreus, longe de toda a violência que já foi a sua vida no passado. Mas quem esperava que essa paz fosse durar por muito tempo?

Após a morte de sua esposa, Kratos e Atreus decidiram realizar o seu último desejo: levar suas cinzas para o ponto mais alto dos reinos. É nesse ponto que começa a aventura do deus da guerra da Grécia e seu filho, que não faz ideia do sangue que possui.

Kratos

O Fantasma de Esparta recebe a visita de uma figura poderosa, que o procura para confirmar que um deus forasteiro estava caminhando por Midgard. Baldur, filho de Odin e irmão de Thor, é quem aparece para testar a força de Kratos e também buscar sentir alguma dor na batalha.

Vendo que está colocando seu filho em perigo, o espartano decide viajar com o jovem, mesmo que ele não esteja pronto para encarar as ameaças que certamente surgiriam em sua jornada até o pico mais alto.

Com muito mais diálogos e uma história mais emocional, God of War trabalha a relação entre Kratos e Atreus. Sempre de cara fechada e de poucas palavras, o deus não consegue expressar seu carinho pelo seu herdeiro, que acaba se sentindo rejeitado pelo pai. A jornada serve também como uma forma de os dois se conhecerem melhor, entenderem os sentimentos que levam em seus corações.

Nova jogabilidade agrega a experiência

Se você estava acostumado com o hack ‘n slash frenético dos jogos anteriores de God Of War, você certamente se sentirá por fora com o novo capítulo da franquia. Como o diretor Cory Barlog já havia comentado, a nova jornada de Kratos agora possui uma jogabilidade mais tática, acabando com o mero apertar de botões.

Kratos agora utiliza um machado para combater seus inimigos. Recolhendo itens pelo caminho, os jogadores poderão fazer upgrades no armamento do herói, além de melhorar as suas armaduras. Atreus também é uma peça importante nessa história e serve como uma grande ajuda para o pai durante os combates.

O espírito de colaboração entre os dois é um dos pontos mais altos de God Of War. Em muitos momentos é importante saber utilizar as habilidades do jovem deus para facilitar a vida de Kratos durante os combates. Com a evolução de Atreus, as possibilidades ficam ainda melhores, como flechas que deixam os inimigos atordoados.

Kratos e Atreus

Os inimigos aparecem de todos os lados e é bom sempre estar atento para não ser golpeado de surpresa. Além de uma seta indicando algum ataque pelo ponto cego, Atreus sempre avisa quando há algum monstro nas costas do pai. É importante estar atento ao diálogo ao meio da briga.

Liberar as habilidades de combate e escolher e incrementá-las ajudará demais em batalhas recheadas de adversários, ou mesmo contra alguns mais complicados. Saber escolher bem a habilidade especial para certas batalhas contará muito para uma vitória suada e satisfatória.

God Of War, pela primeira vez, dá a oportunidade de os jogadores explorarem o mapa. Kratos e seu filho viajam pelas regiões de Midgard, atravessando o grande oceano para conferir outras regiões, sempre recheadas de puzzles e itens que ajudam na evolução das armaduras e armas.

Quebrar a linearidade do jogo foi uma decisão acertada, uma grande tendência dos jogos da atualidade. Oferecer um mundo aberto e cheio de possibilidades agregou demais à experiência. Nesse meio, os diálogos entre os personagens também agrada demais. É engraçado ver Kratos contando histórias trágicas para o seu filho enquanto caminham pelas dezenas de ilhas.

Não é mais um monólogo de Kratos

Em God Of War, Kratos pela primeira vez interage com outros personagens que vão o ajudando durante a sua jornada. Nos outros jogos, o Fantasma de Esparta agia sozinho e nunca teve uma proximidade com ninguém além de seu irmão Deimos, de Ghost Of Sparta.

No game para PS4, os jogadores puderam ficar próximos dos anões Brok e Sindri, irmãos que não se dão muito bem, mas que ajudam Kratos a melhorar suas armas e armaduras. A dupla solta algumas missões essenciais para conseguir um desempenho aprimorado do machado e de outra arma que é utilizada no caminho.

Mimir God Of War

Interagir com Brok e Sindri também gera muita diversão. O primeiro é uma pessoa turrona e com tiradas grossas, mas que me divertiram muito durante toda a campanha. Já o segundo tem como sua principal característica o nojo de tocar em coisas viscosas. Quem não riu com o anão tendo nojo em segurar o machado de Kratos?

Além dos anões, outro que foi uma grande adição na trama foi Mimir, a pessoa mais sábia entre os deuses. Aprisionado por Odin, o coadjuvante pede para que Kratos corte a sua cabeça para assim, seguirem juntos na jornada até o pico mais alto dos reinos. Com muito conhecimento, Mimir possui diálogos interessantes sobre a história de Odin e outros deuses nórdicos, além de ser muito bem-humorado.

Contar com esse trio deixou as viagens muito mais leves e interessantes, expandindo o universo da franquia muito além da simples matança.

Melhor jogo da franquia disparado

God Of War é sem dúvidas o melhor jogo da franquia. A história é muito bem desenvolvida e vai ganhando aguçando a curiosidade dos jogadores, que vão vendo que tudo é muito maior do que uma simples jornada para realizar o último desejo de Faye.

Para quem ficou preocupado com as grandes mudanças, não precisa pirar. O passado de Kratos não foi esquecido e ele é um fato central na história com Atreus. Algumas aparições especiais de personagens da primeira trilogia também acontecem, mas incluir a mitologia nórdica fez bem demais para renovar a série.

Dar a chance de Kratos e Atreus explorarem Midgard e outros reinos também tornou o jogo muito melhor e interessante, fazendo com que os jogadores tenham algo a mais do que seguir um caminho linear e com um fim certo.

God Of War

Os diversos puzzles espalhados pelo mapa, o grande número de sets de armaduras e a busca de itens essenciais para atualizá-los colocam um desafio a mais para quem busca ter os melhores itens do jogo.

Com um final eletrizante, God Of War fica aberto para se expandir ainda mais, seja continuando a história de Kratos ou passando o bastão para Atreus, que tem muito a se desenvolver ainda no futuro.

O deus da guerra voltou com tudo e provou que a coroa do PlayStation ainda pertence a ele.

Nota: 10

História cativante e cheia de reviravoltas

Mudança positiva na jogabilidade

Gráficos estonteantes

Relação com Atreus nos combates é interessante

Adição de personagens secundários com importância

Mundo aberto a ser explorado

Grande número de armaduras

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