116 anos, nenhum título: novo vice amplia sina e ratifica “eterna seca” da Ponte

  • Por Jovem Pan
  • 04/05/2017 15h45

Ponte Preta nunca foi campeã na elite do futebol profissional

Alê Cabral/Agif/Estadão Conteúdo Ponte Preta nunca foi campeã na elite do futebol profissional

Superada pelo Corinthians na decisão do Campeonato Paulista, a Ponte Preta não saiu de Itaquera insatisfeita apenas com o vice-campeonato estadual. O empate do último domingo também foi lamentado porque ratificou uma sina que persegue o clube desde a sua fundação: em 116 anos de história, a Ponte nunca foi campeã.

O fato, relembrado insistentemente por bugrinos e rivais da capital, é bastante contestado por torcedores da Macaca: segundo eles, a Ponte já ganhou duas Copas São Paulo de Futebol Júnior (1981 e 1982), dois títulos do interior (2009 e 2013) e uma taça da segunda divisão estadual (1969).

A verdade, no entanto, é que o clube de Campinas nunca faturou um título de expressão na elite do futebol profissional. O trauma é grande e, ao longo do tempo, foi alimentado por seguidos vice-campeonatos: foram sete no Campeonato Paulista (1929, 1970, 1977, 1979, 1981, 2008 e 2017), dois na Série B do Campeonato Brasileiro (1997 e 2014) e um na Copa Sul-Americana (2013).

De acordo com João Ricardo Cozac, presidente da Associação Paulista da Psicologia do Esporte, essa “eterna seca” da Ponte certamente pesou para mais uma derrota em final, no último domingo, em Itaquera. Em entrevista exclusiva a Bruno Prado, para a Rádio Jovem Pan, o psicólogo do esporte comparou a situação da Macaca com a da Seleção Brasileira, que demorou muito tempo até ganhar a sua primeira medalha de ouro olímpica no futebol. 

“O caso da Ponte pode ser explicado pelo triângulo da preparação esportiva. Um vértice é a parte física; o outro é a parte técnica; e a base é a parte mental, emocional. A meu ver, e à distância, é claro, existe um fantasma que mora no Moisés Lucarelli e que habita o inconsciente institucional da Ponte Preta. Mais ou menos como acontecia com a Seleção Brasileira nos Jogos Olímpicos“, avaliou. 

Este peso, de acordo com a ex-psicóloga da Seleção Brasileira Suzy Fleury, manifesta-se com mais força nos momentos decisivos – o que pode explicar os dez vices da Ponte. “Nas fases mais críticas, a dobradinha ‘importância da partida-incerteza do resultado’ tem mais poder sobre os jogadores. Então, como as equipes que chegam a uma final são muito parecidas tecnicamente, o que costuma decidir é o fator emocional”, explicou.

Segundo Cozac, a fragilidade emocional da Ponte Preta deve ser trabalhada por um profissional da psicologia – e não por um treinador, dirigente ou palestrante. “Quem trabalha com fantasma inconsciente não é treinador, cartola, palestrante… E sim o psicólogo do esporte. E não é de uma hora para outra. Mudar comportamento exige tempo. Acho que a Ponte Preta pecou nisto“. 

Se vo não tem um profissional da área da psicologia para romper os traumas do passado e criar um novo comportamento nos atletas e na comissão técnica, a tendência é que este modelo se repita frenética e neuroticamente. Não adianta apostar em técnicos e motivadores se você não olhar para a ciência, para a psicologia do esporte“. 

Após ficar em outro “quase”, a Ponte tem mais duas chances de conquistar um título em 2017. Já eliminada da Copa do Brasil, a equipe de Campinas vai disputar o Campeonato Brasileiro e a Copa Sul-Americana. Se nenhuma taça for erguida, o número de anos da seca vai subir para 117.

Até quando esta conta vai aumentar?

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