20 anos sem Escobar, o colombiano que viveu e morreu pelo futebol

  • Por Jovem Pan
  • 02/07/2014 14h43
Reprodução/Twitter Federação Colombiana de Futebol homenageia Andres Escobar em sua conta no Twitter

Nesta quarta-feira, dia 02, faz 20 anos que morreu tragicamente assassinado um dos melhores Camisas 2 da história da seleção colombiana de futebol: Andres Escobar, conhecido por seu estilo de jogo seguro e elegante como “Cavalheiro do Futebol”.

O zagueiro, tanto jogando pelo país quanto pelo clube Nacional de Medellín (que, junto com o América de Cali, era a base da seleção), fez parte de uma das gerações mais vitoriosas (até a Copa atual) e aclamadas do futebol da Colômbia. Escobar atuou ao lado de nomes como Valderrama, Rincón, Leonel Alvarez, Gomez, Asprilla e Higuita.

O final trágico e precoce da carreira de Escobar, ceifada junto com sua vida aos 27 anos, contrasta com um surpreendente e vitorioso início. Apenas um ano após estrear entre os profissionais, Escobar ganhou o título mais importante do continente. A Libertadores da América foi a primeira do futebol colombiano e, ainda hoje, é a única da história do Club Atlético Nacional de Medellín, que, além do camisa 2, contava com o goleiro Higuita, o companheiro de zaga e de seleção Perea, Herrera, além dos meias Pérez, Álvarez, García e Arango, e os atacantes Tréllez, Aspilla e Aristzábal.

Escobar foi convocado cedo para o esquadrão colombiano que se formava sob o comando de Maturana. O defensor teve seu momento de herói em 1988 quando fez de cabeça seu único gol pela Colômbia diante da poderosa Inglaterra, em pleno estádio de Wembley, em um torneio amistoso que terminou empatado – 1 a 1. No dia de glória, Escobar tinha apenas 21 anos e disputava seu quinto jogo pela seleção, no segundo ano como profissional.

Após 28 anos, a Colômbia de Escobar voltava a disputar uma Copa do Mundo em 1990 e, na primeira fase, arrancou um empate com a Alemanha Ocidental, que viria a ser campeã do torneio. Mas nas oitavas, o país foi desclassificado por Camarões na prorrogação. Se o Camisa 2 tivesse recebido a bola na esquerda de Higuita, o “louco” arqueiro colombiano que saía da área e por vezes atuava como líbero, talvez o país sul-americano avançasse no torneio. Mas Higuita tentou o drible e perdeu a bola para Milla, que decretou a eliminação colombiana.

Na Copa seguinte, de 1994, Escobar teve sua carreira manchada e encurtada por causa de um gol contra na partida contra os anfitriões americanos. A Colômbia precisava vencer para seguir na competição após perder o primeiro jogo para a Romênia, mas os Estados Unidos fizeram o segundo gol da vitória de 2 a 1 em infelicidade de Escobar. John Harkes cruzou para o meio da área e o “Cavalheiro” se atirou na bola para evitar que ela chegasse a outro americano, mas acabou desviando para o próprio gol, surpreendendo o goleiro Óscar Córdoba no contrapé.

Foi o único e fatídico gol contra da carreira do defensor, que ajudou a eliminar uma badalada seleção colombiana classificada para o Mundial em primeiro e invicta (quatro vitórias e dois empates) nas eliminatórias, no grupo da Argentina – que passou na repescagem.

Catorze dias depois do gol contra, Andres Escobar foi alvejado com 12 tiros após uma discussão no estacionamento de uma discoteca de Medellín. Uma das teses mais prováveis é a de que o assassino Humberto Muñoz Castro, motorista ligado ao tráfico, foi enviado por apostadores colombianos que haviam perdido muito dinheiro com a eliminação prematura e inesperada da seleção.

Sem poder se defender, o zagueiro teve sua vida interrompida junto com o sonho de um país de conseguir um título na Copa, ambos precocemente. A indignação com o assassinato do ídolo do Nacional de Medellín, no entanto, levou mais de 100 mil pessoas às ruas para seu funeral. Ali terminava uma história digna das emoções típicas de um campo de futebol, onde heroísmo e tragédia se misturam.

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