Acredite: ela tem 40 anos, é mãe de duas meninas e… vai disputar a Rio-2016

  • Por Jovem Pan
  • 07/03/2016 15h23

Camila Pedrosa (touca branca) é um exemplo de mulher batalhadora no esporte

Satiro Sodré/SSPress/Divulgação Camila Pedrosa (touca branca) é um exemplo de mulher batalhadora no esporte

É possível ter 40 anos, ser mãe e disputar o maior evento esportivo do planeta? É sim, senhor. E a prova viva disto está no Brasil. Camila Pedrosa é o ponto fora da curva de um dos esportes mais intensos do planeta. Com quatro décadas de vida e duas filhas para criar, ela vai defender a Seleção Brasileira feminina de polo aquático nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto deste ano. 

Camila Pedrosa conversou com o repórter Felipe Motta para o Domingo Esporte, da Rádio Jovem Pan, e contou detalhes de sua vida. Ela é mãe de duas meninas, uma de três e outra de nove anos, e, nos últimos meses, tem alternado a cansativa vida de dona de casa à de atleta. Camila ficou quatro temporadas parada, cuidando das filhas, e voltou a competir em novembro do ano passado. Tudo isto, para realizar o maior sonho de sua vida: disputar uma Olimpíada. 

Será a primeira vez que a Seleção Brasileira feminina de polo aquático participará dos Jogos. Diferentemente da Seleção masculina, que recebe mais investimentos e está evoluindo gradativamente, as meninas brasileiras não formam um time tão forte. A vaga à Olimpíada só foi conquistada porque o Brasil é o País-sede do evento. 

Mas Camila Pedrosa não está nem aí. Há quatro meses, ela largou tudo para voltar a treinar com a Seleção Brasileira. Até o emprego foi abandonado. “Os treinos agora são mais intensos, de dois períodos, então eu resolvi dar uma parada na minha parte profissional“, explicou, não sem antes fazer uma ressalva: “mas ainda tem a casa, supermercado, as filhas… É  bem tenso”.

É tenso, mesmo, Camila. Vinte e um anos mais velha que a jovem Izabella Chiappini, principal jogadora da Seleção feminina de polo aquático, a experiente atleta luta contra o tempo para chegar aos Jogos Olímpicos bem preparada. E, ela garante, não há como descansar. 

“Eu me desdobro em duas, porque levo as meninas na escola, pego na escola, levo em festa, pego em festa… Procuro sempre estar presente em todos os momentos da vida delas. E aí fica puxado, ? Porque eu não consigo ter o mesmo descanso das outras jogadoras. Elas têm tempo para se recuperar fisicamente, dormir durante a tarde, e eu não”, lamentou Camila, que disse só conseguir conciliar a vida pessoal com a profissional por causa da ajuda do marido. 

“A gente está treinando para jogar de igual para igual com as melhores seleções do mundo, mas, infelizmente, o investimento no polo aquático feminino do Brasil não é igual ao investimento que há no masculino. Isso explica a demora na evolução do esporte no País”, criticou a atleta, que se considera um exemplo da fragilidade do polo aquático feminino brasileiro. 

Se eles estivessem investindo na Seleção feminina, com certeza ficaria bem mais difícil para eu estar na Seleção, ? Não é muito comum você ver uma pessoa de 40 anos jogando polo“, admitiu, antes de encerrar a entrevista com uma frase que dá o tom do que tem sido a sua vida às vésperas dos Jogos Olímpicos: “estou aí, lutando...”.

No Dia Internacional da Mulher, não custa nada reverenciar a garra desta lutadora que vai defender o Brasil na primeira Olimpíada realizada em nosso País.

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