Acusado de fazer campanha por Ceferin, Infantino vê eleição “democrática” na Uefa
Eleito novo presidente da Uefa nesta quarta-feira ao derrotar de forma esmagadora o seu único concorrente, o holandês Michael van Praag, em votação realizada em Atenas, na Grécia, o esloveno Aleksander Ceferin assumirá o posto de chefe maior do futebol europeu sob a sombra de que teria conseguido se eleger impulsionado por um forte apoio do também novo presidente da Fifa, Gianni Infantino.
Ex-secretário-geral da Uefa, o dirigente suíço é acusado de ter apoiado Ceferin durante a sua campanha e influenciado na escolha de votos no pleito que contou com a participação de membros das 55 federações filiadas à entidade. No final, 42 votos foram dados ao esloveno, enquanto o holandês conseguiu apenas 13.
Após o fim da eleição, Infantino negou que tenha influenciado na votação e a defendeu como “democrática”. Eleito presidente da Fifa em fevereiro deste ano, em substituição a Joseph Blatter, o também jovem dirigente viu a campanha de Ceferin à presidência da Uefa surgir em maio, logo após o suíço viajar até a Eslovênia para inaugurar um centro nacional de futebol no país.
Semanas mais tarde, a Fifa apontou Tomaz Vesel como um auditor independente que foi contratado para supervisionar a receita anual bilionária da entidade, assim como os salários e os bônus recebidos por Infantino. Vesel, por sua vez, também é esloveno e joga futebol amador por uma equipe de veteranos da qual Ceferin também faz parte.
Infantino, porém, disse nesta quarta que considera ser uma “pena” que críticos tenham sugerido que ele influenciou na eleição da Uefa, uma das seis federações continentais do mundo que estão filiadas à Fifa. “Isso é um insulto à inteligência de todas as associações nacionais que votaram”, ressaltou o presidente da Fifa logo após a eleição de Ceferin. “Vocês viram que foi um processo democrático”, defendeu.
Antes de ser eleito presidente da Fifa, Infantino se tornou o principal nome da entidade europeia após a suspensão aplicada a Michel Platini, que almejava o cargo ocupado hoje pelo suíço e que acabou sendo obrigado a deixar a própria presidência da Uefa antes do fim do seu mandato, que iria até 2019, após ser suspenso pela entidade máxima do futebol por seu envolvimento em um escândalo de corrupção.
Autorizado pela Fifa a fazer um discurso de despedida da Uefa nesta quarta-feira em Atenas antes da eleição vencida por Ceferin, o histórico ex-jogador da seleção francesa voltou a defender que não cometeu nenhuma irregularidade ao comentar o fato de que recebeu um pagamento de 2 milhões de francos suíços (aproximadamente R$ 6,8 milhões, na cotação atual) do órgão regulador do futebol mundial em 2011, por um suposto serviço prestado a Blatter, que no fim foi considerado um pagamento ilegal.
Este último, por sinal, acabou sendo suspenso pelo Comitê de Ética da Fifa por seis anos do futebol após ser condenado por sua participação no episódio envolvendo Platini e ainda espera o resultado de sua apelação contra a punição na Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês).
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