Afinal: Brasil pode ou não ser alvo de atentados terroristas durante a Olimpíada?

  • Por Jovem Pan
  • 30/03/2016 16h53
EFE Cristo Redentor iluminado para Copa do Mundo

Madri, 2004. Londres, 2005. Paris, 2015. Bruxelas, 2016. Nos últimos 12 anos, pelo menos cinco atentados terroristas amedrontaram a Europa. Um deles – o de 13 de novembro do ano passado – por pouco não vitimou centenas de pessoas em pleno Stade de France, durante o amistoso entre as seleções de França e Alemanha. Eventos esportivos, então, podem, sim, ser grandes alvos de ações ligadas ao terrorismo. Motivo para o Brasil, sede dos próximos Jogos Olímpicos, preocupar-se? De acordo com o especialista André Luis Woloszyn, sim. Mas sem pânico. 

“No Brasil, a situação não é muito diferente da dos outros países. Como qualquer outro, o Brasil não está imune a ataques terroristas”, avaliou o analista de assuntos estratégicos, autor de três livros sobre terrorismo, em entrevista exclusiva a Felipe Altarugio para o Plantão de Domingo, da Rádio Jovem Pan“O maior interesse das facções na Olimpíada repousa na participação de diversas delegações de países que estão envolvidos na questão da Síria e do Estado Islâmico. Entre elas, estão a da França, Grã-Bretanha, Iraque e dos Estados Unidos. Elas podem ser alvos”, explicou. 

A própria segurança brasileira já está ciente de que, durante duas semanas, o País será o protagonista do esporte mundial – o que, naturalmente, aumentará as ameaças sobre o terriotório nacional. “Os Jogos, por si só, atraem a atenção global. Acontecerá a reunião de 200 países e dez mil atletas em uma cidade só. Naturalmente, o país que se dispõe a sediar um evento deste porte tem de saber dos riscos que advém deste processo“, disse Andrei Rodrigues, secretário de segurança do Ministério da Justiça para grandes eventos.

Mas, de acordo com André Luis Woloszyn, não há razões para pavorO analista de assuntos estratégicos disse achar improvável que grandes eventos esportivos sejam, de fato, atacados por terroristas na atualidade. E, aí, ele inclui também a Eurocopa, que acontecerá no meio do ano, na França, país que recentemente foi palco de duas ações ligadas ao terrorismo. Além do esquema de segurança que costumeiramente é montado em competições esportivas de nível mundial, o motivo da descrença se sustenta na estratégia das facções terroristas.

 

“Apesar de nenhuma hipótese poder ser descartada, principalmente por causa da falta de lógica das ações terroristas, acredito que é pouco provável que haja algum atentado na Eurocopa e na Olimpíada”, afirmou Woloszyn. “Digo isto pela análise das circunstâncias dos ataques. Todos têm ocorrido em situações cotidianas, ou seja, em ambientes urbanos tradicionais. A intenção dos terroristas é atingir as pessoas e as autoridades de surpresa, sem dar brecha para qualquer tipo de reação. Esse é um dos motivos que resultam no grande número de mortos e no medo generalizado que estes atentados provocam, justificou. 

“Em situações como as da Eurocopa e dos Jogos Olímpicos, os esforços da segurança estarão mais concentrados e presentes em zonas que são consideradas mais sensíveis, de alerta máximo, acrescentou o analista de assuntos estratégicos. Isto tudo foi confirmado por Andrei Rodrigues: “é importante informar que o Brasil tem, há mais de 20 anos, atuação na divisão antiterrorismo da Polícia Federal. O Brasil também faz parte do sistema Interpol, que congrega 190 países para constante troca de informações. Então, nós já trabalhamos historicamente, e, para a realização de um grande evento, houve uma preparação própria”.

O secretário de segurança revelou que, recentemente, uma equipe brasileira foi enviada à França para trocar experiências sobre terrorismo. Além disto, listou algumas das medidas que serão tomadas pelo País contra possíveis ações terroristas durante os Jogos. “Vamos ter o Centro de Cooperação Policial Internacional, que já foi usado na Copa do Mundo, o Centro Integrado Antiterrorismo e também vamos trazer policiais estrangeiros para ajudar na segurança do evento. O Brasil, hoje, em razão da sequência de eventos que recebeu com sucesso, tornou-se uma referência no assunto. A própria Eurocopa vai adotar algumas estratégias usadas pelo Brasil. Então, nós nos tornamos exemplo”, afirmou, bastante confiante. 

Nem mesmo a inexperiência do Brasil no combate ao terrorismo assusta os especialistas. Para André Luis Woloszyn, a defesa do País passará pela preparação das forças de segurança que irão atuar durante a Olimpíada – que será realizada entre os dias 5 e 21 de agosto deste ano. “O Brasil não tem experiência em ações contra o terrorismo, mas, por outro lado, países considerados preparados, como EUA, Espanha, Reino Unido e França, têm vasta experiência e foram alvos recentes. Então, independe de ter uma história terrorista. A nossa segurança dependerá apenas e somente das forças que atuarão nos Jogos“, confirmou. 

“A vulnerabilidade do Brasil é a mesma dos outros países, mas a chave para essa questão está no preparo e estruturação das forças de segurança e inteligência. Acredito que, se houver essa estruturação e se o Brasil contar com o apoio de algumas agências internacionais, terá condições, sim, de fazer frente a um possível atentado. Vejo o Brasil preparado, porque já há uma doutrina que vem sendo repassada no País. Recentemente, tivemos até um curso do FBI para órgãos policiais que tratava da prevenção contra o terrorismo”, recordou-se. 

Para finalizar, André Luis Woloszyn ressaltou a importância da população brasileira – principalmente a carioca – na prevenção de possíveis atentados terroristas durante a Olimpíada. O País, afinal, estará no centro das atenções do planeta por aproximadamente 15 dias. “Nos EUA, costuma-se dizer que os cidadãos são os olhos e ouvidos do FBI. Nesse sentido, população brasileira, principalmente a que mora e conhece o Rio de Janeiro, deve contribuir com os órgãos de defesa e segurança, pediu, antes de ser complementado por Andrei Rodrigues. 

“O Brasil está fazendo absolutamente tudo que está ao seu alcance para prover a segurança. Isso nos garante que não haverá nenhuma ação adversa? Não. Não tem como. Mas o certo é que estamos no melhor nível de prevenção a ações criminosas, e, também, se necessário for, apresentaremos uma reação muito rápida a qualquer ataque”, garantiu.

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