Agora com narração: Nilson César eterniza gol “karatê kid” de Wendell Lira; ouça

  • Por Jovem Pan
  • 14/01/2016 22h20
Reprodução/Twitter Wendell Lira destaca que gol foi de improviso

Quando subiu ao palco para receber o prêmio Puskas, Wendell Lira fez força para segurar a emoção. A voz ficou embargada, uma lágrima ameaçou cair em seu rosto, o semblante ficou sério. O agora jogador do Vila Nova, de Goiás, parecia fazer mais esforço para conseguir falar do que fez para marcar o tento que lhe valeu o prêmio de gol mais bonito de 2015.

Se a voz de Wendell deixou sua marca na premiação dos melhores de 2015, por razões óbvias não seria a mais indicada para narrar seu próprio feito. Para isso, a Rádio Jovem Pan resolveu intervir e escalou o narrador Nilson César para transformar em som a imagem da obra de arte do vencedor do Puskas. Uma homenagem ao brasileiro de voz fina que, como Davi, venceu gigantes e surpreendeu o mundo.

Na hora de discursar, sua voz saiu fina, tranquila, direta. Exatamente como soou em suas entrevistas desde que seu gol pelo Goianésia contra o Atlético-GO, no Campeonato Goiano de 2015, foi indicado para a premiação da Fifa. Wendell Lira subiu ao palco de gigantes, onde já haviam pisado, naquela noite, Kaká, Neymar, Cristiano Ronaldo e Messi, mas não se pareceu com eles. Ainda parecia o brasileiro humilde, o herói improvável, o jogador que até pouco tempo atrás estava sem clube.

A história do atacante poderia ter sido bem diferente. Ele chegou a jogar nas categorias de base da Seleção Brasileira, fez gol na Copa Sendai, no Japão, onde foi colega de Alexandre Pato e Willian, do Chelsea. Suas atuações no torneio chamaram a atenção do Milan, que quase o contratou, não fosse a negativa do Goiás, seu clube na época.

Em seu lugar, Alexandre Pato embarcou para Milão. Pato se tornou mundialmente conhecido, namorou Barbara Berlusconi, filha do dono do Milan e ex-presidente da Itália, disputou a Liga dos Campeões da Europa. Enquanto isso, Wendell Lira viu sua carreira quase acabar por conta de duas lesões no joelho, uma em 2007 e outra em 2010. Foi taxado de “bichado” e rejeitado por times da capital goiana, segundo contou sua mãe.

O passado difícil talvez explique a humildade com que Wendell falou ao vencer Messi e Florenzi em um prêmio da Fifa. Depois dos agradecimentos, ele fechou o discurso com uma passagem bíblica de Davi e Golias, um clichê das histórias de superação. Clichê que, no entanto, assumiu nova energia e vitalidade em sua voz rouca e fina, seu sotaque talhado no interior do Brasil, onde o futebol de elite é um sonho distante, e um prêmio internacional, quase impossível.

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