Aldo Rebelo exige mudanças e defende intervenção estatal no futebol
Após a vexatória derrota do Brasil para a Alemanha, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, afirmou nesta quinta-feira que o futebol nacional necessita de mudanças, incluindo maior intervenção estatal no esporte.
“Precisamos examinar o motivo e a causa desse acidente. É uma marca profunda. Precisamos extrair lições para que o Brasil reponha a seleção no status que ela deve ter. O futebol precisa de mudanças. A derrota contra a Alemanha evidencia essa necessidade. Precisamos, por exemplo, montar uma infraestrutura nova para aproveitar esses estádios (construídos para a Copa)”, afirmou Rebelo em coletiva de imprensa, organizada pela Fifa e pelo Comitê Organizador Local (COL), no Rio de Janeiro.
O ministro defendeu como prioritárias as medidas para melhorar a gestão dos clubes, que enfrentam graves crises financeiras. Rebelo também criticou a reforma na legislação que terminou com as possibilidades de intervenções do governo nas entidades esportivas.
“Após a redemocratização do Brasil surgiu um clamor contra a presença do Estado no esporte, especialmente no futebol. Era uma coisa ligada ao regime militar. Assim surgiu uma legislação que retirou totalmente o Estado e deixou o futebol nas mãos do mercado, dos grandes empresários e dos dirigentes”, afirmou.
Rebelo assegurou que se opôs a essa legislação, já que pensa que o esporte é um assunto de interesse público. Por isso, ele propõe reformas para permitir que o governo possa ter mais atuação no futebol.
“Temos pouco poder na regulamentação ou gestão dos clubes. Não sou favorável que o governo escolha o presidente da CBF ou dos clubes, mas deveríamos ter uma participação maior. Mais atuação, já que oferecemos recursos a eles”, afirmou.
O ministro acrescentou que o governo discute atualmente com o Congresso maneiras de ajudar os clubes a organizar suas finanças e respeitar as obrigações trabalhistas com os atletas.
Para o ministro, uma das possíveis mudanças seria reformar a legislação que permite o êxodo dos jovens jogadores brasileiros para a Europa.
“Vários críticos já disseram que somos fornecedores de matéria-prima e importadores de produtos acabados. Uma parte de nossa seleção sub-15 está no exterior. Nossa legislação tirou o poder dos clubes e o deu aos empresários. O que facilita a importação da nossa matéria-prima”, disse.
As propostas do ministro, no entanto, esbarram nas regras da Fifa, que veta qualquer tipo de intervenção estatal na gestão do futebol, sob ameaça de afastar o país das Copas.
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