Alexandre Pato na China: a última cartada de um jogador que nunca decolou
O Brasil é conhecido por revelar muitos craques para o futebol mundial. Gabriel Jesus, Neymar, Douglas Costa, Philippe Coutinho e Marquinhos são alguns dos jogadores que brilham na Europa e na Seleção Brasileira. No entanto, nem todas as revelações do futebol pentacampeão vingam no mundo da bola e acabam se tornando verdadeiras decepções, caso de Alexandre Pato.
O atacante despontou no Campeonato Brasileiro de 2006 com a camisa do Internacional. Logo em seu primeiro jogo como titular, diante do Palmeiras no antigo Parque Antártica, deixou sua marca ao anotar um gol e dar duas assistências. Acabou sendo inscrito no Mundial de Clubes da FIFA daquele ano. Na semifinal marcou um gol contra o Al-Ahly e na decisão ajudou o Colorado a bater o Barcelona e ficar com o título.
O bom futebol e o faro de gol apurado chamaram a atenção dos principais times europeus. Em 2007, antes mesmo de completar 18 anos, o jogador foi vendido ao Milan em uma das maiores transações do futebol brasileiro. Chegou à Itália com status de estrela, sendo comparado a Ronaldo Fenômeno, então companheiro de time. Nos primeiros jogos teve boas exibições e marcou gols importantes, mas aos poucos o brilho foi se apagando.
Os belos lances do atacante deram lugar às lesões. Ao todo foram 16 e alguns meses sem jogar. Um número expressivo para um atleta de pouca idade, que permaneceu no clube italiano por cinco temporadas. Ao todo, Alexandre Pato disputou 150 partidas com a camisa do Milan e anotou 63 gols. Inexpressivo para quem chegou a ser considerado o novo fenômeno.
Mesmo assim havia ainda quem acreditasse em seu futebol. O Corinthians de Mário Gobbi era um deles. Em 2013, o clube paulista pagou um valor fora da realidade do futebol brasileiro (R$ 40,5 milhões) e o atacante regressou ao País. De novo a expectativa em torno dele era grande. De novo se esperava que ele fosse repetir o sucesso de Ronaldo Fenômeno, que defendeu o Corinthians entre 2009 e 2011. E isso não aconteceu. Nem dentro, muito menos fora de campo.
Com atuações irregulares, não conseguia se manter entre os titulares do time de Tite e era preterido por Paolo Guerrero, Emerson Sheik e Romarinho. Em um jogo decisivo da Copa do Brasil de 2013, contra o Grêmio, perdeu pênalti após uma cavadinha mal sucedida. O lance eliminou o time alvinegro da competição e fez com que companheiros, treinador e, principalmente, a torcida perdessem a confiança e a paciência no jogador.
Em 62 partidas com a camisa alvinegra, marcou apenas 17 gols. Sem espaço e clima, Alexandre Pato foi envolvido em uma negociação entre os rivais Corinthians e São Paulo. O atacante foi para o Morumbi e Jadson veio para Itaquera. Com apenas 25 anos, ganhava uma nova chance de mostrar seu futebol. Dentro de campo teve um desempenho razoável. Fora dele, se envolveu em polêmicas com o próprio Corinthians, dono de seu passe.
Na justiça tentou reaver seus direitos federativos. Perdeu. Assim como perdeu mais uma chance de engrenar a carreira. No final dos dois anos de contrato com o São Paulo, após disputar 98 jogos e marcar 38 gols, teve que retornar ao Corinthians. Ainda sem o perdão dos jogadores, treinador e torcedores, acabou encostado no clube alvinegro, que tentava se desfazer do atleta.
Mas, o jogador não aceitava sair. Irredutível, rejeitou propostas da China, que fariam com que o Corinthians recuperasse parte do valor gasto com sua contratação e diminuisse o prejuízo. Preferiu treinar sozinho. Em 2016, acabou aceitando um contrato de empréstimo com o Chelsea, que não vinha bem no Campeonato Inglês. Em seis meses disputou dois jogos, balançando a rede apenas uma vez. Foi considerado pela imprensa inglesa um “peso morto”.
Voltou ao Brasil novamente. Seu objetivo parecia ser mesmo aguardar o termino do contrato com o Corinthians para ficar livre no mercado e dar sequência a carreira. A estratégia quase deu certo mas, em julho de 2016, o Villarreal fez uma proposta ao Corinthians, que decidiu vendê-lo por cerca de R$ 10 milhões. Alexandre Pato se rendeu e retornou a Europa outra vez, dessa vez para atuar no futebol espanhol.
O atacante vestiu a camisa 10 do novo clube. Disse que agarraria a oportunidade e que o Villarreal não iria se arrepender. Começou bem, fazendo boas partidas no Campeonato Espanhol e na Liga Europa, chegando a marcar gols, dando esperança aos torcedores. Mas, antes mesmo que fosse tomado pela irregularidade, como aconteceu no Milan, Corinthians e São Paulo, o jogador surpreendeu e decidiu ir para a China, país que há um ano havia se negado a ir.
No sábado, após disputar somente 24 partidas pelo Villarreal e marcar seis gols, Alexandre Pato vestiu a camisa do Tianjin Quanjian. Nesta segunda-feira, o atacante já realizava trabalhos físicos pelo novo clube, na cidade Roma, onde o time comandado pelo italiano Fabio Cannavaro faz pré-temporada. Segundo a imprensa europeia, o Tianjin Quanjian teria pago cerca de R$ 60 milhões para contratar o atacante brasileiro.
Dinheiro à parte, a ida do jogador para o futebol chinês mostra mais uma vez que ele não se importa com a própria carreira. Mais uma vez, Alexandre Pato ignora seu potencial e o carinho de uma torcida, desperdiçando a oportunidade de triunfar em um grande clube, para se esconder no futebol chinês. Eis a última cartada de um jogador que nunca decolou e não faz questão de ser considerado uma eterna promessa.
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