Alison e Bruno Schmidt preveem duelos difíceis no “Coliseu” do vôlei de praia
“Um grande Coliseu”. Foi assim que o jogador Alison, parceiro de Bruno Schmidt no vôlei de praia, definiu a arena montada na praia de Copacabana, na zona sul do Rio, para 12 mil espectadores. Uma das principais esperanças de ouro para o Brasil na Olimpíada, a dupla treinou nesta segunda-feira pela primeira vez no local. Para se adaptar às condições de jogo, o treinamento aconteceu das 11h às 12h, mesmo horário da estreia da no próximo sábado.
Os atletas falaram à imprensa sobre as primeiras impressões das instalações olímpicas e da expectativa para a estreia. Apesar do favoritismo, Bruno e Alison classificaram os adversários da primeira fase no grupo A, do qual são cabeças-de-chave, como muito fortes. Os brasileiros fazem sua estreia contra a dupla canadense Josh Binstock e Sam Schachter. Depois, vão enfrentar Ranghieri e Carambula, da Itália – que treinaram nesta segunda cedo na quadra central – e os austríacos Doppler e Horst.
“Todos os jogos são difíceis. Temos que pensar em cada jogo como se fosse uma final. Passou da primeira fase, são mais quatro finais. Perdeu tá fora. É assim que a gente encara grandes torneios. Sete finais”, afirmou Alison.
Já Bruno Schmidt foi questionado sobre a pressão de estrear em uma olimpíada em casa e vindo de uma família com sobrenome olímpico. O jogador é sobrinho de Oscar Schmidt, maior cestinha da história do basquete brasileiro. “A ansiedade é gostosa. Ela te deixa ligado, atento, preparado. É bom ficar com ela do começo ao fim”, disse Bruno.
O atleta contou que recebeu um vídeo do tio pedindo ele traga a medalha. O jogador tem contado também com a experiência de Alison, que foi medalha de prata em Londres-2012. Apesar de reconhecer que a dupla vem de uma campanha vitoriosa, Bruno diz que é preciso jogar com humildade e sem pensar no favoritismo. “Vôlei de praia é um esporte em que tudo pode acontecer. Cada ano é um ano. A gente deixa o favoritismo para vocês”, brincou com os jornalistas.
O treino de Alison e Bruno na quadra central ainda não tem data confirmada, mas também deve ocorrer no horário do jogo de estreia. Nesta segunda, os dois conheceram a quadra e todas as instalações da arena. Uma das maiores preocupações dos atletas é com o vento sul que bate no Rio, diferente das condições de Vila Velha, no Espírito Santo, base de treinamento deles.
“Na Arena de Londres eram 15 mil pessoas, aqui são 12 mil. Só que a diferença é que a arena aqui é para cima, fica mais fechada, como um Coliseu. Quando o vento sul entra, ele roda bastante ali dentro. Você não tem um lado bom ou ruim, vai valer muito da leitura dos jogadores”, disse Alison. Os dois receberam orientações do técnico Leandro Brachola, assistido por Adriano Fonseca e com acompanhamento do preparador físico Rui Ribeiro.
SEGURANÇA – Para Bruno Schmidt, a segurança não será um problema nem na arena de vôlei de praia, nem nas demais instalações olímpicas. O tema é assunto entre os atletas, após as notícias sobre possíveis articulações de grupos terroristas. “A gente sabe o que está acontecendo na Europa e que o Brasil é o foco do mundo nesse momento. Mas a gente está se sentindo muito seguro. Basta andar pela Vila Olímpica. O Brasil disse que seria um dos países mais seguros e dou total credibilidade a isso”, afirmou.
Ao contrário dos demais atletas do vôlei de praia, hospedados na Urca, Alison e Bruno preferiram ficar com as demais delegações na Vila Olímpica, na Barra. A ideia é sentir o clima olímpico e interagir com os demais atletas. Os dois elogiaram as condições dos apartamentos, classificadas como “de primeiro mundo”.
TATUAGEM – Apelidado por amigos de Mamute na época de estreia do filme A Era do Gelo, Alison chamou atenção pela tatuagem no braço esquerdo com os dizeres “Dias de luta. Dias de glória”. Tirada de uma música do grupo Charlie Brown Junior, faz referência a uma fase difícil vivida por ele nos últimos quatro anos.
“Essa olimpíada é a realização de mais um sonho incrível. Superei muitas coisas nesses quatro anos. Mudei de time, voltei a morar em Vitória, saí de um jogador como o Emanuel, que era incrível e me ensinou muita coisa. Tive uma lesão séria no joelho, um pouco parecida com a do Ronaldo Fenômeno. Poucas pessoas acreditavam nisso, mas a equipe por trás, os profissionais, médicos e fisioterapeutas acreditaram muito, e eu também. Hoje estou aqui de volta, representando meu país, o que me dá muita alegria e motivação”, disse o atleta.
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