Antes de último jogo da carreira, Alex divulga carta de despedida

  • Por Jovem Pan
  • 07/12/2014 14h12
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Rio de Janeiro - RJ - 16/11/14 - BRASILEIRO A 2014, FLAMENGO X CORITIBA - Alex do Coritiba durante partida contra o Flamengo no estadio Maracana pelo Campeonato Brasileiro A 2014. Foto: Fernando Soutello/AGIF Folhapress Alex se despede dos gramados neste domingo

Assim que o juiz apitar o fim de partida entre Coritiba x Bahia, no Couto Pereira, na tarde deste domingo (07), o futebol irá se despedir de um dos grandes jogadores brasileiros da atualidade. Alexsandro de Souza, ou Alex, anunciou há algum tempo que esta seria sua última temporada como jogador, e confirmou a decisão de sua aposentaria. Para o adeus, Alex divulgou uma carta de despidida, na qual lembrou ídolos e agradeceu a todos que fizeram parte de sua carreira.

Em 19 anos como jogador profissional, Alex marcou mais de 400 gols, e se garantiu como ídolo em alguns dos clubes pelos quais passou. Além do Coritiba, no qual deu seus primeiros chutes, e o escolhido para encerrar sua carreira, o camisa 10 brilhou no Palmeiras, de 1997 a 2002 (entre esse período, uma breve passagem pelo Flamengo e também pelo Parma), no Cruzeiro, entre 2003 e 2004, com a tríplice coroa, e no Fenerbahçe, de 2004 a 2012. Lá ele se tornou rei, marcou 185 e ganhou uma estátua em sua homenagem. Após uma briga com o treinador, se despediu da Turquia e voltou ao Brasil, para o clube em que começou, e emocionou os torcedores. Conquistou um campeonato estadual e ajudou o alviverde paranaense a se livrar do rebaixamento este ano.

Confira a carta na íntegra:

Ao se aposentar dos campos, Alfredo Di Stéfano, grande craque argentino, destacou feito quadro em sua sala uma bola com a legenda “Graças, Vieja!”, que significa “Obrigado, Velha!”. Faz tempo que venho cada vez mais compreendendo esse sentimento, que hoje me toma por completo.

Tudo o que tenho devo ao futebol. Tudo o que sou devo ao futebol. O futebol foi mais do que esporte ou ganha-pão. Foi a minha vida!

Graças a ele pude conquistar o que dificilmente conseguiria. Nasci em família humilde, cresci numa comunidade e só a minha família sabe das dificuldades por que passamos. O futebol nos salvou.

Fiz amigos, conheci o mundo, atuei em estádios maravilhosos e outros precários toda vida. Senti na pele o ônus e o bônus de ser profissional da bola. Vi o lado A e o lado B do esporte e cheguei a aprender, na marra, a defender os meus direitos de cidadão, indo até à Justiça pra clamar por justiça.

Passei instantes de sufoco, tensão, desespero, pavor, revolta, mas também vivi momentos de sonhos e incontáveis alegrias. Sorri muito, vibrei muito, me emocionei, saí de mim, pisei nas nuvens. Dei sangue, suor e lágrimas e não tenho uma vírgula do que me arrepender.

Realizei o sonho de toda criança, que é jogar futebol em alto nível, vestir a camisa do time do meu coração, depois fechar com grandes clubes nacionais, ser ovacionado por várias torcidas, defender a Seleção Brasileira e, por fim, me tornar ídolo na Europa. Sou um sujeito realizado.

O ‘Rei de Roma’, Falcão, falou uma vez que “jogador de futebol morre duas vezes; a primeira, quando para de jogar”. Compreendo o que quis dizer, mas prefiro falar que jogador de futebol nasce duas vezes. Meu segundo nascimento se dará agora.

Agradeço ao futebol pelo turbilhão de emoções que me proporcionou. Pelos amigos fiéis e os igualmente fiéis desafetos que acumulei única e exclusivamente por ter me posicionado ou mostrado opinião. Pela bela família que construí. Por todo o aprendizado que ganhei.

Obrigado a todos que comigo estiveram próximos ou mesmo de longe torceram por mim ao longo desses 19 anos de carreira. Inicio uma nova etapa na minha vida de peito aberto e com a mesma coragem com que enfrentei tudo e todos para dizer o que penso ou sinto. O que vai acontecer daqui pra frente eu não sei. Mas o que aconteceu, jamais esquecerei.

Alex de Souza

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