Após polêmica em 2012, árbitro nega favorecimento ao Corinthians

  • Por Jovem Pan
  • 19/08/2015 17h12
CURITIBA, PR, BRASIL, 30-09-2010: Futebol - Campeonato Brasileiro, 2011, Série B: Paraná Clube X Vitória: o árbitro Gutemberg de Paula Fonseca durante jogo entre Paraná Clube e Vitória, válido pela Série B Do Campeonato Brasileiro, no estádio Durival Britto e Silva, em Curitiba (PR). (Foto: Geraldo Bubniak/Fotoarena/Folhapress) Folhapress Para Gutemberg

Em janeiro de 2012, o árbitro Gutemberg de Paula Fonseca, ao ser excluído do quadro da Fifa, criticou, em entrevista à Rádio Jovem Pan, as orientações que Sérgio Corrêa, então presidente da Comissão Nacional de Arbitragem (Conaf), dava aos árbitros antes das partidas. Em uma delas, houve uma suposta insinuação para favorecer o Corinthians contra o Goiás no Campeonato Brasileiro de 2010. “Vai lá, boa sorte. Vai apitar o jogo do Timão, hein”, teria dito o atual Comissão de Arbitragem da CBF a Gutemberg.

Em nova entrevista à Jovem Pan, mais especificamente ao jornalista Fernando Sampaio, o ex-árbitro relembrou o episódio, que veio à tona por conta das reclamações pelos erros dos juízes que supostamente têm beneficiado o Corinthians no Brasileirão. No centro dessa discussão está a polêmica da interpretação dos lances de toque com a mão na bola. No entanto, Gutemberg rechaça que havia um favorecimento o alvinegro ou qualquer time naquela ocasião – e mesmo atualmente.

“Naquela época eu disse que não concordava com a determinação, que foi feita pelo atual presidente da Comissão de Arbitragem (Sérgio Corrêa), para que os árbitros ligassem para ele. Mas muitas das vezes era para escutar recomendações do tipo: foco no jogo, ter atenção, ‘no jogo da semana passada seu colega deixou a desejar em tal aspecto’ Aconteceu de, em um certo momento, ele me falar: ‘olha, vai apitar o jogo do Timão, hein’”, explicou. “Mas a minha contestação era por conta de um árbitro experiente precisar ligar para o presidente. Ele vai ouvir esse conselho e entender como uma orientação, como “tenha atenção, todo cuidado é pouco”, mas e se um menos experiente interpretar de outra forma?”.

Apesar de negar a possibilidade de orientações para que os juízes favorecem qualquer time nas partidas, Gutemberg critica a qualidade da arbitragem atual. “É fraca. Muito fraca. Infelizmente, muito ruim. A Comissão não quer um árbitro ‘excelente do excelente’, nem um muito ruim. O que ela quer é um árbitro regular, que vá lá, faça seu papel e esteja pronto para outro jogo. Em outras épocas o árbitro era mais preparado, não em nível de estrutura, mas em nível de dom. Hoje falta árbitros com dom. A CBF disponibiliza uma megaestrutura, com escola nacional de árbitros, com encontros, com cursos da Fifa, mas você usa no Campeonato Brasileiro aqueles que não são de elite”, analisou o ex-árbitro.

Para ele, a falta de valorização e continuidade no trabalho dos melhores árbitros é o principal responsável pelos problemas com lances de toque de mão na bola. “Criou-se um paradigma do ‘bola na mão, mão na bola’, que sempre existiu e continuará existindo. Se você fica massificando e colocando sempre a mesma questão, gera de certa forma uma interpretação do lance. Mas quando eu levo para a prática, eu tenho minha linha de interpretação, que pode ser diferente daquela que me orientaram. Isso não vai acabar nunca. Onde a gente consegue amenizar? No dom, na qualidade do árbitro para entender que tal lance de mão foi pênalti pro time A ou pro time B. Hoje, o que a gente observa é que vem faltando critério: ele apita um lance em um jogo e, no outro, deixa de marcar”, concluiu.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.