Aranha fala sobre racismo: “acredito que servirá para mudar muita coisa”

  • Por Jovem Pan
  • 06/09/2014 21h49
PORTO ALEGRE, RS - 28.08.2014: COPA DO BRASIL/GRÊMIO x SANTOS – O goleiro Aranha - Partida entre Grêmio e Santos, válida pelas oitavas de final (ida) da Copa do Brasil de Futebol 2014, realizada na Arena Grêmio, em Porto Alegre, nesta quinta-feira. (Foto: Ramiro Furquim/Agif/Folhapress) Folhapress Confira as reações de Aranha em jogo no qual foi vítima de racismo

Depois da polêmica de racismo na Arena do Grêmio, durante confronto das oitavas de final da Copa do Brasil, caso que inclusive rendeu uma pena pesada ao Grêmio, que acabou sendo excluído da competição, o goleiro Aranha se pronunciou oficialmente sobre o episódio em entrevista coletiva neste sábado (6), logo depois da vitória do Santos sobre o Vitória por 3 a 1.

O goleiro do alvinegro da Vila Belmiro se mostrou satisfeito com a mobilização da população em relação ao caso, mas desaprovou as manifestações violentas na casa de Patrícia Moreira, gremista que foi uma das responsáveis pelas injúrias raciais direcionadas a Aranha.

“Estou satisfeito com muitas coisas que aconteceram e um pouco chateado com outras. Satisfeito com a mobilização que teve, agradeço à imprensa por repassar todas as informações, por divulgar as imagens, porque a gente tem que ter coragem para expor. Satisfeito com a reação das pessoas, muita gente não concorda e repudia esse tipo de ação. E chateado pelo que aconteceu com a casa da garota porque não foi só ela”, disse. “Tinha muita gente, e ela foi a que mais ficou em evidência. Apedrejaram e a ameaçaram. Eu até entendo a mágoa, tinha muita gente que estava com isso engasgado e quis extravasar, mas um erro não justifica o outro. Se a gente quer um país, uma nação mais justa, mais igual, a gente tem que respeitar o próximo. Agradeço pelas manifestações, mas temos que tomar cuidado”, prosseguiu.

Aranha também falou sobre o perdão à torcedora. Ele não escondeu que não guarda ressentimentos, mas disse que ela poderia ter tomado uma atitude antes.

“Tem duas situações. A primeira: queriam que eu desse meu perdão a ela, sendo que ela não tinha pedido desculpas. Não tem como eu antecipar as coisas. Desde que aconteceram aqueles atos, eu esperei por uma manifestação dela. Ela mostrou que ela não é uma pessoa racista, apesar de ter tomado uma atitude racista. Mas em vez de ela expor isso, ela sumiu. Deletou rede social, não falou com ninguém, não pediu desculpa nem nada e ela demorou muito para tomar uma atitude”, frisou o arqueiro santista. “Da minha parte como cristão, como ser humano, eu precisava do pedido dela para poder desculpar. Isso não quer dizer que eu não quero que a justiça seja feita. Ela errou e tem as consequências. Só assim a sociedade vai começar a se conscientizar”, opinou.

O atleta do Santos também negou o interesse de se encontrar com a torcedora gremista. “Eu não vejo necessidade, porque aí já seria uma outra situação. Algumas pessoas poderiam dizer que eu estou querendo me promover ou ela também. Eu não sou amigo dela, nunca fui, não a conheço e não tenho interesse em conhecê-la. Perdoo, mas ela vai pagar pelo que fez, assim espero”, falou.

Por fim, Aranha disse que espera que o caso sirva para que o racismo seja mais combatido no Brasil. “O que eu esperava aconteceu: a maioria da população me apoiou e se mostrou indignada com a situação. Acredito que isso que aconteceu comigo vai servir para mudar muita coisa na postura e também foi possível a gente até abranger mais, que é a questão da educação”, finalizou.

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