Atletas correm riscos de contrair doenças nos Jogos Rio-2016, diz agência

O problema da qualidade das águas da Baía de Guanabara parece longe de ser solucionado. Uma análise encomendada pela Associated Press (AP) divulgada nesta quinta-feira mostra que o risco de contaminação por fezes humanas expõe velejadores e outros atletas à doenças durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio-2016. As praias de Copacabana e Ipanema e a Lagoa Rodrigo de Freitas também são mencionadas.
O estudo identificou níveis elevados de vírus e bactérias de esgoto humano nos locais de provas. A AP encomendou quatro rodadas de testes em cada um desses três locais. Trinta e sete amostras foram verificadas para a análise de tipos de adenovírus humano, bem como rotavírus, enterovírus e coliformes fecais.
“Esta é, de longe, a pior qualidade da água que já vimos em nossas carreiras na vela. Tenho a certeza que, se você nadar nessa água e ela entrar em sua boca ou nariz, muitas coisas ruins estarão entrando em seu corpo. A gente vive por uma medalha olímpica e pode, realmente, acontecer de ficar doente alguns dias antes da prova e não conseguir competir”, disse Ivan Bulaja, treinador da equipe austríaca, que passou meses de treinamento na Baía de Guanabara.
A questão vem dividindo opiniões nos últimos meses. Enquanto atletas e dirigentes estrangeiros apontam a poluição como um problema para as disputas, a maior parte dos velejadores de elite não se mostra preocupada. O governo do estado, responsável pela despoluição da Baía, já indicou que não conseguirá atingir a meta de tratar 80% do esgoto despejado, prometida na época da candidatura do Rio a sediar o megaevento.
“Acho que a água está suja como sempre, não melhorou muita coisa, mas tenho certeza que nenhum atleta ficará doente, pois não conheço nenhum velejador brasileiro que tenha adoecido”, disse à Reuters o velejador Ricardo Winicki Santos, o Bimba, tetracampeão pan-americano da classe RS:X.
Nesta quinta-feira, o Secretário de Coordenação de Governo do município do Rio de Janeiro, Pedro Paulo Carvalho, foi questionado sobre o assunto durante o lançamento dos embaixadores do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Ele admitiu que o Rio poderá não cumprir o objetivo a tempo dos Jogos, mas garantiu apoio ao governo estadual.
“A questão da Baía de Guanabara é para a cidade e o futuro. É uma oportunidade que não podemos perder. A prefeitura tem sempre se colocado à disposição do governo, do governador Luiz Fernando Pezão, para nos mobilzarmos na despoluição. Ainda que não seja uma transformação para 2016, que seja para todo o estado e principalmente à cidade”, disse.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.