Baptista destaca aproveitamento e diz que não cairia “em nenhum lugar do mundo”
Eduardo Baptista foi demitido do comando técnico do Palmeiras
Eduardo Baptista foi demitido do comando técnico do PalmeirasForam 14 vitórias, quatro empates e apenas cinco derrotas em 23 jogos. Um aproveitamento de 66,6%. Mesmo assim, Eduardo Baptista durou pouco no comando técnico do Palmeiras. Demitido após somente cinco meses de trabalho, o ex-técnico alviverde participou do Esporte em Discussão desta sexta-feira, na Rádio Jovem Pan, e desabafou.
Segundo Eduardo Baptista, em nenhum lugar do mundo um técnico com os seus números teria sido demitido de um clube de futebol – há de se lembrar que, sob o comando do filho de Nelsinho Baptista, o Palmeiras entrou em campo apenas contra times do Campeonato Paulista e da primeira fase da Copa Libertadores da América.
“Tive o melhor aproveitamento entre os últimos cinco técnicos que passaram pelo Palmeiras. Éramos o melhor time brasileiro na Libertadores e jogando um Campeonato Paulista, que é o Estadual mais difícil do Brasil… Talvez tenha faltado tempo, deixar a coisa andar um pouco mais. Mas um aproveitamento de 70%… Em nenhum lugar do mundo uma troca iria acontecer“, afirmou.
A declaração foi dada em meio a um questionamento que tem se tornado cada vez mais comum para Eduardo Baptista: o de que ele ainda não estaria pronto para comandar um grande time do futebol nacional. O técnico discordou do teor da colocação e falou grosso.
“Eu discordo de você. Sou um treinador jovem, mas tenho experiência de 22 anos no futebol. Um treinador que enfrentou a pressão que eu enfrentei com 70% de aproveitamento não pode se desconsiderar. Se eu tivesse tido insucesso, perdido, tivesse dado tudo errado, talvez pudesse concordar com você... Mas, se eu aceitei esse desafio, é porque estava preparado e porque o Palmeiras me considerava preparado“.
E Eduardo Baptista foi além. O ex-preparador físico de 47 anos citou Zé Ricardo, técnico do Flamengo, e Roger Machado, comandante do Atlético-MG, ao desabafar contra a abordagem das análises que torcedores e profissionais da imprensa têm feito a respeito da nova geração de treinadores brasileiros.
“A gente vê torcedor e mídia falando em renovação, mas, na primeira dificuldade, são os primeiros a apontar que não estão certos. Até cinco dias atrás, o Zé Ricardo era exaltado… Hoje, já se fala que, se ele tivesse mais experiência, teria se classificado na Libertadores. Essa nova geração que vem tentando ganhar campo, infelizmente, no Brasil, só vai sair um, o campeão. Aquele que não for campeão não presta, não está preparado. Vai esperar eu ter 60 anos para estar preparado… Mas aí vou estar velho. Os mesmos que falam que eu não estou pronto vão falar que eu estou ultrapassado. Falta um pouco de convicção”, criticou.
“Essa pressão interna e externa desestabiliza a convicção de mudar. Só vai revelar o campeão. Os que não ganharem nunca estarão preparados. A gente cobra o novo, mas, quando vem o novo, somos os primeiros a criticar, a achar que não está pronto. Temos de saber o que é o Zé Ricardo, o que é o Roger Machado, para não queimar essa nova geração“, acrescentou, ciente das razões que o fizeram ser demitido do Palmeiras: “o fato de não ganhar o Campeonato Paulista pesou. Pesou para mim e pesaria para o Cuca, talvez. Criou-se uma pressão dentro do Palmeiras que nós teríamos de ganhar tudo. Mas os adversários existem e têm qualidade, também. Não podemos nos esquecer disto”.
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