Barrichello relembra morte de Senna e revela: “tive medo de ter medo”

  • Por Jovem Pan
  • 30/04/2014 10h02
Rubinho postou uma foto antiga com o seu "chefe" Reprodução/ Instagram 54 anos de Senna rende homenagens em redes sociais

A próxima quinta-feira (01) marca os 20 anos da morte de Ayrton Senna, um dos maiores ídolos da história do esporte brasileiro. No final de semana da sua morte, Rubens Barrichello, compatriota na categoria, sofreu o primeiro grave acidente do GP de San Marino, dois dias antes da prova. Em entrevista exclusiva à Jovem Pan, Barrichello relembrou os três fatídicos dias da terceira etapa do Mundial de 1994 e afirmou que a morte de Senna o fez “ter medo de ter medo” ao entrar em um carro de Fórmula 1 novamente.

Barrichello relembra como era sua expectativa para a prova que seria realizada na Itália naquele final de semana de maio de 1994.  “Estava muito contente. Tinha um carro que apesar de não ter muita potência, ele era muito equilibrado. Vinha de um resultado excelente na etapa anterior, então estava muito ansioso”, conta.

Na sexta-feira, primeiro dia de treinos livres, Barrichello sofreu o acidente mais grave de sua carreira. “Apaguei totalmente. O doutor que cuidava da gente naquele tempo me disse que eu morri por seis minutos. A pancada foi tão forte que eu tive traumatismo e tenho consciência disso pelo fato de não lembrar muita coisa pós-acidente. Fiquei um mês, mais ou menos, com a memória curta”. No dia seguinte ao seu acidente, o piloto austríaco Roland Ratzenberger sofreria um acidente fatal no circuito italiano. 

A imprensa na época relatava que Barrichello recebera visita de Senna enquanto estava no ambulatório do hospital de Bolonha. “Não tenho lembrança no hospital. Não me lembro do Ayrton no ambulatório, me visitando, quando já diziam que eu havia acordado”.

O brasileiro recebeu alta no dia seguinte, mas não foi liberado para correr. Por isso, pegou um avião, ainda no sábado, para a Inglaterra, onde vivia. Lá, ele assistiu a prova e ao acidente falta de Ayrton Senna. “Na hora da pancada ficou um silêncio pelo susto, mas quando ele mexeu a cabeça foi uma grande alegria. Achávamos [ele e seus companheiros de casa] que ele ia levantar. Foi o último suspiro, mas não sabíamos. Me lembro de tentar telefonar para o Galvão [Bueno, narrador televisivo que transmitia a prova] para tentar entender o que estava acontecendo”.

Ele diz não se lembrar de como recebeu a notícia, mas lembra que a cobertura da tv inglesa fora do hospital onde Senna tinha sido levado era intensa. Apesar da morte de Senna, Barrichello voltou às pistas poucos dias após o acidente e conta o que sentiu. “Participei da corrida seguinte. Tive um teste na segunda-feira seguinte [oito dias após o acidente] em Silverstone e foi um dos maiores testes de vida. Estava ansioso, tinha medo de ter medo. Eu que sempre entrei no carro de corrida com muita paixão, como é até hoje, fui para Inglaterra com um pouco de receio”, revela.

 Relutante, Barrichello tomou a decisão de apostar novamente em seu potencial de piloto e nas qualidades de seu carro. “Decidi sair como um maluco ou para bater de novo ou para conseguir o melhor tempo. Graças a Deus, consegui o recorde da Jordan naquele dia e tive a certeza que era aquilo mesmo que eu queria”, celebra.

Sobre o final de semana trágico na Itália, ele prefere não classificar como algo negativo. “Acho que tudo na vida é muito positivo. Os momentos difíceis são aqueles que nos ensinam e que nos fazem melhores. Todo meu aprendizado na formula 1 foi positivo. Diria que foi uma dificuldade muito grande ir a todas as pistas, ver os cartazes para o Ayrton Senna e não tê-lo conosco. O emocional foi muito difícil de conter”.

Para ele, a continuidade da carreira de Senna teria sido muito benéfica para a sua própria trajetória na Fórmula 1. “Muito provavelmente ele teria guiado uma Ferrari e aberto portas em muitas outras equipes em que eu poderia atuar”.

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