Blatter diz não ter medo de terminar seus dias na prisão e alega “ingenuidade”

  • Por Estadão Conteúdo
  • 16/12/2016 17h45
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Agência EFE Joseph Blatter - Agência EFE

Em uma rara aparição pública após ser afastado do futebol, o ex-presidente da Fifa Joseph Blatter concedeu uma polêmica entrevista ao jornal francês Le Monde, publicada nesta sexta-feira. Com um rosto abatido, a barba por fazer e longe da imagem quase inabalável que o mundo se acostumou a ver nas últimas duas décadas, o dirigente falou sobre as acusações que enfrenta, seu substituto Gianni Infantino e muitos outros assuntos.

Blatter está afastado do futebol desde outubro do ano passado, quando o Comitê de Ética da Fifa decidiu puni-lo por uma transferência milionária realizada ao então presidente da Uefa, Michel Platini, em 2011. O suíço também é acusado de desviar US$ 80 milhões para enriquecimento pessoal e de seus dirigentes.

Apesar das acusações, Blatter mantém-se confiante em provar sua inocência. A possibilidade de ser preso sequer passa pela cabeça do dirigente. “Eu não creio de nenhuma forma que vá terminar os meus dias na prisão. Tenho 100% de confiança na Justiça suíça”, declarou.

No início deste mês, o suíço recorreu à Corte Arbitral do Esporte (CAS) contra a suspensão de seis anos de suspensão que lhe foi imposta pela Fifa. O órgão, no entanto, decidiu manter o gancho. Ao Le Monde, Blatter revelou que pretende apelar agora para o Congresso da Fifa, que reúne os 211 afiliados da entidade e cuja as decisões, de acordo com o dirigente, “são soberanas”.

Blatter considerou estar sendo perseguido pela Justiça dos Estados Unidos, que liderou a investigação que deflagrou a maior crise política da história do futebol. Segundo ele, o país programou tal processo depois de ter perdido a disputa da candidatura para sede da Copa do Mundo de 2022 para o Catar. De acordo com o suíço, Platini, também suspenso após a investigação, foi igualmente perseguido por manifestar seu apoio ao programa catariano.

“Nunca ganhei dinheiro indevidamente. As acusações são falsas”, garantiu Blatter, que disse não ter percebido o esquema de corrupção que o cercava por ser “ingênuo”. “Como eu podia saber antes? Minha direção se baseava na fé e na confiança. Esta é minha educação. Fui ingênuo e indulgente demais”, afirmou.

O ex-presidente só mudou o tom ao falar sobre seu sucessor, o também suíço Gianni Infantino. Blatter foi extremamente crítico ao comentar algumas medidas políticas do atual mandatário, principalmente em relação ao desejo de mudar o formato da Copa do Mundo e ampliá-la para 40 seleções, uma manobra que, segundo ele, serviria apenas para ganhar apoio das federações nacionais.

“E por que, então, não coloca 128 equipes (na Copa do Mundo)? Se você promete às federações que haverá mais equipes, elas vão pedir ainda mais. O formato atual com 32 equipes é uma boa fórmula e já mostrou isso”, considerou.

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