Bolt corre como guia de Terezinha Guilhermina, dona de 4 ouros paralímpicos
Pablo Giuliano.
Rio de Janeiro, 18 abr (EFE).- O jamaicano Usain Bolt formou neste sábado com a brasileira Terezinha Guilhermina uma parceria entre o homem e a mulher deficiente visual mais rápidos do mundo durante uma exibição no Jockey Club, na Gávea, zona sul do Rio de Janeiro.
“O que aconteceu hoje é um apoio histórico para o paralimpismo, é a valorização dos atletas com deficiência. Correr ao lado de Bolt é realmente um sonho”, disse Terezinha, que corre na categoria T11 (cegueira total) e tem o recorde mundial de 100 metros com 12s01, em entrevista à Agência Efe.
A brasileira foi a campeã olímpica dos 100, 200 e 400 metros nos Jogos Paralímpicos de Londres, em 2012, e também ganhou a medalha de ouro nos 200 metros em Pequim, quatro anos antes.
Recordista mundial e bicampeão olímpico dos 100, 200 e revezamento 4×100, Bolt participou da exibição como parte dos preparativos para o desafio Mano a Mano, corrida de 100 metros que faz parte dos preparativos para os Jogos do ano que vem, também no Rio.
“Ele estava nervoso, inseguro, tinha medo de incomodar meu passo, mas realmente o que aconteceu é um presente de Deus, algo motivador. Ele perguntou qual era meu tempo e se surpreendeu. Disse a ele para não fazer força com o braço e pedi que me mantivesse em linha reta”, contou a brasileira após a corrida de 50 metros, a qual terminou abraçada ao jamaicano e rodeada de crianças.
O prestígio levou Terezinha a abrir um instituto para apoiar crianças com deficiências visuais em Maringá, no interior do Paraná, onde treina. Atleta cega mais veloz do mundo e dona de três recordes mundiais, ela tem retinose pigmentar, o que lhe permite ver algumas rajadas de luz.
A paratleta de 36 anos revelou que sua deficiência ficou evidente quando foi à escola infantil. Cinco de seus 12 irmãos são cegos ou têm problemas graves de visão, como parte de um problema familiar genético. Seus avôs e seus pais eram primos.
Há cinco anos, Terezinha tem como guia nas competições o velocista Guilherme Santana, com quem treina em Maringá. Ele contou que precisa ser um corredor de alto nível para não ser mais lento que sua parceira.
Guilherme observou a falta de segurança de Bolt em atuar como guia, algo que, de certo modo, o deixou aliviado. “Que bom que não perderei o emprego”, brincou.
A imagem de Bolt competindo com uma atleta paralímpica brasileira põe em outro nível o esporte no país e os Jogos Paralímpicos do Rio, disse à Efe o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Andrew Parsons.
Os Jogos Paralímpicos do ano que vem acontecerão de 7 a 18 de setembro, depois dos Jogos Olímpicos, que serão realizados de 5 a 21 de agosto. EFE
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