Brasil x Alemanha: 7 motivos para acreditar na vitória, um para desconfiar…

  • Por Jovem Pan
  • 19/08/2016 18h19
SP - OLIMPÍADA/FUTEBOL MASCULINO/BRASIL X COLÔMBIA - ESPORTES - Neymar, do Brasil, comemora a vitória por 2 a 0 diante da Colômbia nas quartas de final do Futebol Masculino nos Jogos Olímpicos Rio 2016, na Arena Corinthians, em São Paulo, neste sábado (13). O Brasil venceu por 2 a 0 e avançou às semifinais. 14/08/2016 - Foto: VANESSA CARVALHO/BRAZIL PHOTO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO VANESSA CARVALHO/ESTADÃO CONTEÚDO Neymar

Neste sábado (20) acontece o emblemático jogo entre Brasil e Alemanha, às 17h30, no Maracanã, valendo o ouro olímpico. É o primeiro confronto entre as seleções depois dos 7 a 1 da Copa do Mundo de 2014. As campanhas na competição são bem parecidas: A Alemanha empatou com México e Coreia do Sul, venceu Fiji, Portugal e Nigéria para chegar à final; o Brasil ficou no 0 a 0 contra África do Sul e Iraque, depois derrotou Dinamarca, Colômbia e Honduras.

Duas seleções invictas. Duas gerações de atletas promissores. Dois treinadores competentes. Com tanto equilíbrio, o jogo promete ser decidido nos detalhes. Não há favorito, mas existem 7 boas razões para acreditar que a Seleção Brasileira pode sair do Rio com o ouro:

Filosofia de Micale

Na parte tática, Micale vinha desde a preparação para os Jogos sinalizando um time ofensivo. Não é novidade que o treinador gosta de jogar com a formação 4-2-4 quando está com a bola, liberando até oito jogadores para a construção dos ataques. Micale bancou ao esquema tático, e nem os empates sem gols ante Japão e Iraque o fizeram desistir, embora nestas partidas tenha experimentado variações. Contra Dinamarca e Honduras, o conceito do treinador finalmente vingou, e duas goleadas vieram. As entradas de Walace e Luan ajudaram a equilibrar a equipe.

O técnico brasileiro já admitiu ser a favor da “Neymardependência”, ressaltando o privilégio que é ter um dos três melhores jogadores do mundo em seu time. Entretanto, os garotos do Brasil têm demonstrado mais espírito coletivo e gana de vencer do que o grupo humilhado pela Alemanha em 2014. Estão mais vibrantes e confiantes, características que serão fundamentais para derrubar o fantasma alemão que nos assombra desde o fatídico 7 a 1.

Zaga sólida

Antes do início dos Jogos, pouco se falava da zaga. O quarteto ofensivo era visto como a principal arma da Seleção e monopolizava as atenções. Cinco partidas depois, o sistema defensivo provou-se crucial na campanha invicta – e sem sofrer gols – até o momento. A marcação alta implantada por Micale tem sido executada pelos jogadores de todos os setores, a equipe atua compactada em campo e facilita o trabalho de Marquinhos e Rodrigo Caio, que raramente ficam desprotegidos. Contudo, não se pode tirar os méritos de ambos, que vem tendo atuações muito seguras com a camisa amarela.

Torcida brasileira

O começo foi ruim. Dois empates sem gols no Mané Garrincha fizeram a torcida perder a paciência. Em Brasília, o público chegou a gritar o nome de Marta – àquela altura, a seleção feminina fazia bela campanha na primeira fase das Olimpíadas. Então veio a partida decisiva contra a Dinamarca, na Arena Fonte Nova. A animada torcida baiana incentivou desde o início e ajudou a Seleção a vencer por 4 a 0.

Na Arena Corinthians, contra a Colômbia, os paulistas também apoiaram desde o início. Neymar abriu o placar de falta no início da partida e fez as pazes com a torcida, após ser muito cobrado por conta das atuações apagadas das primeiras rodadas. A exemplo dos baianos, os paulistas entoaram “o campeão voltou!” assim que Luan, aos 38 do segundo tempo, definiu a vitória por 2 a 0 em jogo marcado pela violência dos adversários.

Contra Honduras, a Seleção presenteou a torcida no Maracanã com um 6 a 0. Olas e coros de “sou brasileiro, com muito orgulho e muito amor” embalaram o time de Micale. Outro cântico vindo das arquibancadas mostrou o desejo de revanche contra os germânicos: “Ô Alemanha, pode esperar, a sua hora vai chegar”, gritaram os criativos torcedores brasileiros.

Ataque desencantou

Gabriel Jesus passou em branco nas duas primeiras partidas e foi muito contestado no início dos Jogos. Depois de marcar o primeiro contra a Dinamarca, o atacante revelado pelo Palmeiras anotou dois contra Honduras e melhorou seu aproveitamento. O mesmo aconteceu com Gabriel Barbosa, o Gabigol. O camisa 9 fez dois contra os dinamarqueses e diminuiu o peso sobre suas costas. Luan marcou um gol por jogo desde que se tornou titular. O gremista ganhou a vaga de Felipe Anderson e se tornou peça importante no time de Micale. Neymar, por fim, desencantou com o gol de falta contra a Colômbia e fez mais dois na goleada sobre os hondurenhos.

Neymar de volta

O craque viveu um jejum de 11 meses na Seleção, desde a vitória por 4 a 1 no amistoso com os Estados Unidos, em setembro de 2015, até o jogo contra a Dinamarca. Nesse ínterim, o camisa 10 cumpriu suspensão no início das Eliminatórias e, quando retornou, não foi tão bem. Passou em branco diante de Argentina, Peru e Uruguai. Vetado pelo Barcelona, não disputou a Copa América Centenário.

Como na Copa de 2014, chegou à Seleção Olímpica como estrela absoluta. Depois de ir mal nas duas primeiras partidas, encontrou seu melhor futebol contra a Dinamarca, chamou a responsabilidade no duelo pegado ante a Colômbia e deu show contra Honduras. Nos últimos jogos, o Neymar ansioso e nervoso finalmente saiu de cena e deu lugar ao craque que desequilibra e serve de referência para os companheiros.

Confiança crescente

Com as vitórias, a Seleção Brasileira viu sua confiança crescer. Os jogadores estão mais soltos dentro de campo e mais à vontade a cada partida. Gabriel Jesus chegou a dizer após a vitória sobre Honduras que a nova “pegada” do time está fazendo a diferença. Bem entrosado e com ritmo, o Brasil chega forte para a disputa do tão sonhado ouro olímpico – vale ressaltar que, mesmo com as derrotas que sofreu nas grandes competições nos últimos anos, a Seleção historicamente cresce nas decisões.

Sem trauma dos 7 a 1

Há pouco mais de dois anos, o Brasil viveu o maior vexame da história de seu futebol diante da Alemanha. Mas Rogério Micale vem reforçando para os jogadores que a final deste sábado não se trata de uma revanche. Do grupo olímpico, apenas Neymar disputou o Mundial de 2014, ainda assim, não esteve em campo por ter sofrido fratura de vértebra depois da joelhada criminosa de Zuñiga, nas quartas de final.

Desta vez, a situação é diferente. Alemanha e Brasil não contam com seus principais craques, exceção feita a Neymar. Além de serem outros atletas, é outra competição, não dá para comparar, no futebol, o peso da Copa do Mundo com o da Olimpíada. É provável que os jogadores brasileiros carreguem intimamente a vontade de vingar a dolorida derrota, mas o sentimento parece atuar como um fator motivacional, e não como trauma capaz de amedronta-los em campo.

Mas a molecada alemã é boa de bola…

A Alemanha começou cambaleante, com dois empates contra México e Coreia do Sul. A equipe dirigida por Horst Hrubesch possui, entretanto, um grupo de jovens com grande potencial, além de ótima organização tática. O 4-1-4-1 deixa a faixa central do campo preenchida, região onde os alemães gostam de trocar passes. O esquema varia para um 4-2-3-1 quando Lars Bender recua para ajudar na proteção à defesa ao lado do irmão Sven Bender.

No setor ofensivo, Max Meyer é o grande articulador alemão. Técnico, ele dita o ritmo de jogo. Julian Brandt, ponta-esquerda, usa sua velocidade para buscar jogadas na linha de fundo. Na área, Serge Gnabry é a referência, o atacante marcou seis gols até o momento e é o artilheiro das Olimpíadas. A exemplo da maioria dos atletas brasileiros, os jovens da Mannschaft são experientes e importantes em seus clubes, atuam como titulares a maior parte do tempo. O jogo será duro para ambos os lados.

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