Caminho até o ênea: nove fatores que fizeram o Palmeiras chegar ao título

  • Por Jovem Pan
  • 19/11/2016 12h55

Palmeiras quebrou um jejum de 22 anos e alcançou seu 9º título brasileiro

Divulgação / Cesar Greco / Ag Palmeiras Palmeiras quebrou um jejum de 22 anos e alcançou seu 9º título brasileiro

Depois de 36 rodadas, o torcedor do Palmeiras finalmente pôde soltar da garganta o grito de campeão. A vitória do time vem após um início de ano complicado, marcado pela eliminação prematura na Libertadores, demissão do técnico Marcelo Oliveira e até uma ameaça real de rebaixamento no estadual.

O Palmeiras soube, no entanto, se encontrar em meio a uma “pré-temporada” improvisada e começou o caminho para quebrar o jejum de 22 anos sem conquistar o Campeonato Brasileiro.

Foi um campeonato marcado por heróis inusitados, quebras de tabus e de uma sequência de 28 rodadas na liderança. A Jovem Pan listou os nove passos mais importantes do caminho traçado pelo Palmeiras até o seu nono título brasileiro. Confira:

Cuca

Apesar do título da Copa do Brasil, muitos torcedores não viam Marcelo Oliveira como o melhor nome para o Palmeiras em 2016. O começo irregular no Paulista e na Libertadores confirmaram o temor dos alviverdes e o treinador foi demitido. Seu substituto foi Cuca, ex-jogador do Palmeiras, campeão da Libertadores com o Atlético-MG e com passagem pelo futebol chinês.

Em um primeiro momento, a vinda de Cuca não surtiu o efeito esperado: foram quatro derrotas seguidas, inclusive o 4 a 1 para o Água Santa, além da lanterna do seu grupo no Paulista. Mas a partir de primeira vitória, diante do Rio Claro, as coisas melhoraram e o time chegou até a semifinal do Estadual.

Com o elenco nas mãos e tendo o apoio da torcida e dos dirigentes, Cuca chega ao título brasileiro após 52 partidas desde sua contratação, sendo 29 vitórias e apenas 12 derrotas.

Há males que vem para o bem 

Talvez tenha sido difícil para o torcedor entender, mas as eliminações foram algo positivo para o time. Eliminado precocemente na fase de grupos da Libertadores e na semifinal do Estadual, o Palmeiras teve praticamente uma “pré-temporada” até o começo do Brasileirão. Foram 17 dias de intenso treinamento e montagem do time, que estreou com uma goleada em cima do Atlético-PR por 4 a 0.

Estabilidade

O Palmeiras já começou o campeonato líder, mas alguns tropeços permitiram que outros times tivessem o gosto do topo da tabela em algumas raras oportunidades. Ao todo foram 28 rodadas na liderança, 19 destas de forma ininterrupta. Nos 37 jogos até aqui o Alviverde conheceu apenas seis derrotas.

A vantagem para os outros times do G3 deram folga para que o Palmeiras pudesse falhar sem perder seu posto. Durante a série de 18 rodadas consecutivas como líder, o time paulista sofreu quatro dos sete empates que teve no campeonato. No planejamento de Cuca, 66% de aproveitamento, ou 74 pontos, garantiam o título ao Palmeiras. Deu certo, a meta foi alcançada uma rodada antes do fim da competição.

Allianz Parque

Se a arena palmeirense já foi uma grande aliada do time durante a conquista da Copa do Brasil, no Brasileiro de 2016 ela ganhou ainda mais importante. Dos 77 pontos conquistados até a 37ª rodada, 46 foram em casa. Até um “rival” do Palmeiras, os shows no Allianz Parque, não atrapalharam a campanha: o time precisou mandar apenas dois jogos longe de seus domínios, sendo uma vitória e um empate. A torcida também fez sua parte: o time tem o melhor público do Campeonato, com uma média de 31.997 torcedores por jogo, que já renderam mais de R$ 38 milhões aos cofres do clube*.

Clássicos e quebra de tabus

O Palmeiras conseguiu vencer os jogos decisivos. Só em cima dos rivais paulistas, o alviverde conquistou 10 pontos. Contra o Corinthians foram duas vitórias e contra o São Paulo uma. A “pedra no sapato” foi o Santos, que arrancou um empate no Allianz Parque e derrotou o Verdão na Vila.

A temporada também ficou marcada por superação de marcas negativas que o time carregava nos últimos anos, como vencer o Sport em Recife (não vencia desde 2009), o Inter no Beira Rio (não vencia desde 1994) e o Atlético-PR em Curitiba (última vitória em 2008). O único tabu que o Palmeiras não conseguiu superar foi derrotar o Atlético-MG, que não vence desde 2011.

Além disso, o Palmeiras se impôs diante dos times que lutaram contra o rebaixamento, superando o estigma de “Robin Hood” que carregou nas últimas temporadas. Foram 24 pontos conquistados em cima das equipes do Z4, com destaque para as goleadas em cima de Santa Cruz e Figueirense, ambas por 4 a 0.

Jailson

A saída de Fernando Prass para a Seleção Olímpica já era uma preocupação por si só, mas se tornou uma dor de cabeça ainda maior quando o goleiro sofreu uma lesão no cotovelo que o tirou de todo o restante do Campeonato. O substituto imediato de Prass foi Vágner, mas o goleiro não respondeu a altura e tomou 5 gols nos três jogos que participou.

E foi assim que Jailson assumiu a titularidade no gol alviverde. Presente em 18 jogos até aqui, o goleiro superou o número de jogos disputados por Prass e se tornou o único do elenco a ser campeão invicto. Foram apenas nove gols sofridos no período.

Experiência e juventude

Quando a fase é boa até quem não é goleiro faz grandes defesas. A bola tirada em cima da linha por Zé Roberto ficará marcada na memória dos palmeirenses como uma das grandes imagens da campanha de 2016. Aos 42 anos, o lateral é um dos símbolos deste elenco que mescla a experiência com a juventude. Fernando Prass e Edu Dracena são outros bons exemplos de veteranos que, assim como Zé, se tornam referências para os novas revelações do Palmeiras nesta temporada.

Entre os novatos, o maior destaque é Gabriel Jesus. Com apenas 19 anos, é o artilheiro do alviverde no campeonato com 12 gols, além de brilhar pela Seleção e de futuramente ser comandado por Guardiola, no Manchester City. O time também conta com Tchê Tchê (24 anos) e Róger Guedes (20 anos) como apostas que se tornaram peças principais deste elenco campeão.

“Cucabol”

Entre esses reforços que o Palmeiras contratou para a temporada estava Moisés, meia de 28 anos que se tornou um dos grandes destaques alviverdes no ano. A bola alçada para área (sendo com mão ou não) se tornou uma arma do Palmeiras. Foram 16 gols de cabeça dos 59 marcados no Brasileiro. O comentarista da ESPN Mauro César Pereira apelidou a “tática” alviverde de “Cucabol”, questionando a qualidade do futebol apresentado pelo time e causou revolta entre os torcedores alviverdes.

A instabilidade dos rivais

Não adianta, torneio de pontos corridos sempre vai acontecer do torcedor secar algum outro time. E para o palmeirense não foi diferente. Até gol do Corinthians, diante do Flamengo, foi comemorado pelo torcedor alviverde.

Além de contar com a regularidade, o Palmeiras praticamente não teve sua liderança ameaçada, até porque seus concorrentes ao título tropeçaram em algum momento e viram a distância para o líder aumentar. Apenas outros cinco times alcançaram o topo da tabela, e somente um se manteve na briga: o Santos.

Os santistas entraram de vez na briga pelo título nas últimas rodadas, mas durante boa parte do Campeonato quem perseguiu o Palmeiras foi o Flamengo, que chegou a ficar a um ponto do líder, mas viu o “cheirinho de hepta” se dissipar após uma sequência de quatro jogos sem vencer.

O apoio da torcida, também fora dos estádios

A união entre torcida e elenco ficou evidente com o estádio quase sempre lotado e ingressos esgotados quase 10 dias antes de cada partida. Além disso, o apoio também aconteceu do lado de fora do Allianz Parque.

Na reta final do Campeonato, centenas de torcedores foram à porta da Academia de Futebol para receber o time antes do treino, enquanto outra ação espalhou grafites com a frase “ai, ai, ai, ai, está chegando a hora” pela cidade.

O momento mais emblemático foi na saída do time para Belo Horizonte, com milhares de torcedores indo até o Aeroporto de Congonhas para acompanhar o embarque do time.

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