Campanha paralímpica agrada Fernando Fernandes e CPB: “hora de abrir a mente”

  • Por Bruno Landi/Jovem Pan
  • 24/08/2016 15h08
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Paraplégico desde 2009 Divulgação Paraplégico desde 2009

A escalação de Paulinho Vilhena e Cleo Pires como protagonistas de uma campanha publicitária da revista Vogue Brasil provocou enorme polêmica nesta quarta-feira, nas redes sociais. Tudo porque os atores foram escolhidos para estrelar uma ação que visava à promoção dos Jogos Paralímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. Na controversa imagem, Vilhena aparece com uma perna mecânica, e Cleo, com um braço amputado. Ointernautas, no entanto, questionaram por que, em vez dos atores, a publicação não escalou dois atletas que, de fato, tivessem deficiência e fossem participar dos Jogos Paralímpicos do Rio.  

A polêmica se instaurou rapidamente, mas, segundo um dos maiores nomes do esporte paralímpico brasileiro, não faz sentido. Em entrevista exclusiva ao Jovem Pan Online, o paracanoísta Fernando Fernandes aprovou a campanha da revista Vogue Brasil. Sete anos depois de perder os movimentos das pernas em um acidente de carro, o tetracampeão mundial de paracanoagem elogiou a ousadia da ação e ressaltou que, com Paulinho Vilhena e Cleo Pires, ela ganha muito mais visibilidade. 

Foi muito bom, muito legal! Uma grande forma de chamar a atenção das pessoas ao esporte paralímpico“, disse Fernando Fernandes. “Se tivesse um atleta paralímpico ali, o público muito provavelmente só olharia e não repercutiria tanto… Agora, dessa forma, a campanha mostra ao mundo que o Paulinho e a Cleo podem, a qualquer momento, perder algum membro e se tornar uma pessoa com deficiênciaEu acho que a gente está muito preso a paradigmas e nunca sai da casinha. Quando sai da casinha, o público encara como algo negativo. Achei a campanha muito bacana”.

O nome do paracanoísta, que também é modelo e participou da segunda edição do reality show Big Brother Brasil, foi, inclusive, um dos mais citados pelos internautas que criticaram a campanha publicitária da Vogue Brasil. Segundo eles, Fernandes seria uma escolha muito mais acertada por parte da revista do que Vilhena e Cleoparatleta, no entanto, discorda. 

“Se eu tivesse sido convidado, aceitaria… Mas acho que está na hora de abrirmos um pouco o leque. Está rolando muito essa questão de que o esporte paralímpico não tem a mesma visibilidade, o mesmo apoio… Porém, quando  esse apoio de uma forma diferente, causa muito problema, discussão. Está na hora de abrirmos um pouco a mente”, discursou. 

“Achei muito bacana o fato de dois atores consagrados terem se proposto a aparecer sem um braço e uma perna numa campanha publicitária. Foi por uma causa maior, para chamar a atenção. As pessoas têm de começar a se habituar mais com a cadeira de rodas, a ausência de uma perna, de um braço… Quando estivermos mais inseridos nesse meio, vamos parar de ter uma visão tão crítica assim. paralímpico sou eu, é você, somos todos nós“, encerrou. 

Quem também aprovou a campanha da Vogue Brasil foi o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). Em comunicado enviado à reportagem do Jovem Pan Online, a entidade elogiou a ação da revista e ressaltou que os atletas paralímpicos também participaram dela, mas em outras fotos. A maior visibilidade que a presença de dois atores globais conferiu à campanha foi exaltada pelo CPB. 

Veja a nota abaixo: 

“A campanha com a participação dos embaixadores do movimento paralímpico brasileiro Cleo Pires e Paulo Vilhena tem o apoio do CPB. O objetivo da campanha é chamar atenção para as pessoas com deficiência num momento em que o Brasil se aproxima dos Jogos Paralímpicos. De acordo com as estatísticas oficiais, um em cada quatro brasileiros tem algum tipo de deficiência. Mas essas pessoas ainda são, em grande maioria, invisíveis na nossa sociedade. Os atletas estão presentes em outras fotos e ficaram muito felizes em participar da campanha”.

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