Campanha religiosa denuncia risco de exploração laboral e sexual na Copa
Cidade do Vaticano, 20 mai (EFE).- A campanha “Joga a Favor da Vida”, apresentada nesta terça-feira no Vaticano, adverte sobre os riscos de exploração laboral e sexual durante a realização da Copa do Mundo no Brasil.
A campanha, que também foi realizada durante os Mundiais da Alemanha e da África do Sul, é promovida pela Rede Internacional da Vida Consagrada contra o Tráfico Humano Thalita Kum com o objetivo de sensibilizar a sociedade sobre o problema do tráfico humano em grandes eventos.
Em entrevista coletiva no Vaticano, a maltesa Carmen Sammut, presidente da União Internacional de Superioras Gerais (UISG), alertou sobre os “enormes lucros” gerados pelo tráfico de mulheres e crianças vendidas como escravas e a necessidade das pessoas tomarem consciência do que “ocorre às margens dos grandes eventos como a Copa do Mundo”.
“Sem esta consciência, sem atuar juntos a favor da dignidade humana, a Copa do Mundo pode chegar a ser uma vergonha terrível em vez de uma festa para humanidade”, acrescentou Sammut.
Por sua parte, a freira Estrella Castalone, que coordena a rede Talitha Kum, explicou que eventos como este atraem muitas pessoas em busca de trabalho, “mas, infelizmente, muitas destas acabam sendo enganadas ou se transformam em vítimas de diferentes formas de exploração”.
“Conhecedoras deste cenário, queremos nos comprometer a deter o tráfico humano durante a Copa do Mundo do Brasil”, acrescentou.
A campanha de informação e sensibilização, iniciada no último dia 8 de maio, conta com a colaboração de mais de 250 religiosas, assim como outro importante grupo de laicos, informou Castalone.
A freira italiana Gabriella Bottani explicou que está trabalhando para “oferecer instrumentos para reconhecer, identificar e denunciar várias situações de exploração” no Brasil.
De acordo com Bottani, o Brasil é um país onde todas as fases do percurso das vítimas de exploração coexistem, já que é um país de origem, trânsito e destino de pessoas exploradas, e destacou que a maior parte destas são mulheres jovens, originárias de famílias pobres e com baixos níveis de escolaridade.
“O Brasil é um país com um alto índice de turismo sexual e isto aumenta significativamente o fenômeno da prostituição, principalmente de menores, e abre as portas ao tráfico interno e internacional”, acrescentou.
As religiosas sublinharam que durante as Copas da Alemanha e da África do Sul o fenômeno da exploração sexual aumentou entre 30% e 40%.
Além da campanha de prevenção, grupos de religiosos e laicos também se mostrarão presentes nas 12 cidades-sede do Mundial, onde as partidas serão disputadas. EFE
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