Campeão da F-E, Nelsinho Piquet fala em alívio e admite escolhas difíceis
Nelsinho Piquet faturou o título da Fórmula E e admitiu alívio após conquista
Nelsinho Piquet comemora após título na Fórmula ENo final do mês passado, Nelsinho Piquet atingiu um feito histórico para o automobilismo nacional e, ao levantar a taça na Fórmula E, tornou-se o primeiro piloto brasileiro em 24 anos a conquistar um título em competições internacionais de monopostos chanceladas pela FIA. O último havia sido Ayrton Senna, que conquistou o tricampeonato na Fórmula 1 em 1991.
Após a conquista inédita na F-E, que veio por apenas um ponto (Piquet fechou o campeonato com 144 pontos e Sébastian Buemi terminou com 143), o piloto conversou com Felipe Motta, da Rádio Jovem Pan, e tentou explicar seus sentimentos pós-título.
“Com certeza é uma mistura de muita coisa, mas alívio é a primeira coisa que passa na minha cabeça. Minha carreira não tem sido muito fácil. Eu tenho escolhido uns caminhos um pouco difíceis, umas categorias muito complicadas, a Nascar, o Rallycross, todas muito específicas, diferentes do que eu aprendi a vida inteira. Batalhei muito. Consegui vitórias, bons resultados, mas não campeonatos. E isso, talvez, passou uma imagem para o público que eu não era um piloto capaz de ser campeão”, disse. “Foi a primeira vez que eu comecei a participar de um campeonato em que os carros eram iguais, as equipes eram novas, e todo mundo tinha a mesma condição de vencer, basicamente. Tirei proveito disso. Foi um campeonato muito bacana, difícil, disputado e, no final, com bastante estresse, conseguimos vencer por um ponto”, prosseguiu.
Nelsinho confirmou que seu início na Fórmula E foi marcado por incertezas e confirmou que chegou a ter um contrato curto no começo.
“Verdade. Eu só tinha contrato para cinco corridas. Na verdade, na semana de Punta (del Este), onde foi meu primeiro pódio, eu nem sabia se eu ia correr. Um dos motivos que eu consegui assinar o contrato de cinco corridas foi que a Qualcomm, minha patrocinadora na Nascar, entrou na Fórmula E parte como patrocinadora e parte como investidora na categoria, e eu falei para eles que precisava de uma ajudinha extra, porque a equipe está precisando de um piloto com um pouco de patrocínio, e eles disseram que iam ajudar um pouquinho, para cobrir cinco corridas, no máximo. O problema é que os pagamentos atrasaram um pouquinho e a equipe ficou muito chateada conosco”, explicou. “Na última hora, a Qualcomm fez o pagamento, eu peguei o voo, cheguei em Punta, e foi bem estressante, mas tentei manter a calma. Na corrida, fiquei em segundo e a equipe ficou muito feliz. Isso deu um espaço para respirar um pouquinho e, na corrida seguinte, a gente fez outro pódio. Depois de Buenos Aires, a equipe falou: ‘vamos fazer o seguinte: rasgar esse contrato e você vai correr até o final do ano’. Eu falei: ‘está ótimo’. Foi daí em diante que as coisas melhoraram. Obviamente eu fiquei muito mais aliviado”, relembrou.
Apesar de ter falado em caminhos difíceis escolhidos na carreira, Nelsinho Piquet não adotou uma postura de arrependimento ao falar de sua trajetória no esporte a motor. Apesar de admitir que gostou de correr na Nascar, o piloto criticou a categoria norte-americana.
“Depende. Se for olhar pelo lado de qual categoria que eu poderia ganhar dinheiro, ganhar meu salário todo ano, a Nascar foi errado. A categoria é realmente muito difícil para um piloto internacional ganhar espaço, porque os patrocinadores sempre vão para pilotos americanos. Eles não estão interessados em levar pilotos internacionais para lá, de jeito nenhum. Não tinha ajuda nenhuma. Mas pelo lado da experiência, foi fantástico. Eu amei. Se eu pudesse voltar e correr, sem me preocupar com patrocinadores, em arrumar verba, eu com certeza voltaria. As corridas são muito difíceis, longas. É uma corrida de pilotos, não é uma corrida de carros, como é a Fórmula 1, vamos dizer assim”, analisou.
Por fim, ao ser questionado sobre a possibilidade de ter pensado em ver sua carreira acabada depois da conturbada saída da Fórmula 1, Nelsinho negou que essa ideia tenha passado por sua cabeça.
“De jeito nenhum. A única coisa que eu fiquei com medo é que eu perdi um pouco aquele sonho, aquele tesão que eu tinha de vencer. Meio que deu uma desanimada. Não tinha aquele fogo dentro de mim. Mas isso voltou. Na própria Nascar, quando eu realmente comecei a entender o carro, quando eu corri em Daytona pela primeira vez, realmente aquilo lá voltou. Daí em diante não tive esse problema”, afirmou. Eu ainda estava meio perdido, sem ação, sem achar uma categoria em que eu pudesse ficar por muito tempo. Queria que tivesse sido a Nascar, mas foi impossível achar patrocinadores que ajudassem. No Rallycross, eu ainda estou correndo. É uma categoria que eu ganho salário, mas não está ainda no tamanho da Fórmula E. Ela existe há mais tempo, mas os promotores estão trabalhando de uma forma um pouco diferente, os investimentos são menores. Mas eu gosto, é tranquilo, com pessoas legais. O estilo de corrida é bem diferente do que eu estou acostumado. Aprendi muito, me diverti muito. Para mim está sendo uma experiência boa”, finalizou o campeão da Fórmula E.
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