Capitã da seleção brasileira de vôlei sofre racismo e desabafa: “basta de ódio”
Fabiana Claudino, capitã da Seleção Brasileira de volêi e central do Sesi-SP, diz ter sofrido racismo durante uma partida de seu time diante do Minas, na noite desta terça-feira (27). Poucas horas depois, já na manhã desta quarta-feira (28), a atleta usou sua conta no Instagram para desabafar sobre o ocorrido. Esse não é o primeiro episódio de preconceito envolvendo brasileiros no esporte nesta semana. Na segunda-feira (26), Marcos Guilherme, da Seleção Brasileira sub-20, disse ter sido chamado de “macaco” repetidas vezes por um jogador da Seleção Uruguaia durante o Sul-Americano da categoria.
A jogadora de 30 anos disse ter sofrido uma “metralhadora de insultos racistas” de um torcedor que acompanhava a partida. Segundo ela, funcionários do Minas retiraram prontamente o agressor e o encaminharam até à delegacia. “Esse tipo de ignorância me atingiu especialmente, porque meus familiares estavam assistindo a partida. Refleti muito sobre divulgar ou não, mas penso que falar sobre o racismo ajuda a colocar em discussão o mundo em que vivemos e queremos para nossos filhos”, escreveu em sua conta na rede social.
Na sequência, Fabiana “esqueceu” sua carreira vitoriosa para pedir respeito. “Eu não preciso ser respeitada por ser bicampeã olímpica ou por títulos que conquistei, isso é besteira! Eu exijo respeito por ser Fabiana Marcelino Claudino, cidadã, um ser humano. A realidade me mostra que não fui a primeira e nem serei a última a sofrer atos racistas, mas jamais poderia me omitir”.
Pouco tempo depois, a jogadora já recebeu mensagens de apoio. Sheilla Castro, sua companheira de Seleção Brasileira, publicou uma foto na mesma rede social para apoiar a amiga, vítima de preconceito.
Leia, na íntegra, o desabafo de Fabiana na rede social:
“Vivenciar isso é difícil e duro!Vivenciar isso na minha terra, torna tudo pior! Ontem durante o jogo contra o Minas, um senhor disparava uma metralhadora de insultos racistas em minha direção. Era macaca quer banana, macaca joga banana, entre outras ofensas. Esse tipo de ignorância me atingiu especialmente, porque meus familiares estavam assistindo a partida. Ele foi prontamente retirado do ginásio pela direção do Minas Tênis Clube e encaminhado à delegacia. Agradeço a atitude do Minas, em não ser conivente com esse absurdo. Clube este, onde comecei a minha história e onde até hoje tenho pessoas queridas. Refleti muito sobre divulgar ou não, mas penso que falar sobre o racismo ajuda a colocar em discussão o mundo em que vivemos e queremos para nossos filhos. Eu não preciso ser respeitada por ser bicampeã olímpica ou por títulos que conquistei, isso é besteira! Eu exijo respeito por ser Fabiana Marcelino Claudino, cidadã, um ser humano. A realidade me mostra que não fui a primeira e nem serei a última a sofrer atos racistas, mas jamais poderia me omitir. Não cabe mais tolerarmos preconceitos em pleno século XXI. A esse senhor, lamento profundamente que ache que as chicotadas que nossos antepassados levaram há séculos, não serviriam hoje para que nunca mais um negro se subjugue à mão pesada de qualquer outra cor de pele. Basta de ódio! Chega de intolerância!”
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.