Casemiro festeja taças no Real e desabafa: “se fosse preguiçoso não estaria aqui”
A temporada 2016/2017 começou para Casemiro da mesma maneira que terminou a anterior: com título. O Real Madrid levou o título da Supercopa da Espanha ao derrotar o Sevilla, na última terça-feira, em partida disputada na Noruega. A conquista só aumenta o desejo por mais taças.
Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, o volante comemora o fato de ter se firmado como peça fundamental no esquema do técnico Zinedine Zidane, espera continuar na seleção brasileira, agora com Tite, e rebate o pentacampeão Edmilson, que disse que ele era preguiçoso nos tempos de São Paulo.
A última temporada foi sua melhor na carreira?
Sim. Consegui me firmar como titular do Real, ganhei mais uma Liga dos Campeões, voltei à seleção… Todos os meus objetivos foram alcançados. Mas não sou de me acomodar, de achar que isso está bom. Quero sempre mais, quero conquistar cada vez mais vitórias, mais títulos. Vou trabalhar muito e continuar me dedicando ao máximo para que outras temporadas ainda melhores estejam por vir.
Quais motivos você aponta para esse enorme crescimento?
Trabalho. Desde as categorias de base do São Paulo, sempre procurei melhorar e evoluir a cada treinamento. Desde pequeno peguei o costume de perguntar para meus técnicos o que preciso aperfeiçoar. Sou muito exigente comigo mesmo, quero sempre evoluir. No Real Madrid, cheguei ainda com 20 anos, então era normal que eu demorasse um pouco para me firmar como titular. Mesmo assim, ainda joguei 25 jogos em 2013-2014 e, inclusive, atuei nas oitavas, quartas e semifinais da Liga dos Campeões, que acabamos campeões. Para o primeiro ano foi muito bom. Depois, optei por ser emprestado ao Porto, porque vi uma boa chance para jogar mais, em um clube estruturado, e deu tudo certo. Sabia que voltaria ao Real. Consegui coroar esse retorno com uma grande temporada e o segundo título da Liga dos Campeões.
O pedido do Zidane para você tomar cuidado com o passe foi fundamental para virar titular?
O Zidane foi um cara que sempre procurou me aconselhar, desde quando ainda era auxiliar do (Carlo) Ancelotti. Quando ele assumiu, me senti à vontade para conversar com ele, pedir conselhos e perguntar quais fundamentos podia melhorar. Ele é muito exigente em relação aos passes. Se erro um passe no treino, ele chama a minha atenção. Isso ajuda a querer acertar cada vez mais.
Como é trabalhar com um treinador que foi um craque?
É uma satisfação enorme, um prazer diário. Eu parava para ver ele jogar, é meu ídolo. Quando ele participa de alguns treinos com o grupo, nós pedimos para ele pegar leve. O nível técnico dele é absurdo.
Assistir aos vídeos dos jogos para detectar erros é outro fator que te ajudou?
Com certeza. Vendo os jogos e recebendo esse retorno da comissão técnica, faz você procurar corrigir alguns erros ou pelo menos tentar evitá-los.
O Edmilson disse depois da final da Liga dos Campeões, quando você teve um excelente desempenho, que você “era preguiçoso e não gostava de treinar” nos tempos de São Paulo. Ele tem razão?
Fico surpreso com essa declaração, porque passei mais de dez anos da minha vida no São Paulo e não lembro de ter visto ele em nenhum treino, nem em Cotia nem no CT da Barra Funda. Quem me conhece e quem já trabalhou comigo sabe o quanto eu me dedico nos treinos, o quanto procuro evoluir. É só perguntar aos meus ex-treinadores. Cheguei ao clube com 10 anos, fui capitão do time em boa parte das categorias de base, joguei pela seleção brasileira sub-15, sub-17, sub-20. Com 20 anos já tinha mais de 100 jogos como profissional pelo São Paulo. Você acha que eu teria conquistado tudo isso sendo preguiçoso e não gostando de treinar? Mas respeito muito o Edmílson. Não é por causa disso que vou deixar de reconhecer o que ele conquistou no futebol, foi campeão mundial com a seleção. É um direito dele de falar.
A demissão do Dunga da Seleção te surpreendeu?
O Dunga é um cara vitorioso, competente e já conquistou títulos como jogador e como técnico da Seleção Brasileira. Então, ele merece todo o nosso respeito. Infelizmente, quando os resultados não aparecem, é normal que façam mudanças. Faz parte do futebol
O que aconteceu na Copa América, quando o Brasil caiu na primeira fase?
É difícil explicar. Vejo diversas análises, opiniões diferentes. Mas pode ter certeza de que temos a consciência de que a seleção pode jogar um futebol melhor. Temos grupo e qualidade para isso. O povo brasileiro, que sempre foi apaixonado por futebol, merece ver uma seleção sempre competitiva e brigando por títulos.
A escolha do Tite foi acertada?
Era quase uma unanimidade, não tem nem o que questionar. Ele vinha fazendo um grande trabalho no Corinthians, conquistou títulos, virou ídolo. Nos últimos anos, o Corinthians virou referência de futebol bem jogado e organizado, graças ao Tite. Ele tem seus méritos, e acho que tem tudo para dar certo na seleção.
A chegada dele muda alguma coisa na sua cabeça?
Espero que ele goste de mim (risos). Mas, falando sério, não muda muita coisa. Sei que para me firmar na seleção preciso estar bem no Real. Tenho de continuar trabalhando duro diariamente no meu clube, mantendo meu futebol no mais alto nível, e assim naturalmente terei chance na seleção. Defender o meu país é sempre um sonho, um objetivo.
Cristiano Ronaldo ou Messi?
Cristiano Ronaldo. Acompanho o dia a dia dele e fico admirado de ver o que ele faz nos treinos, nos jogos. É um cara que trabalha muito para ser o melhor, para ganhar tudo, para ser campeão, para bater recordes. Ele merece ser considerado o melhor do mundo.
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