Caso Fifa: “Brasil está no centro. Temos de investigar”, diz ex-diretor da Interpol

  • Por Jovem Pan
  • 27/05/2015 17h18

Romeu Tuma Júnior deixou o ministério da Justiça em 2010 após ser acusado de envolvimento com a máfia chinesa

Agência Brasil Romeu Tuma Júnior deixa o ministério da Justiça em 2010

A prisão de dirigentes da Fifa pelo FBI e pela polícia suíça aconteceu na cidade de Zurique, Suíça, na sede da entidade máxima do futebol. A estratégia dos agentes foi justamente prender todos os acusados ao mesmo tempo e fora de seus países de origem. Para entender os trâmites e detalhes da operação, a Rádio Jovem Pan conversou com Romeu Tuma Júnior, ex-secretário nacional de Justiça e ex-diretor da Interpol no Brasil.

“O desencadeamento da operação foi estratégico para aproveitar a oportunidade de grande parte dos alvos estarem no mesmo lugar. Se cada um deles estivesse em seu país seria mais difícil. O ex-presidente da CBF (José Maria Marin) estava na Suíça, se estivesse no Brasil, a polícia americana teria de pedir à brasileira para prendê-lo. Isso até poderia acontecer, mas não seria extraditado por ser um cidadão brasileiro”, explicou Tuma. “Se você vai prender uma quadrilha que vai assaltar um banco, espera eles se reunirem pra prender todo mundo de uma vez”.

Entretanto, a extradição dos acusados ainda vai depender da autorização da justiça suíça, caso eles recorram da decisão. “Se nomearem um advogado para evitar a extradição, isso pode demandar um julgamento interno na Suíça e depois um processo no Ministério da Justiça de lá. Se ninguém recorrer, serão extraditados imediatamente. Acredito que houve uma ordem de prisão expedida pela justiça suíça. Primeiro para prender os responsáveis, e a polícia suíça deve ter pedido a extradição consequentemente”.

As consequências da investigação não devem se limitar, entretanto, aos acusados, mas também a seus países de origem. E, segundo Romeu Tuma, o Brasil está no centro do escândalo. “Inúmeros crimes que foram denunciados ocorrem no país de origem dos acusados ou a partir desses países. O Brasil tem uma imensa responsabilidade de começar uma investigação para ontem. Tem de imediatamente mandar uma equipe de policiais em cooperação com os dos EUA, pedir os documentos e instaurar um procedimento aqui e investigar”, disse.

Para o ex-diretor da Interpol, a investigação interna seria fundamental para a imagem do Brasil. “Acho que essa investigação nasceu de uma delação premiada feita pelo J. Hawilla (dono da Traffic, também envolvido em irregularidades). O denunciante maior é um brasileiro, uma empresa brasileira. Não adianta dizer que estaremos apoiando. Temos de investigar. O nome do país, do futebol brasileiro, está completamente maculado”, finalizou.

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