Certa ou errada? JP analisa decisão por torcida única nos clássicos paulistas

  • Por Jovem Pan
  • 05/04/2016 12h09
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Facebook/Reprodução torcida corintiana festeja o Penta em 2011

Uma decisão anunciada pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) no fim da tarde da última segunda-feira mexeu com as estruturas do futebol paulista. O órgão definiu que, até 31 de dezembro de 2016, todos os clássicos entre times do estado terão torcida única, independente do campeonato, estádio ou rivalidade. A medida foi tomada após a violência entre as facções ficar insustentável, com morte, ferimentos e inúmeros confrontos no último domingo, antes, durante e depois da partida entre Palmeiras e Corinthians, no Pacaembu. 

Alguma coisa deveria ter sido feita, isso é inegável. Mas será que proibir o acesso de torcedores visitantes aos jogos mais esperados pelos principais clubes de São Paulo resolverá o problema da violência? Até mesmo nos clássicos, confrontos entre torcidas rivais dentro dos estádios são raros. A maior parte dos enfrentamentos costuma ocorrer longe das arenas, em lugares definidos com antecedência. 

Esta decisão da SSP-SP, então, não prejudicará apenas aos clubes e “torcedores de bem”, que não poderão mais ir aos estádios em clássicos como visitantes? Ou a atitude foi correta, visto que os times geralmente alimentam as organizadas com ingressos, garantindo-lhes praticamente 100% dos lugares em partidas fora de casa contra rivais? A questão é bastante polêmica. Para ajudá-lo a escolher um lado, querido internauta, o Jovem Pan Online conversou com alguns dos integrantes da equipe de esportes da Rádio Jovem Pan. Eles, como sempre, não fugiram do tema e deram as suas opiniões. 

Confira abaixo: 

Marcio Spimpolo 

“Eu torço para que essa medida resolva os problemas de violência no futebol. Eu não concordo com as punições aos clubes, porque não é correto achar que o Palmeiras, o Corinthians, o São Paulo e o Santos sejam culpados pelo que acontece a 30 km, 40 km dos estádios. Mas, ao mesmo tempo, você precisa, de alguma maneira, relacionar isso aos clubes porque todas as outras coisas que foram feitas até hoje não surtiram efeito. Temos de ver se essa decisão ao menos inibe as ações desses torcedores organizados. Claro que ela não equacionará o problema, mas que vai diminuir, com certeza vai”. 

Nilson Cesar

“Eu acho que essa decisão da SSP-SP resolve os problemas parcialmente. Os encontros desses torcedores não são nos estádios. Se você for analisar nas últimas décadas, as brigas dentro do estádio quase que inexistem. Elas são marcadas longe dos estádios. O que minimizaria seria um trabalho de prevenção muito sério nos dias de grandes jogos, uma checagem nas redes sociais, na internet, buscando os pontos de encontro entre os torcedores... Sou favorável, sim, à torcida única nos grandes clássicos, porque minimiza os problemas, mas isso não resolve. É muito mais amplo do que só não permitir torcedores visitantes nos clássicos.”

Zeca Cardoso 

“Não acho que tirar a torcida visitante dos clássico vai resolver a violência. Pelo simples motivo de que o problema não está mais dentro do estádio de futebol. Esses caras estão preocupados em brigar, independente do lugar. Teve um confronto recentemente em Guarulhos, um em São Miguel Paulista, outro no Brás e apenas um pequeno próximo ao Pacaembu. Então, não vai resolver. O problema é muito maior e, a meu ver, está muito relacionado a impunidade. Ele deveria ser atacado na raiz, e a raiz está nos clubes.  

Eles têm de ser responsabilizados pelas torcidas organizadas, porque ele têm, sim, relação direta com elas. Como as uniformizadas conseguem ingressos e contam sempre com um setor destinado a elas nos estádios? Tem de haver punição a esses caras, porque eles estão cometendo crimes. Prisão, afastamento dos estádios… O código civil está aí para ser cumprido. Não precisa de uma lei do futebol. Essa decisão por torcida única é jogar para o povo, mostrar para as pessoas que o Ministério Público está fazendo alguma coisa. E, para mim, na verdade, não: ele está fugindo do problema. Há anos não há mais briga entre torcidas dentro dos estádios”. 

Fausto Favara 

“Momentaneamente, eu acho que é a decisão por torcida única é a ideal a se tomar. Acho que, agora, vai aumentar o número de famílias nos estádios, número de crianças, idosos… O último clássico Palmeiras x Corinthians não lotou o Pacaembu, o que é uma piada. O torcedor não tem coragem de ir a um jogo de extrema rivalidade com duas torcidas. Acho que não vai resolver todos os problemas. Para o MP, esta foi a medida mais sossegada a se tomar neste momento. Tapa um buraco, mas ainda tem um monte aberto. Com torcida única, o policiamento perto dos estádios será menor, então haverá condições de tomar conta de outros espaços na cidade de São Paulo. Mas acho que, tratando-se de uma metrópole como São Paulo, chega a ser uma piada você precisar fazer jogo com torcida única para ter mais policiamento em outros lugares”.

Wanderley Nogueira

José Manoel de Barros

“Não é a solução definitiva, mas eu sempre fui a favor de torcida única nesses clássicos, porque, se você notar, nesses 5%, 10% de torcedores visitantes, só a tropa de choque da torcida uniformizada é que se faz presente. Na verdade, com o modelo que estava sendo seguido, você beneficiava aqueles que afugentam o bom torcedor dos estádios, que são os maus torcedores. Você não vê o bom torcedor como visitante nestes clássicos. Não há segurança para isso. E, aí, muitas vezes os próprios clubes perdem dinheiro, porque não conseguem colocar mais público no estádio justamente por causa do temor das pessoas com relação às organizadas visitantes. Elas não fazem nada para coibir a violência. Muito pelo contrário”.

Mauro Beting

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