Cerveja como hidratante ideal após o exercício, mito ou realidade?
María José Brenes.
San José, 13 abr (EFE).- Após uma jornada intensa de exercícios, muitos desejam saciar a sede com uma cerveja bem gelada, ainda mais se o sol estiver forte, mas será que essa é a melhor opção para se reidratar ou isso não passa de um mito?
Segundo um estudo do Centro de Pesquisa em Ciências do Movimento Humano (Cimohu) da Universidade da Costa Rica (UCR), a cerveja não é uma boa escolha após fazer esporte, porque não ajuda na recuperação do líquido perdido.
Esta nova análise contradiz outras publicações que foram divulgadas nos últimos anos nos meios de comunicação internacionais.
Um exemplo é o estudo apresentado em Bruxelas em 2011 durante o “VI Simpósio Europeu em Cerveja e Saúde”, onde especialistas médicos asseguraram que o consumo moderado de cerveja após praticar exercício físico é tão efetivo como a água para a reidratação e a recuperação.
Nesse momento, pesquisadores espanhóis da Universidade de Granada expuseram seus resultados e recomendaram o consumo da bebida fermentada para todas as pessoas que não tivessem nenhuma contraindicação.
Com o novo estudo divulgado na Costa Rica, se rompe esse velho mito de que a cerveja é um hidratante ideal.
“Faz sentido que algumas pessoas pensem que a cerveja pode servir para se hidratar, mas na realidade o que acontece é que se sentem bem porque é muito refrescante, é diferente. Para me refrescar posso fazer isso com um pedaço de melancia”, declarou à Agência Efe o pesquisador Luis Fernando Aragón.
Segundo o especialista, a diferença deste estudo para outros realizados é que foi usada unicamente a cerveja como hidratante, enquanto análise experimentais de outros países utilizaram um pouco de cerveja (41%) e mais um tanto de água (59%).
O estudo da UCR comparou a conservação de líquido, a alcoolemia, o tempo de reação e o equilíbrio após perder líquido por exercício no calor e recuperar essa perda com água, cerveja sem álcool e cerveja com álcool.
Foram recolhidas amostras de 11 pessoas acostumadas a beber cerveja e com uma condição física apropriada para realizar exercícios físicos durante uma hora para desidratar até 2% da massa corporal.
“Após três horas de monitoração, quando os participantes tomaram cerveja, só conservaram uma quarta parte do líquido, o resto foi urinado. Se comparado com cerveja sem álcool e com água, foi observado que mantinham 50% de líquido no corpo”, explicou Aragón.
O pesquisador assegurou que nem pelo menos a água ajuda a repor os nutrientes que se perdem durante o exercício.
O estudo não trabalhou com bebidas hidratantes, mas Aragón assinalou que suas propriedades incluem mistura de água e sais minerais como sódio, potássio, magnésio e cloros, que conservam entre 60% e 70% do líquido corporal.
A análise da UCR, além disso, demonstrou uma deterioração dos reflexos dos participantes de dois centésimos de segundo e o equilíbrio se deteriorou 36% comparado com a água e a cerveja sem álcool.
Na média, a alcoolemia subiu acima de 0,8 gramas por litro de sangue no final da reidratação com cerveja, e estava na média acima de 0,5 no final das três horas.
A quantidade de cerveja ingerida foi a mesma que se tinha perdido por sudoração, cerca de 1.600 mililitros na média, o que representa quatro latas e meia da bebida fermentada, com um nível de álcool de 4,6%.
Aragón explicou que embora a cerveja tenha malta e eletrolitos que são favoráveis para a reidratação, tem em concentrações muito baixas que não servem para marcar uma diferença. EFE
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