CGU detecta irregularidades em contratos da Confederação Brasileira de Vôlei
Relatório divulgado nesta quinta-feira (11) pela Controladoria-Geral da União (CGU) apontou irregularidades em 13 contratos da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) que, juntos, somam R$ 30 milhões. As investigações revelaram que empresas contratadas pela CBV pertencem a dirigentes e ex-dirigentes da confederação ou de pessoas ligadas a eles.
Segundo a CGU, parte dos bônus de performance ofertados pelo Branco do Brasil (BB) não era paga pela CBV aos atletas e à comissão técnica. Isso ocorreu, de acordo com o relatório, ao mesmo tempo em que houve um aumento de despesas administrativas e operacionais, entre 2010 e 2013, “muito maior” que os índices de inflação no período. Foi quando, conforme a controladoria, a CBV contratou empresas de dirigentes, ex-dirigentes e de seus parentes.
O dinheiro ia para empresas de pessoas ligadas à CBV, conforme apuraram técnicos da CGU. Duas delas, de propriedade de genros de Ari Graça, ex-presidente da CBV, receberam R$ 2,7 milhões. A suspeita da controladoria é que essas empresas não existam. Duas empresas, sem sede física e que têm como sócio o ex-diretor da CBV Marcos Antônio Pina Barbosa, receberam juntas R$ 6,6 milhões.
O relatório diz também que o ex-superintendente da confederação Fábio Azevedo é sócio de três empresas que receberam R$ 14 milhões da CBV e nenhuma tem estrutura física. Outro ex-superintendente da entidade, José Fardim, é proprietário de uma empresa que recebeu R$ 1 milhão. De acordo com a CGU, mais cinco empresas ligadas a dirigentes da confederação receberam, ao todo, R$ 5 milhões.
“A verificação dos atuais ocupantes de cargos de direção da CBV e o confronto com as empresas que prestaram serviços a ela revelam a continuidade da prática de contratação de empresas ligadas a dirigentes e funcionários da entidade”, diz a controladoria, em nota. O órgão fez recomendação à CBV e ao BB.
Para a Confederação Brasileira de Vôlei, a CGU recomendou medidas administrativas e legais para ressarcimento dos gastos com serviços sem comprovação de execução, a adoção de um regulamento para contratações que defina padrões de governança mínimos e a instituição de um comitê para apoio do conselho diretor na tomada de decisões de longo prazo.
A CGU informou que o Banco do Brasil não é responsável pelas irregularidades, mas recomendou o fortalecimento dos controles internos em relação aos patrocínios, em geral, e que o banco verifique o cumprimento de uma série de condições pela confederação de vôlei.
Em nota, o Banco do Brasil informou que suspendeu os pagamentos à confederação referentes aos contratos de patrocínio e condicionou a retomada dos pagamentos – e a continuidade do patrocínio – à adoção pela CBV de todas as medidas corretivas apontadas pela controladoria. “Parte das medidas apontadas pela CGU foi previamente identificada pelo BB e consta de aditivo contratual que foi negociado com a CBV, porém, sem resposta final por parte da confederação.”
A CBV diz, em nota, que tomou providências visando a implantar uma governança responsável, que já havia contratado auditoria para analisar os exercícios anteriores e que desde abril publica mensalmente balancetes em seu site. “De posse do relatório final da auditoria da CGU, a CBV tomou as medidas que estão ao seu alcance legal […] O esforço agora é para implementar aquelas que são essenciais para a melhoria do voleibol brasileiro, a exemplo da criação do Conselho de Apoio à CBV, formado por atletas, técnicos e a comunidade do voleibol”.
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