Chuva, o quebra-cabeças de um Roland Garros preparado para crescer

  • Por Agencia EFE
  • 04/06/2014 15h58
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Javier Albisu.

Paris, 4 jun (EFE).- A ampliação de Roland Garros, coberta por polêmicas, atrasos e superfaturamento, cobra urgência cada vez que, como hoje, a chuva estraga o Grand Slam de Paris, onde nenhuma das 19 quadras de saibro é coberta, o que permitiria jogar tênis durante a chuva, ao invés de torná-la protagonista do evento.

Em comparação com as outras três grandes competições do ano, o torneio, criado em 1920, ficou pequeno e arcaico e nem mesmo a quadra central de Philippe Chatrier, onde todos os anos é disputada a final, diante de aproximadamente 15 mil espectadores, conta com um teto retrátil para proteger o melhor tênis em saibro do mundo de imprevistos meteorológicos.

Em dias de chuva, milhares de torcedores – dos 460 mil que durante duas semanas assistem ao segundo Grand Slam do ano – buscam refúgio em algumas marquises, onde esperam, pacientes e espremidos, que as nuvens de Paris aliviem o tênis das chuvas.

E terão que continuar fazendo o mesmo, pois nada deve mudar até 2019, quando a principal quadra do torneio terá pela primeira vez a tão esperada cobertura retrátil, anunciada desde 2011.

Será a obra final de um projeto para modernizar todo o complexo esportivo do Bosque de Bolonha, ao sudoeste de Paris, que começará a mudar de aparência a partir de 2017.

Para esse ano, e graças a um crescente orçamento que já superará os 340 milhões de euros (aproximadamente R$ 1,05 bilhão), deverão ser concluídos um novo edifício principal e a ampliação da área exclusiva onde ficam instalados os patrocinadores, chamada “Village”, assim como da polêmica quadra dos Jardins Auteuil.

Essa nova quadra, desenhada pelo arquiteto Marc Mimram, que terá capacidade para 5 mil espectadores e será rodeada por plantas, foi o que mais gerou dor de cabeça à Federação Francesa de Tênis (FFT), pois devido a razões culturais e ambientais tentaram paralisar judicialmente o projeto.

Os críticos consideram que as obras não deveriam afetar o Jardim Botânico de Auteuil, um espaço criado em 1897 pelo arquiteto Jean Camille Formigé, registrado atualmente como patrimônio natural. Esse lar de 10 mil plantas tropicais será remodelado para aumentar em 2 hectares a metamorfose de Roland Garros, que no total passará de 8,5 a 14 hectares.

“Nossos críticos ainda terão a possibilidade de se manifestar, mas a justiça confirmou a viabilidade de nosso plano. Atualmente, não há razões para estarem preocupados com o futuro”, comentou o diretor do torneio, Gilbert Ysern, durante a atual edição do Grand Slam de Paris.

A federação espera que os assuntos relacionados à esfera jurídica terminem em outubro e que seja dado o sinal verde definitivo para um projeto apoiado pela prefeita da capital francesa, a socialista Anne Hidalgo, da mesma forma que por seu antecessor, Betrand Delanoë.

Além das batalhas jurídicas pendentes, a remodelação de Roland Garros começará depois da edição de 2015 e complicará o desenvolvimento do torneio em 2018.

“A edição de 2018 deve ficar bastante alterada, já que a quadra central não estará terminada, mas tentaremos fazer os trabalhos da forma menos visível possível”, diz a organização.

Um ano depois, as obras terão terminado, e a quadra Philippe Chatrier contará com o tão sonhado teto retrátil, que não só servirá para evitar a chuva inconveniente, que em 2012 obrigou a adiar em dois dias a final entre o espanhol Rafael Nadal e o sérvio Novak Djokovic e prolongou a partida até o anoitecer.

“Não serão sessões noturnas propriamente falando (como ocorre nos Abertos da Austrália e dos Estados Unidos), mas uma sessão de tarde, que não nos obrigue a suspender o tênis por falta de luz por volta das 21h30 (local)”, acrescentaram os organizadores.

O objetivo é que a última partida tenha início às 19h30 e termine por volta das 23h, salvo incidentes, pois na categoria masculina são disputados cinco sets e o encontro mais longo, entre Fabrice Santoro e Arnaud Clément em 2004, durou 6h33min. EFE

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