Colômbia mata saudades da Copa e de “casa” com vitória sobre a Grécia
Belo Horizonte, 14 jun (EFE).- Após 16 anos de ausência em uma Copa do Mundo, a Colômbia reestreou neste sábado no torneio com vitória por 3 a 0 sobre a Grécia com direito a uma multidão em festa nas arquibancadas do Mineirão que fez seus jogadores – na maioria defendendo equipes europeias – se sentirem em casa, como se fosse no El Campín de Bogotá, no Metropolitano de Barranquilla ou em qualquer outro estádio do país.
A participação da torcida foi decisiva desde o momento em que as seleções se perfilaram em campo. Com presença maciça, os colombianos cantaram o hino à capela, até o fim, da forma consagrada pelos brasileiros na Copa das Confederações e na estreia dos comandados de Luiz Felipe Scolari no Mundial, contra a Croácia, na última quinta-feira.
Embalados pelos cânticos incessantes no “Minerón” – como os torcedores colombianos chamavam o estádio -, a equipe dirigida pelo argentino José Pekerman impôs seu estilo mais técnico que o dos gregos e levou a melhor no duelo que abriu o grupo C com gols de Pablo Armero, Teófilo Gutiérrez e James Rodríguez. E já que o tom do jogo foi matar a saudade, a comemoração do primeiro gol foi especial para os palmeirenses, com a dança “Armeration” que se tornou famosa quando o lateral passou pelo Alviverde.
A próxima partida da Colômbia será na quinta-feira, no Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, contra a Costa do Marfim. No mesmo dia, na Arena das Dunas, em Natal, a Grécia vai encarar o Japão.
Essa é uma Copa do Mundo no Brasil, mas seu caráter sul-americano como um todo vem se refletindo desde o uso de rojões – como no caso do jogo de ontem do Chile – até o número majoritário de torcedores do continente nas arquibancadas, que diferencia o torneio dos que foram disputados na Europa, por exemplo. E o ritmo mais cativante pareceu influenciar os jogadores colombianos, que partiram para cima da defesa grega – para muitos uma muralha intransponível – e, logo aos seis minutos, abriram o placar.
Foi quando o meia Cuadrado se vestiu de ponta direita das antigas, deu belo drible de corpo sobre Holebas e tocou rasteiro em direção à área. James Rodríguez fez corta-luz e Armero chegou batendo para o gol. A bola desviou no zagueiro Manolas e “matou” o goleiro Karnezis. Junto com os companheiros, o ex-lateral do Palmeiras mostrou o ritmo do “Armeration” para o mundo.
Acostumados a se fechar na zaga e esperar a hora certa para um contra-ataque letal, os gregos, comandados pelo português Fernando Santos, tiveram que mudar suas características. Até ameaçaram a zaga colombiana em algumas ocasiões, como aos 27 minutos, quando após cobrança de falta de Holebas, Torosidis, com uma cabeçada, assustou o goleiro Ospina.
Até o fim do primeiro tempo, não houve outras chances claras de gol para os dois lados. O curioso é que a Grécia foi para o intervalo com mais posse de bola (59%) do que os adversários, comprovando a mudança de sua característica. Mas faltava a mesma qualidade técnica, essa característica latente em muitos sul-americanos e tão em voga na atual geração da Colômbia.
Com menos posse, mas “mais bola”, os colombianos, mesmo cochilando em alguns momentos da partida, foram mais perigosos que os gregos quando chegavam ao ataque.
Aos quatro minutos do segundo tempo, mesmo atrapalhado pela marcação, James Rodríguez, o melhor em campo junto com Cuadrado, deu o sinal de que o segundo gol da Colômbia estava próximo, ao chutar e obrigar Karnezis a fazer boa defesa. Aos 13, o inevitável aconteceu. O cerebral meia cobrou escanteio e Teófilo Gutiérrez tocou para o fundo da rede.
A Grécia quase conseguiu descontar aos 18, quando Gekas acertou o travessão em forte cabeçada, mas no minuto seguinte, Rodríguez, imarcável, só não levou a Colômbia a mais um gol porque errou uma tentativa de assistência após uma arrancada fulminante.
Ao som do “olé” de seus torcedores, a Colômbia passou a tocar a bola e administrar a vantagem. Mas os gregos não jogaram a toalha e, aos 39, Samaras só não descontou porque seu chute colocado, fora do alcance de Ospina, passou muito perto da trave direita, mas para fora.
O tiro de misericórdia colombiano foi dado aos 48. E pelo “pistoleiro” ideal: James Rodríguez. Após uma falta cobrada rapidamente, Cuadrado, de costas, tocou para o camisa 10, que bateu cruzado. Karnezis chegou a tocar na bola, mas teve que buscá-la dentro do gol.
Com o resultado deste sábado, a Grécia manteve a sina de perder em estreias em Copas do Mundo e sem marcar gols. Em 1994, o algoz foi a Argentina de Diego Maradona (4 a 0), e em 2010 a Coreia do Sul levou a melhor (2 a 0).
Já os colombianos, considerados uma força emergente nesta edição, só conheceram o gosto de uma vitória em uma Copa pela quarta vez em cinco participações (com total de 14 jogos). E mostraram que, com o apoio da torcida, têm tudo para repetir o feito em breve e ir mais longe do que jamais chegaram.
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Ficha técnica:.
Colômbia: Ospina; Zúñiga, Zapata, Yepes e Armero (Arias); Aguilar (Mejía), Carlos Sánchez, Cuadrado e James Rodríguez; Gutiérrez (Jackson Martínez) e Ibarbo. Técnico: José Pekerman.
Grécia: Karnezis; Torosidis, Manolas, Papastathopoulos e Holebas; Katsouranis, Maniatis e Kone (Karagounis); Salpingidis (Fetfatzidis), Samaras e Gekas (Mitroglou). Técnico: Fernando Santos.
Árbitro: Mark Geiger (Estados Unidos), auxiliado por Mark Hurd (Estados Unidos) e Joe Fletcher (Canadá).
Gols: Armero, Gutiérrez e James Rodríguez (Colômbia).
Cartões amarelos: Carlos Sánchez (Colômbia); Papastathopoulos, Salpingidis (Grécia).
Estádio: Mineirão, em Belo Horizonte. EFE
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