Com medidas preventivas, dirigentes minimizam risco de zika na Olimpíada do Rio

  • Por Estadão Conteúdo
  • 31/05/2016 08h13
O Ministério da Saúde confirmou a terceira morte provocada pelo zika em adultos no Brasil. Foto: Fernanda Carvalho/ FotosP Públicas Fernanda Carvalho / Fotos Públicas Aedes aegypti

As autoridades brasileiras tentam dar resposta rápida à comunidade olímpica internacional para minimizar o desgaste de imagem causado pela carta enviada à Organização Mundial da Saúde (OMS) por 150 cientistas solicitando que a Olimpíada do Rio seja adiada por causa do vírus zika. Nesta semana, o Comitê Organizador dos Jogos vai dar garantias ao Comitê Olímpico Internacional (COI) de que todas as instalações esportivas serão alvos de inspeções e limpezas diárias, em um esforço para tentar reduzir ao mínimo a possibilidade da transmissão do zika

Em Lausanne, o presidente do Comitê, Carlos Arthur Nuzman, estará reunido com a cúpula do COI para debater os últimos detalhes para o evento. “Nossa missão é proteger atletas e turistas. Isso vai ser feito com informação sobre como evitar da melhor forma a picada do mosquito, além de inspeções diárias a cada uma das instalações e uma limpeza nas áreas todos os dias”, informou o Comitê.

Segundo os organizadores, cada uma das instalações contará com um grupo específico de pessoas para cuidar da questão de saúde. Nesta semana, os brasileiros estarão com representantes dos maiores patrocinadores do COI – entre eles o McDonald’s, Coca-Cola e Omega – para explicar o que está sendo feito para minimizar os riscos.

Para João Grangeiro, diretor de Serviços Médicos do Comitê Rio-2016, a ação dos especialistas foi um ato de “irresponsabilidade”. “A gente estranha muito esse anúncio feito por 150 cientistas, em uma hora crítica e delicada como essa, e que eles sequer tenham feito uma consulta à Fundação Oswaldo Cruz, um instituto que estuda as doenças tropicais há vários anos no País”, reclamou.

Grangeiro afirma que o Comitê Rio-2016 está “absolutamente alinhado” com a OMS e com o COI. Além disso, prevê uma queda da proliferação do mosquito Aedes aegypti nos próximos meses. “A OMS tem indicadores muito claros e bem definidos das autoridades públicas de saúde do Brasil dizendo que todos os casos de infestação por Aedes, não só zika, mas chikungunya e dengue, estão caindo drasticamente na cidade do Rio de Janeiro. A expectativa é que já no mês de junho tenhamos números baixíssimos de infestação pelo mosquito”, disse.

O Ministério da Saúde argumenta que a incidência de zika no período dos Jogos é muito menor em relação a outros meses do ano, por causa da mudança de clima, quando o tempo fica mais frio e seco. “Respeitamos a opinião de alguns autores, mas discordamos das argumentações. A sazonalidade da doença começa de dezembro, tem pico em fevereiro e março, depois cai em junho. Nos meses da Olimpíada e da Paralimpíada, a incidência é bem menor”, disse Wanderson Oliveira, coordenador-geral de Vigilância e Resposta às Emergências em Saúde Pública (CGVR).

Os dados históricos mostram que realmente a presença do mosquito diminui consideravelmente nos meses de agosto e setembro. Além disso, Oliveira entende que, por causa das ações de combate e prevenção que estão sendo feitas, o padrão também será alterado. “Semana passada estava em Genebra, na Assembleia Mundial da Saúde, diante de várias delegações, e todos se sentiram muito confortáveis com as informações que demos”.

Apesar de o jogador espanhol de basquete Pau Gasol ter dito ontem em entrevista que considera não vir aos Jogos por temor de contágio, as autoridades brasileiras dizem que as delegações estrangeiras não cogitam boicotar a competição. Para orientar os viajantes, o Ministério do Turismo criou um canal de comunicação para repassar as informações a mais de 56 mil estabelecimentos e possui uma cartilha eletrônica em vários idiomas, produzida e atualizada pelo Ministério da Saúde.

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