Com missão dura, Guardiola chega ao City para completar “barcelonização” do clube
O Manchester City sempre sonhou com Pep Guardiola, enquanto o treinador espanhol almejava trabalhar na Inglaterra. Juntando a “fome com a vontade de comer”, os citizens confirmaram o acerto com o técnico que deixará o Bayern de Munique rumo à Manchester para completar a “barcelonização” do clube inglês.
Desde que foi comprado pelo City Football Group, presidido pelo árabe Khaldoon Al Mubarak, em 2008, o Manchester City viu no modelo de gestão do Barcelona a fórmula certa para crescer mundialmente. Desde então, o City conquistou a Premier League duas vezes (2012 e 2014), a Copa da Inglaterra (2011), Copa da Liga Inglesa (2014) e Supercopa da Inglaterra (2012) e ainda tem participado de todas edições da Liga dos Campeões da Europa nos últimos anos.
Para se tornar grande, os Citizens não gastaram apenas em jogadores de destaque mundial. A direção do clube inglês decidiu seguir uma filosofia de gestão e para isso utilizou o Barcelona como inspiração. A partir disso, a equipe foi buscar profissionais que consolidaram o modelo do Barça e contratou dois nomes importantes na administração do time catalão.
Vice-presidente de finanças e diretor geral do Barcelona entre 2003 e 2008, Ferran Soriano chegou para ser o diretor executivo do City em 2012. Pouco tempo depois, Soriano levou Txiki Begiristain, que foi diretor de futebol do Barça até 2010, para completar a diretoria da equipe de Manchester.
O clube inglês ainda investiu em jogadores espanhóis, ou com passagens pelo país, como David Silva, Jesus Navas, além de Yaya Touré, que atuou no Barça entre 2007 e 2010, e Aguero, ex-Atlético de Madrid. Assim como o time catalão, o “novo rico” de Manchester passou a investir também nas categorias de base, e em profissionais espanhóis como o preparador de goleiros Xabier Mancisidor e o preparador físico José Cabello, além do treinador Manuel Pellegrini, que é chileno, mas trabalhou em três equipes espanholas (Málaga, Real Madrid e Villarreal).
O sonho e o desafio de Guardiola em Manchester
Contratado, Guardiola chega ao City em junho de 2016 com vínculo de três anos. O treinador desembarca em Manchester não só para completar a “barcelonização” do clube, mas também para cumprir duras missões.
Competitivo ao extremo e absolutamente apaixonado por futebol, Pep sempre teve como objetivo de sua carreira trabalhar no futebol inglês. Em sua biografia “Guardiola Confidencial”, escrita pelo jornalista espanhol Martí Perarnau, o treinador ressalta o sonho de, após encerrar a passagem pela Alemanha, se mudar para a Terra da Rainha e tentar triunfar na Premier League. No livro, Guardiola ainda destaca que, após experiência inglesa, o objetivo será dirigir uma seleção para depois se aposentar do futebol.
Na Inglaterra, Pep verá um cenário totalmente diferente do que encontrou na Alemanha. Quando chegou ao Bayern de Munique, em 2013, o treinador vinha de um ano sabático, e recebia um time campeão europeu e superior aos rivais da Bundesliga. Em três anos, o treinador ampliou a soberania do clube bávaro que sobrou no Campeonato Alemão e por muito pouco não chegou a duas finais de Liga dos Campeões.
Agora é diferente: no City, Guardiola vai encarar uma liga mais equilibrada, com uma equipe não tão soberana e que ainda sofre fora de seu país. Embora tenha dois títulos nos últimos cinco anos, o time do Etihad Stadium está longe de comandar o futebol inglês. Mais do que fazer seu novo clube “sobrar” na Premier League, o espanhol terá a missão de internacionalizar o Manchester City. Com apenas um título internacional em sua história (a Recopa Europeia em 1970), os Citizens nunca fizeram uma campanha de destaque na Liga dos Campeões da Europa e apostam no “estilo Guardiola” para alcançar o tão sonhado título europeu. Bagagem para isso o espanhol tem. Em sua carreira, Pep conquistou três vezes a principal competição e clubes europeus: em 1992/93 como jogador, e em 2008/09 e 2010/11 como treinador, sempre com o Barça.
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