Como a Alemanha e um ídolo do Barça tornaram Fagner um “monstro” na defesa
“Espera aí! É o mesmo jogador?”.
O torcedor corintiano que viu Fagner deixar o clube em 2007 e voltar em 2014 certamente estranhou. Aquele lateral ofensivo, que brilhava do meio para frente, mas deixava muita espaço atrás, havia se transformado. Era, agora, um atleta completo, seguro tanto no ataque quanto na defesa.
Passe de mágica?
Não. Muito trabalho.
Em entrevista exclusiva a André Ranieri que vai ao ar no próximo Plantão de Domingo, na Rádio Jovem Pan, Fagner comemorou a melhor fase da carreira e revelou como deixou de ser um lateral direito forte apenas no ataque para se tornar um jogador excelente também na defesa.
A mudança de estilo de Fagner começou em 2012, justamente no país responsável por aplicar o maior vexame da história à Seleção Brasileira. O jogador atuou no Wolfsburg, da Alemanha, por apenas uma temporada, mas foi durante este período que começou a se transformar, praticamente na marra, em um grande marcador.
“Eu evoluí bastante na Alemanha. O futebol de lá tem muito da parte do duelo… É um jogo de muito mano a mano, e, para se dar bem, você tem de conseguir levar vantagem sobre o adversário no um contra um. Então, tive de me adaptar a este estilo o quanto antes e também desenvolver a minha parte física, porque lá é mais puxado, é um jogo que exige mais imposição no corpo a corpo“, explicou.
Fagner se enquadrou muito bem nas características do futebol alemão. Não à toa, em seus primeiros seis meses de Wolfsburg, conseguiu efetuar incríveis 47 desarmes na Bundesliga, tornando-se o líder de roubadas de bola entre as cinco principais ligas europeias (Alemanha, Espanha, Inglaterra, Itália e França).
Os 12 meses na Alemanha foram fundamentais para introduzir no jogo de Fagner inúmeros conceitos defensivos. O aperfeiçoamento, contudo, aconteceu em solo brasileiro. Depois de seis meses emprestado ao Vasco, o lateral direito fechou com o Corinthians e, então, aprimorou o seu antigo ponto fraco com um especialista da posição.
Sylvinho, que jogou na lateral esquerda do Corinthians e virou ídolo do Barcelona durante os cinco anos em que vestiu azul-grená, integrava a comissão técnica do clube alvinegro em 2014. Foi ele, ao lado do auxiliar Fábio Carille, quem lapidou Fagner e tratou de transformá-lo em um jogador importante também do meio de campo para trás.
“A passagem pela Alemanha me ajudou muito, mas o que me fez de fato melhorar defensivamente foi o trabalho do Fábio Carille e do Sylvinho, quando eu voltei para o Corinthians. Eles pegavam muito no meu pé em termos de conversas e vídeos… Me ensinaram muito a parte conceitual da linha de quatro e fizeram com que eu crescesse muito neste aspecto“, admitiu.
A evolução de Fagner foi tamanha, que, hoje, o atleta é um dos líderes do Corinthians em desarmes e parece jogar como um veterano na forte defesa alvinegra. “As pessoas acham que eu sou mais velho, porque já tenho dez anos de profissional. Mas eu só tenho 27 anos. Quando descobrem isto, até se assustam“, brincou o jogador. “Fico feliz por ter jogado no profissional do Corinthians com tão pouca idade e conseguido construir uma carreira sólida. Agora, é dar continuidade a este trabalho. Quem sabe eu não fico mais dez anos entre os profissionais, né?“, encerrou, com a tranquilidade de quem, atualmente, sobra no futebol brasileiro – tanto no ataque quanto na defesa.
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