Como Casemiro passou de renegado no São Paulo a peça chave no Real Madrid
Quando Carlos Henrique Casemiro foi emprestado, no fim de janeiro de 2013, ao Real Madrid Castilla, o time B de um dos maiores clubes do mundo, poucos são-paulinos acreditavam em seu sucesso. Afinal, já haviam desistido de contar com o volante como um grande jogador. Revelado pelas categorias de base do Tricolor, ele despontou como promessa de craque, mas acabou marcado como displicente e sem futuro no futebol.
Mas o futuro de Casemiro é o presente, um presente muito mais bem-sucedido do que os torcedores do São Paulo apostaram em 2013. Depois de chegar ao Castilla, ele foi “promovido” ao Real Madrid após nove jogos disputados e, em junho do mesmo ano, foi comprado em definitivo. José Mourinho chegou a inscrevê-lo para a Liga dos Campeões, mas não o colocou em campo. O reconhecimento mesmo só viria no Porto.
“Talentoso ele sempre foi. Falaram que estava deslumbrado no São Paulo, que ia para a balada, mas não sei se é verdade. Mesmo se for verdade, é até normal para um menino de 20 anos. O clube deveria resolver esse tipo de coisa, mas não soube trabalhar, como muitos casos em que o clube acaba queimando o menino. Muitas vezes entregam cabeças, o time não está bem e sobra para um jogador. No time de hoje são o Lucão e o Michel Bastos. No geral é o clube que não está bem”, lembrou Bruno Prado, comentarista da Rádio Jovem Pan.
O salto definitivo na carreira
Emprestado ao time português na temporada 2014-2015, Casemiro começou a mostrar consistência. Foi titular da equipe e marcou quatro gols, sendo um deles na Liga dos Campeões. “O ano no Porto foi bom para ele porque ele teve a oportunidade de jogar com frequência. Foi um momento muito legal para ele”, disse Bruno Prado. O bom desempenho chamou a atenção do Real Madrid, mas como o Porto tinha a opção de compra de seu passe, os merengues tiveram que pagar mais 7,5 milhões de euros para tê-lo novamente em seu elenco. A transação, à primeira vista prejudicial para o time da capital espanhola, mostrou-se um bom negócio com o passar do tempo.
Sob o comando de Rafa Benítez, Casemiro passou a ter mais importância. Sua função era ser o “carregador de piano”, que protegia a defesa em um meio de campo formado por jogadores técnicos, mas não especialistas na marcação, como Modric, James Rodríguez, Kroos e Isco. Porém, com uma diferença em relação aos cabeças-de-área tradicionais que vemos no Brasil. “Ele faz a marcação pelo meio, mas com bom passe, o que é importante. Aqui no Brasil vemos esse tipo de jogador só como marcador, e é nosso principal atraso em relação à Europa. Lá, eles têm de marcar e jogar, e aqui no Brasil nós dividimos essas funções. O Casemiro inicia as jogadas, e se não tiver um bom passe elas não funcionam”, disse Bruno.
Devorando o trio MSN
O grande momento de Casemiro aconteceu no clássico do último domingo, entre Barcelona e Real Madrid. Mesmo jogando fora de casa, a equipe blanca venceu o rival de virada e o volante brasileiro ficou como o maior responsável por parar o trio de ataque formado por Messi, Suárez e Neymar. Na internet, surgiram memes afirmando que o famoso trio MSN foi parar no bolso do ex-são-paulino. Já o tradicional jornal Marca, da Espanha, o colocou na capa da edição desta segunda-feira como “El Tanque”, “baluarte de Zidane”, técnico do Real, e “peça chave na conquista do Camp Nou”.
Com esse destaque todo, fica uma pergunta: Casemiro merece uma chance na Seleção Brasileira? Para Bruno Prado, sim. “Os três times gigantes da Europa, Real Madrid, Barcelona e Bayern de Munique, são muito melhores que qualquer seleção. O futebol de mais alto nível está na Liga dos Campeões. Então, se o Casemiro é titular no Real Madrid, no mínimo tem de ser convocado. Além disso, é mais jogador que o Luiz Gustavo, que seria seu concorrente principal”, concluiu o comentarista. Ao que tudo indica, os tricolores mais ressentidos com o volante terão de torcer novamente para ele em breve, mas agora com a camisa da Seleção Brasileira.
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