Como o atletismo e uma lesão moldaram o único brasileiro campeão no beisebol
Paulo Orlando: de promessa do atletismo a primeiro brasileiro campeão da MLB
Paulo Orlando: de promessa do atletismo a primeiro brasileiro campeão da MLBO ano de 2015 foi histórico para um atleta brasileiro em especial. Ele não é tão famoso quanto os estrelados ídolos do futebol, os carismáticos lutadores de MMA ou os competentes jogadores de basquete. O nome? Paulo Orlando. O feito? Tornou-se o primeiro ser-humano nascido no Brasil a ganhar o título da MLB, a principal liga de beisebol do mundo.
Mas se engana quem pensa que o outfielder do Kansas City Royals não penou para alcançar a maior glória da carreira. Em entrevista a Fredy Junior, da Rádio Jovem Pan, o brasileiro de 30 anos abriu o coração e revelou que, devido à falta de apoio e oportunidades, por pouco não desistiu de jogar beisebol. O que o motivou a seguir batalhando? A paixão pelo esporte que, se não é tão valorizado pelos brasileiros, conta com legião de fãs nos Estados Unidos, Japão e em países da América Central.
Orlando conheceu o beisebol graças à profissão de sua mãe. Ela trabalhava como faxineira de um médico que presidia o Santo Amaro, clube paulista no qual o esporte era praticado. “Foi mais uma curiosidade, mesmo. Nunca tinha parado para ver jogos de times dos EUA. Só acompanhava partidas amadoras, do colégio”, contou o jogador.
Por muito tempo, o beisebol não passou de um mero hobby para Paulo Orlando. Esportivamente, ele se dedicava ao atletismo e competia pelo clube Pinheiros. Começou correndo os 100 m e 200 m, mas, depois, foi transferido para os 400 m. Seu desempenho nesta prova era tão bom, que ele terminou na oitava posição no Campeonato Mundial Junior de 2004. Orlando chegou até a ser cotado para defender o Brasil nos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro.
Mas ele resolveu abandonar o atletismo para praticar apenas beisebol. Mais precisamente em 2006, quando o técnico cubano Orlando Santana o convidou para fazer testes nos EUA. “Fiquei em dúvida se aceitava a proposta ou não, mas optei por encarar o desafio. Pensava que, se nada desse certo, teria chances de voltar a correr o atletismo um dia”, afirmou o jogador.
Paulo foi fazer os testes nos times de baixo do Chicago White Sox e acabou aprovado. O que encantou os americanos? A velocidade, obviamente. “O atletismo me ajudou muito a chegar até onde eu cheguei no beisebol. Meu diferencial sempre foi a velocidade. Com o atletismo, eu aprendi a correr e aprimorei a parte explosiva“, admitiu Orlando.
Outro fato curioso também ajudou o outfielder a se tornar o primeiro brasileiro campeão da MLB. Já no elenco do Kansas City Royals, Orlando não era cotado para integrar o grupo de 25 atletas inscritos para disputar a liga em 2015. Ele só ganhou a vaga por causa de uma lesão sofrida pela estrela americana Alex Gordon.
“Ele tinha acabado de sair de uma operação na mão, e queriam poupá-lo para a temporada. O técnico estava na dúvida entre levar um jogador-extra no arremesso ou no line-up. Aí, eu fiz uma boa pré-temporada, e o treinador decidiu me levar. Se o Gordon tivesse dias de folga na temporada, eu entraria“, contou Orlando.
E assim aconteceu. O brasileiro ganhou a primeira oportunidade em abril do ano passado e, desde então, tornou-se peça importante da rotação dos Royals. Logo na estreia, foi eleito o melhor homem em campo ao anotar uma rebatida tripla – jogada que seria repetida nos dois jogos seguintes. Daí até o título da MLB, conquistado em novembro, no dia do seu aniversário, foram várias outras alegrias.
Hoje, Paulo Orlando ainda não tem presença garantida no elenco do Kansas City Royals para a próxima temporada. Ela busca a renovação contratual e, mesmo se conseguir, terá de ser escolhido entre os 25 homens do elenco. É difícil, óbvio. Mas, sem dúvidas, o atletismo jogará a seu favor.
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