Conheça Raffael, cearense “adotado” por suíço que ajudou M’Gladbach a renascer

  • Por Luiz V. Andreassa/Jovem Pan
  • 17/06/2015 22h36
Reprodução/Site B. M’Gladbach Raffael comemora um de seus gols contra o Bayern de Munique dentro da Allianz Arena

A maior parte do público brasileiro provavelmente não saberia responder quem é Raffael Caetano de Araújo – talvez seja mais fácil conhecer seu irmão, Ronny, que jogou no Corinthians entre 2004 e 2006. Entretanto, na Alemanha, Raffael já fez seu nome, especialmente entre os torcedores do Borussia Mönchengladbach, time que ajudou a levar a um impressionante terceiro lugar na última edição da Bundesliga e, consequentemente, a uma vaga direta para a próxima Liga dos Campeões da Europa.

Entretanto, o meia-atacante é um personagem que vale a pena conhecer não só pelos seus feitos na última temporada. Nascido em Fortaleza, no Ceará, Raffael trilhou um caminho curioso em sua carreira. Ele jogou futsal na juventude e integrou as categorias de base do Vitória e do Juventus da Mooca antes de ir para o exterior, em 2003. O destino foi improvável: o Chiasso, da Suíça. “Meu empresário me levou para lá. O clube precisava de um jogador com as minhas características e eu aceitei”, conta.

De início, a experiência não foi fácil. “No começo foi muito complicado, chegar sozinho num país frio, com língua diferente. Com o tempo eu superei as dificuldades”. Tanto superou os problemas de adaptação que conseguiu se transferir para o FC Zürich em 2005. Foi no clube da capital suíça que entrou em sua carreira um novo e determinante personagem: o técnico Lucien Favre.

A parceria deu tão certo que Favre o levou para jogar na capital da Alemanha pouco depois de ter sido contratado para treinar o Hertha Berlim. O desafio agora era outro: jogar em uma liga muito mais rica, competitiva e visada que a suíça. Além disso, havia a adaptação a um novo país, com uma língua difícil. O que ajudou foi o reencontro com seu irmão, Ronny, em 2010. “Foi demais, muito legal. Jogamos juntos por três temporadas, convivemos no mesmo ambiente de trabalho. Foi uma coisa inesquecível”, relata o jogador.

Após quatro anos no Hertha Berlim, Raffael foi contratado pelo Dínamo de Kiev, da Ucrânia, mas logo chegou ao Shalcke 04 por empréstimo. A volta definitiva para a Alemanha aconteceu em 2013. O Borussia Mönchengladbach decidiu trazê-lo para integrar a equipe que se estabelecia como uma força importante após passar o começo do século brigando (e às vezes perdendo) para não ser rebaixada. Quem o levou para o time alviverde foi o mesmo guru de FC Zürich e Hertha Berlim: Lucien Favre, o treinador que o tem como um xodó.


“A relação entre nós é das melhores. Ele me dá a confiança que preciso pra jogar, e gosto da maneira que ele trabalha. É como se fosse uma relação de pai e filho, ele fala e eu obedeço, faço o que me pede”, conta Raffael, que tem em seu pai “real”, Caetano, também um ex-futebolista, lateral-direito do Fortaleza na década de 1980. A nova empreitada deu certo, Raffael logo se tornou uma das peças importantes da equipe, principalmente na temporada 2014-2015, quando foi o artilheiro do time na Bundesliga com 12 gols, sendo dois deles os da vitória contra o Bayern de Munique em plena Allianz Arena.

“Foi algo inesperado pela maioria das pessoas. Já era difícil ganhar deles na Arena, imagine fazendo dois gols. Foi algo fantástico”, conta Raffael, que rechaçou a possibilidade de considerar o feito uma “vingança” de um brasileiro pelos 7 a 1 da Alemanha, seleção que tem sua base formada pelo time do Bayern. “Acho que não tem nada a ver uma coisa com a outra, foi o Borussia que jogou contra o Bayern”.

Raffael tem muito a agradecer ao país que o adotou e onde virou ídolo de uma torcida. Por isso, uma volta ao país de origem não parece provável. “Eu sempre tive a vontade de jogar um dia no Brasil, mas é difícil, até porque construí a carreira toda na Europa. Voltar para o Brasil, com os filhos totalmente adaptados, seria difícil”, explica, revelando que, caso isso se concretizasse, gostaria de jogar por São Paulo ou Ceará, seus times de coração.

A relação com a Alemanha parece ser recíproca. Além do carinho da torcida do Mönchengladbach, o ex-meia Lothar Matthäus, um dos grandes nomes do futebol do país, chegou a pedir sua convocação para a seleção treinada por Joachim Löw. “Nunca havia pensado nessa possibilidade, até porque sou brasileiro e torço pelo Brasil. Se surgisse o convite, eu não descartaria. Seria para se pensar e decidir em família”.

Assista aos gols que Raffael marcou na vitória sobre o Bayern de Munique em plena Allianz Arena:

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