Conselho de Paz afegão está aberto para discutir condições dos talibãs
Cabul, 5 mai (EFE).- O Alto Conselho para a Paz do Afeganistão está aberto para discutir as condições apresentadas pelos talibãs para começar negociações que ponham um fim ao conflito no país, como a revisão da Constituição, a abertura de um escritório insurgente e a saída das tropas estrangeiras.
“Estamos abertos para considerar e discutir todas as condições dos talibãs”, disse à Agência Efe o membro da entidade e conselheiro de Assuntos Internacionais do governo Mohammad Ismail Qasimyar.
“As exigências dos talibãs que forem aceitáveis para o nosso povo serão aplicadas”, disse Qasimyar, que acrescentou que o Alto Conselho em Cabul ainda não recebeu as condições expostas pelo grupo insurgente durante uma reunião com representantes do governo nesse fim de semana no Catar.
Cerca de 20 de representantes do governo afegão, do Conselho para a Paz e membros da sociedade civil se reuniram com uma delegação de oito talibãs no sábado e no domingo em um encontro “informal”.
Na conferência, os insurgentes pediram a saída das forças estrangeiras, a retirada de seus líderes da lista de sanções da ONU e a revisão da Constituição como requisitos para começar negociações formais de paz.
Os talibãs, que durante seu governo entre 1996 e 2001 reprimiram duramente as mulheres, expressaram que aceitarão que elas trabalhem e estudem.
A organização Pugwash, que intermediou o encontro, afirmou ontem em comunicado que todas as partes apoiaram “o processo de paz” e que as forças estrangeiras “devem sair em breve” do Afeganistão, embora para isso seja necessário um acordo entre as formações políticas afegãs.
A Pugwash acrescentou que também foi aceita a abertura de um escritório dos talibãs para facilitar as negociações. Qasimyar informou que deverá ser um escritório sem a bandeira branca do Emirado do Afeganistão (como chamavam os talibãs quando governavam o país), ponto que já criou divergências entre os insurgentes e o governo afegão em tentativas anteriores de negociação.
Sobre a reforma da Constituição, o comunicado da Pugwash relatou que todas as partes aceitaram que “a estrutura do sistema político e a Carta Magna seja discutida em detalhes” e que “nenhum partido tenha o monopólio sobre o poder”.
Um porta-voz do ministro das Relações Exteriores Ahmad Shakib Mustaghni especificou em coletiva de presa que o atual Executivo não aceitará um Executivo paralelo e que o país tem “um só governo legítimo”.
O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, enfatizou no final de fevereiro que as bases para as negociações estão em seu melhor momento em 30 anos. Em março, anunciou que seu governo havia finalizado o documento de trabalho que guiaria o processo.
Os insurgentes, no entanto, tinham negado até agora qualquer início de diálogo e advertido que a presença de tropas americanas impossibilitava as conversas.
A Otan encerrou em 2014 a missão de combate no Afeganistão, a Isaf, que foi substituída desde janeiro por quatro mil soldados em tarefas de assistência e capacitação das forças de segurança afegãos.
Ao mesmo tempo, os Estados Unidos deram continuidade à missão “antiterrorismo” no Afeganistão com 9.800 soldados, mas Washington repensa os prazos para retirar as forças do país. EFE
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