Convocado para ser reserva, Rodrigo Pessoa pode recusar ir ao Rio 2016

  • Por Estadão Conteúdo
  • 18/07/2016 15h00
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Rodrigo Pessoa foi campeão olímpico de hipismo em Atenas 2004

Reprodução / Instagram Rodrigo Pessoa foi campeão olímpico de hipismo em Atenas 2004

Rodrigo Pessoa pode abrir mão da possibilidade de disputar os Jogos Olímpicos do Rio depois de ser convocado para ser o reserva da equipe brasileira de saltos. Nelson Pessoa, ex-técnico da seleção e pai de Rodrigo, garantiu à Agência Estado que “a Olimpíada acabou” para o saltador campeão olímpico em Atenas, em 2004. A Confederação Brasileira de Hipismo (CBH), porém, já o inscreveu no Rio-2016 e diz que Rodrigo aceitou a decisão do técnico norte-americano George Morris, contratado no fim do ano passado.

Nelson não quis se prolongar em conversa com a reportagem, mas deixou claro que tanto ele quanto Rodrigo não ficaram satisfeitos com a decisão de Morris, que convocou uma equipe formada por Alvaro Miranda Neto (o Doda), Eduardo Menezes, Pedro Veniss e o desconhecido Stephan Barcha, carioca de 26 anos que monta Landpeter do Feroleto, rara montaria olímpica formada no Brasil. 

De acordo com Nelson, a decisão de não ir ao Rio compete ao filho, mas só o próprio Rodrigo poderia explicá-la. A reportagem tentou contato com o saltador, via telefone, mas não teve sucesso. De qualquer maneira, ele não poderia comentar o fato. Pelo menos não sem quebrar o “código de conduta” imposta pela Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) aos seus atletas. “O atleta membro da equipe do Brasil fica proibido de fazer qualquer tipo de comentário em público ou via imprensa, de qualquer natureza, em caso de não seleção ou convocação”, diz a regra 7 do código.

Questionado sobre o veto a comentários sobre a convocação, o presidente da CBH, Luiz Roberto Giugni, disse, durante coletiva de imprensa, que “o Rodrigo Pessoa é livre para falar o que quiser. Ninguém impede ele. Assim como ele é livre para não ir à Olimpíada”.

Depois, questionado sobre a declaração de Nelson Pessoa, Giugni disse que, antes da entrevista coletiva falou com Rodrigo por mensagem de texto e o cavaleiro garantiu que aceitava a convocação e, ainda que acreditasse que poderia estar na equipe titular, iria ao Rio para ficar à disposição no caso da lesão de um animal. Mesmo assim, só a equipe de salto tem um segundo reserva: Felipe Amaral. No adestramento e no CCE só foram chamados um conjunto reserva.

De acordo com a CBH, a principal montaria de Rodrigo, Ferro Chin, está com uma lesão e tem sofrido com cólicas. O cavaleiro confiava em Status, que, de acordo com Giugni, não apresentou resultados de nível olímpico. A solução foi convocá-lo em conjunto com a égua Citizenguard Cadjanne.

“O Rodrigo já mostrou varias vezes que montando cavalo até um pouco inferior, pode compensar. Mas hoje, com o nível técnico que existe, é uma missão muito difícil. Eu, claro que queria ter o Rodrgio como titular, mas entendo perfeitamente a escolha do técnico. Você depende do cavalo e os resultados dos outros foram um pouco melhores que o dele”, comentou Doda.

A última avaliação para a montagem da equipe foi o Grand Prix cinco estrelas de Aachen (Alemanha), no fim de semana passado. Com Status, Rodrigo foi o 36.º e último colocado. Uma semana antes, na Copa das Nações, na Inglaterra, Stephan e Doda zeraram um percurso que Rodrigo, com Cadjanne, teve oito pontos perdidos

“Eu tenho convicção que a equipe de salto tem uma condição enorme de trazer medalhas para o Brasil. Vejo com muita, muita força. Antes a gente tinha sempre o Rodrigo como uma força muito grande, muito bem montado, entrando para salvar a equipe. Era ele nota 9, outros nota 6, 7. Hoje vejo o nível todo mundo oito, oito e meio, nove. Além disso, é uma equipe muito unida”, completou Doda.

A ausência de Rodrigo Pessoa, porém, não foi a única surpresa. Melhor brasileiro no ranking mundial, Marlon Zanotelli não foi chamado nem para ser segundo reserva. “A gente entende que, apesar de ser excelente cavaleiro, a gente tem que pensar o conjunto. E a gente tem conjuntos melhores no entendimento do treinador”, explicou o presidente da CBH. 

Marlon chegou a participar da Copa das Nações, há duas semanas, mas teve quatro pontos perdidos no primeiro percurso e se retirou da segunda pista depois de 16 pontos perdidos. Após a competição, seu animal, Cash del Mar, ainda apresentou lesão.

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