Dunga elogia Tite, vê Seleção preparada, mas cutuca: “quando eu assumi, ninguém queria”

  • Por Jovem Pan
  • 13/03/2018 10h23 - Atualizado em 13/03/2018 12h42
Técnico na Copa de 2010, Dunga reassumiu a Seleção após o 7 a 1, mas foi demitido em junho de 2016

“A minha mentalidade é um pouco diferente. A gente tem de torcer pelo Brasil. Quanto mais o Brasil ganhar, mais as pessoas que estão ligadas ao futebol vão ter trabalho, emprego. Se o Brasil for mal na Copa do Mundo, os treinadores não vão ter emprego fora do País, e a imprensa vai ter menos espaço, menos publicidade…”.

Afastado do futebol desde que foi demitido da Seleção Brasileira, em junho de 2016, Dunga será um mero torcedor na Copa do Mundo de 2018. O capitão do tetra, que também disputou as Copas de 1990 e 1998 como jogador e comandou o Brasil no Mundial de 2010, acompanha e aprova o trabalho de Tite à frente do selecionando nacional. Mas não deixa de sentir uma ponta de frustração por ter tido o trabalho interrompido a dois anos da Copa da Rússia.

“Não é dor”, avisa o treinador, em entrevista exclusiva a Marcio Spimpolo que vai ao ar no próximo Plantão de Domingo, na Rádio Jovem Pan. “Eu gostaria de estar lá assim como todos os treinadores brasileiros gostariam. Mas eu disputei três Copas do Mundo, ganhei uma, fui vice em outra, estive na Copa de 2010… Poucos treinadores, talvez até melhores e mais preparados do que eu, tiveram essa oportunidade e eu tive. Então, só tenho de agradecer ao futebol e torcer pelo Brasil”.

Dunga não se considera um injustiçado. Mas ressalta que assumiu a Seleção em um momento em que, de acordo com ele, “ninguém queria”. “Quando eu cheguei à Seleção, a Seleção tinha levado um 7 a 1 e ninguém queria a Seleção. Aí, a gente passou por um período bom e depois é normal (ter uma queda), né?”.

“(A demissão) não é questão de justiça ou não. O futebol é assim, e você tem de assimilar e dar continuidade. Só que nós não levamos o Neymar à Copa América para preservar para as Olimpíadas, nunca pensamos na nossa pessoa, eu e o Gilmar (Rinaldi, ex-coordenador da CBF)… Nós pensamos apenas na Seleção Brasileira, e fizemos o que achávamos que tinha de ter sido feito.”

Questionado sobre se havia pagado um preço muito alto pelos recentes insucessos da Seleção – tanto na Copa de 2010 quanto na primeira metade da preparação para o Mundial de 2018 –, Dunga foi enfático: “acho que não é pagar conta. O problema do Brasil é que a gente acha sempre um culpado. ‘É esse e resolvemos!’. O problema do Brasil era o Lula. Aí tiramos o Lula, e não era ele (o problema). É toda uma história política! No futebol, a mesma coisa. Quando se ganha, está bom… Quando se perde, tem pressão. O Telê passou por isso, o Zagallo, o Parreira, todos que estiveram na Seleção passaram. Tem que estar preparado.”

O trabalho de Tite, segundo Dunga, agrada. “(O nível da Seleção de Tite) é bom. Ele pegou e conseguiu ótimos resultados. Tem que dar méritos ao Tite. O Brasil está preparado. É torcer para que os jogadores cheguem à Copa do Mundo nas melhores condições físicas. Eu, agora, sou um torcedor.”

A entrevista exclusiva de Dunga ao repórter Marcio Spimpolo vai ao ar, na íntegra, no próximo Plantão de Domingo, na Rádio Jovem Pan. Fique ligado!

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