Copa do Mundo de Natação cancela categoria aberta para transgêneros por falta de inscrições

Criação da modalidade ocorreu após proibição de participação de ‘competidoras trans que passaram pela puberdade masculina’ em disputas mundiais; segundo entidade, esses atletas têm vantagens físicas

  • Por Jovem Pan
  • 03/10/2023 17h25
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ANDRÉ LESSA/ESTADÃO CONTEÚDO/AE Natação - piscina Debate sobre atletas trans na natação esquentou em março de 2022, quando Lia Thomas foi campeã dos 500 metros livres da liga universitária americana

A categoria aberta para transgêneros que teria sua estreia na Copa do Mundo de Natação, em Berlim, no próximo final de semana, foi cancelada pela World Aquatics, a federação internacional de natação. Em comunicado divulgado nesta terça-feira, 3, a entidade informou que o período de registros para participação nas novas provas foi encerrado sem nenhum inscrito. “Após o encerramento das inscrições para as competições da categoria aberta na Copa do Mundo, a World Aquatics pode confirmar que nenhuma inscrição foi recebida para os eventos da categoria aberta”, diz o texto. “O Grupo de Trabalho da Categoria Aberta continuará seu trabalho e envolvimento com a comunidade aquática em eventos da Categoria Aberta. Mesmo que não haja demanda atual no nível de elite, o grupo de trabalho está planejando considerar a possibilidade de incluir provas da Categoria Aberta em eventos Masters no futuro”, conclui.

A criação da nova categoria foi anunciada no início de agosto deste ano, sem maiores detalhes. Duas semanas depois, a federação voltou a se manifestar e comunicou que a novidade seria introduzida de “forma piloto” na Copa do Mundo de Berlim, com a disputa de provas de 50 metros e 100 metros, em todos os estilos de braçada. A movimentação ocorreu após a publicação da Política Mundial de Esportes Aquáticos sobre Elegibilidade para as Categorias de Competição Masculina e Feminina, texto que proíbe a participação de “competidoras transgênero que passaram pela puberdade masculina” em competições válidas para o ranking mundial feminino. A avaliação é que passar pela puberdade masculina proporciona vantagens físicas a essas atletas. É raro, contudo, que uma pessoa trans consiga fazer a transição na pré-adolescência, até em razão dos limites de idade estabelecidos em cada país para os procedimentos. A idade mínima para transição recomendada pela Associação Mundial para Saúde de Transgêneros é de 14 anos.

O debate sobre atletas trans na natação esquentou em março de 2022, quando Lia Thomas foi campeã dos 500 metros livres da liga universitária americana. Ela vem se destacando no circuito desde 2021 com resultados surpreendentes, o fato deu início a questionamentos.

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