Criador lamenta mudança do Bom Senso e relata “perseguição” a Paulo André

  • Por Jovem Pan
  • 13/07/2016 17h13
Instagram/Reprodução Paulo André pede democracia na CBF via instagram

Criado em 2013 para confrontar a CBF e buscar melhorias ao futebol brasileiro, o Bom Senso F.C. não existe mais – pelo menos da maneira como foi concebido. No último sábado, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o diretor executivo do grupo, Enrico Ambrogini, confirmou a mudança do movimento, que, a partir de agora, não contará mais com jogadores. A expectativa é de que o projeto mude de nome e passe a ser executado de maneira mais reservada, com menos representatividade prática e ação exclusiva de Ambrogini e Ricardo Borges, também diretor executivo do grupo. 

Um dos criadores do Bom Senso, o advogado João Henrique Chiminazzo conversou com exclusividade com Bruno Prado, da Rádio Jovem Pan, e tentou explicar por que o movimento não foi para frente – a entrevista vai ao ar, na íntegra, no próximo Plantão de Domingo 

Chiminazzo contou que o Bom Senso foi perdendo força gradativamente – muito por causa do sistema em que o futebol brasileiro está inseridoPara ele, “a perseguição e fuzilamento” ao zagueiro Paulo André, um dos líderes do grupo, comprovam que o movimento não era compatível com a estrutura do esporte mais popular do País. 

“Eu fui um dos criadores do movimento, em 2013… A criação do grupo foi um grande feito que conseguimos em prol do futebol brasileiro. Mas, infelizmente, por diversos motivos, o movimento acabou perdendo força. Até por perseguição a alguns jogadores…“, lamentou o advogado. 

O Paulo André, por exemplo, foi praticamente fuzilado pela CBF e pelo sistema como um todo“, acrescentou Chiminazzo, que viu o defensor deixar o Corinthians no auge do movimento, em 2014. Ele se transferiu para o futebol chinês, voltou ao Brasil sem grandes alardes e, hoje, atua sem destaque pelo Atlético-PR. 

O Bom Senso deixou algum legado? 

A pergunta acima provoca divergências. Mas, para João Henrique Chiminazzo, tem uma resposta bastante clara. “Diferentemente do que a maioria das pessoas pensa, eu avalio que o movimento deu, sim, resultados. Tanto que os atletas conseguiram a pré-temporada, o direito às férias, votação do Profut… A mudança começou a surgir. O problema é que o sistema trabalha contra“, afirmou.

O advogado ainda destacou a falta de preparo e educação dos jogadores brasileiros como entrave para o sucesso do Bom Senso. De acordo com Chiminazzo, os próprios atletas não se interessaram em fazer reivindicações concretas durante o momento em que o movimento parecia ter força.

O jogador de futebol brasileiro é, na sua grande maioria, alienado. Ele é muito despreocupado com questões de fora da sua atividade… Esse é um dos grandes problemas do nosso futebol hoje em diaParte disto se deve, infelizmente, à classe social a que grande parte dos jogadores pertence…“, disse.

Eles acabam não tendo estudo, preparação e ficam sem entender o que acontece ao seu redor. Se os atletas passassem a entender a sua força e representatividade dentro da sociedade, certamente teriam muito mais sucesso nas suas reivindicações“, complementou.

Quando criado, em 2013, o Bom Senso propôs a discussão de cinco pontos básicos com a CBF: calendário do futebol nacional, férias dos atletas, período adequado de pré-temporada, fair-play financeiro e participação nos conselhos técnicos das entidades que regem o futebol nacional.

O movimento colheu mais de 300 assinaturas entre atletas dos principais clubes brasileiros, mas, três anos depois, perdeu força e teve de se reiventar.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.