Daniel Carvalho recusa elite para não “roubar”: “hoje, rendo mais na Série B”

  • Por Jovem Pan
  • 27/07/2016 16h47
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Daniel Carvalho está em fim de carreira e não quer sair do Goiás

Rosiron Rodrigues/GEC/Divulgação Daniel Carvalho está em fim de carreira e não quer sair do Goiás

Daniel Carvalho já teve status de estrela no futebol brasileiro. Só nos anos 2000, surgiu como grande promessa do Internacional, foi vice-artilheiro e eleito para o time ideal de um Mundial Sub-20, virou ídolo do CSKA Moscou após título de Copa da Uefa e fez o primeiro gol da “Era Dunga” na Seleção Brasileira. Hoje, contudo, o meio-campista vive um momento um tanto quanto diferente: aos 33 anos, está em fim de carreira, luta pela titularidade do Goiás e não tem mais a pretensão de jogar na elite do futebol pentacampeão mundial. 

Em entrevista exclusiva a Zeca Cardoso para o Plantão de Domingo, da Rádio Jovem Pan, Daniel Carvalho esbanjou sinceridade e revelou: nos últimos meses, recusou propostas de clubes da Série A por considerar que, atualmente, não possui mais nível para atuar na primeira divisão brasileira. Feliz por nunca ter “roubado” nenhum clube na vida (expressão usada com jogadores que recebem altos salários, mas não correspondem dentro de campo), o meia garante que não se vê mais jogando no principal campeonato do País. 

“Eu não tenho tanta vontade de começar do zero em outro clubeMeu objetivo é fazer um bom trabalho aqui no Goiás e, se possível, permanecer em 2017. Se não acontecer, vou colocar a cabeça no lugar e ver se tenho a disposição de recomeçar em outra equipe. Se não tiver, aí paro e me aposento. Já vou estar com 34 anos. Recebi algumas propostas de clubes da Série A recentemente, mas, por opção minha, decidi ficar na Série B. Eu acho que, hoje, posso render e contribuir mais na Série B do que na Série A“, afirmou. 

Se atualmente já cogita a aposentadoria, há cerca de três anos Daniel Carvalho chegou a abandonar o futebol temporariamente. Depois de ser rebaixado pelo Palmeiras e entrar em campo 16 vezes com a camisa do Criciúma, o jogador sucumbiu ao cansaço mental e resolveu dar um tempo na carreira. Daniel se afastou dos gramados por uma temporada e meia (período no qual se dedicou ao futsal) e só voltou a jogar profissionalmente no início de 2015, quando foi anunciado por Antônio Lopes e ajudou Botafogo a retornar à Série A do Campeonato Brasileiro. 

“Às vezes, as pessoas acham que a vida de jogador é fácil. Mas eu saí de casa aos 13 anos para integrar a base do Internacional. Depois, joguei praticamente duas décadas seguidas até dar um tempo, aos 30 anos. Querendo ou não, tive bastante responsabilidade desde muito cedo… A vida de jogador é muito desgastante. Naquele momento, eu realmente estava muito cansado. Eram 17 anos de muita responsabilidade, e achei que estava na hora de dar uma parada, contou.

E Daniel Carvalho não se arrepende da pausa que deu à carreira. Afinal, de acordo com o jogador, o sucesso que ele teve no Botafogo depois de retornar ao futebol aconteceu graças a este período sabático. “Foi a melhor coisa que eu fiz. Voltei depois de um ano e meio e atuando bem. Recuperei o prazer de treinar e jogar. A parada foi muito boa para a minha cabeça. Se eu não tivesse dado essa descansada, talvez já estivesse aposentado“, apostou. 

O meio-campista ainda não conseguiu ter grande sequência no Goiás, clube pelo qual joga atualmente. Uma lesão o tirou de mais de dez rodadas da Série B, e ele só conseguiu entrar em campo quatro vezes na competição nacional até o momento. Para piorar, o time esmeraldino, que começou o campeonato como favorito ao acesso, ocupa apenas a 16ª posição, a dois pontos da zona de rebaixamento à terceira divisão. 

Ninguém imaginaria que o Goiás estaria nesta situação, até porque o clube paga os salários em dia e tem uma grande estrutura, que até me surpreendeu... É uma pena, mas ainda confiamos que podemos melhorar e fazer um segundo turno brilhante para, quem sabe, lutar pelo acesso“, decretou.

“Trocaria o título da Copa do Brasil com o Palmeiras pela permanência na Série A” 

A última vez em que Daniel Carvalho entrou em campo para disputar uma partida da primeira divisão nacional foi em 2012. Ele estava no Palmeiras, clube no qual viveu uma situação um tanto quanto incomum: no mesmo ano, foi campeão da Copa do Brasil e rebaixado à Série B do Campeonato Brasileiro. Hoje, ele não tem dúvidas de que abriria mão do título pela permanência na elite. 

“Foi um sentimento muito estranho. Eu fui ao céu e, logo em seguida, ao inferno. Foi bastante complicado. Passamos por um período de felicidade pela conquista da Copa do Brasil, mas depois veio aquele sentimento de decepção e tristeza pelo rebaixamento. Se pudesse escolher, eu não ganharia a Copa do Brasil e permaneceria na Série A”, garantiu, antes de explicar por que não rendeu o esperado no clube alviverde – o jogador foi tão mal, que, por causa do porte físico, ganhou o apelido de “barril”. 

“Eu já cheguei ao Palmeiras no meu limite psicológico. Tanto que  joguei mais um ano com o Criciúma e, logo depois, parei, larguei o futebol… Não estava mais aguentando. Eu não culpo o Palmeiras por nada. Muito pelo contrário, só agradeço pela oportunidade que tive de jogar lá. Se eu não fiz história no Palmeiras, foi por problema meu. O clube me ofereceu todas as condições, mas eu estava no meu limite, já não aguentava mais a vida do futebol“, encerrou, hoje mais ciente do que deseja para os seus últimos anos de carreira.

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